30 janeiro 2006

Fomos à Batalha!

... e foi mesmo uma “batalha” para conseguir ir a este passeio! Combinar com os amigos foi difícil, desmarcar e adiar outros assuntos e por fim, na 6.ª à noite lá ficou pronta a moto! À noite mesmo, porque quando cheguei à Motodinâmica para a ir buscar, a Scarlet olhou para mim e recusou-se a trabalhar... e só a paciência do Sr. Vítor para desmontar tudo e obriga-la a pegar... quase hora e meia depois... Lá fui para casa com a carteira mais leve; é que as quedas pagam-se bem e em todos os sentidos...

Sábado de manhã estava um dia esplêndido (frio mas esplêndido). Sem grandes atrasos, encontrei-me com os restantes companheiros de viagem em Valadares. Como o lugar não era propriamente fotogénico (bomba de gasolina), a primeira fotografia só surgiu à entrada da A1 em Estarreja.
Seguimos viagem e logo fui surpreendido pelo ritmo imposto por alguns dos motards presentes. Não sei se inspirados por uma 5.ª fundo que “estiquei” na A29, só porque queria limpar o óleo ainda acumulado nas câmaras de combustão devido ao tombo da semana anterior... porque eu nem gosto de andar depressa... se pelo ritmo sempre motivado da Texe, ou pelo “cantar” delicioso da fantástica Trident (naked da Triumph anterior à Speed Triple, de 92) em verde inglês, do Leonardo. A propósito do Leonardo, este nosso amigo desenvolveu uma técnica de condução bastante invulgar... pés fora dos patins e pernas esticadas ao vento! Complementarmente, levanta a roda da frente em qualquer aceleração de 1.ª e 2.ª! O tri-cilíndrico Triumph é assim!
Paramos na área de serviço de Pombal para abastecer as máquinas mais gulosas. Eu não precisava de abastecer, mas estava disposto a implorar por uma casa de banho... parece que bebi água a mais de manhã! Ainda telefonamos ao Ruben (Nietzsche), para dizer que estávamos atrasados, mas já estávamos perto.
Seguimos viagem e depois de desviarmos para a A8 a “Crazy Naked Band” voltou a atacar... enquanto eu o Filipe (Tasnafila), com a Célia como companhia, circulávamos calmamente, os nossos amigos (Texe, Tiago, Nelson e Leonardo) quase que se acotovelavam lá à frente.


Já em Alcobaça, o Ruben recebeu-nos numa esplanada solarenga e ali permanecemos até à hora de almoço. Oportunidade para conhecermos algumas pessoas do fórum, das quais só vemos o nick e o avatar usualmente. Tempo ainda para histórias e conversas, sempre com o seu quê de cómico. Entretanto, tínhamos a Texe feliz da vida, porque tinha atingido a sua maior velocidade de sempre: mais de 220 kms/h, na sua corneta! Isto é, Hornet!

O almoço foi excelente, num restaurante típico, com muita gente numa excelente organização do Ruben. Tive oportunidade de conhecer mais participantes do fórum (alguns internacionais – Argentina e Espanha sejam bem vindas), e ainda, o Admin e o Conselho de Moderadores. No breve contacto que tive com estes últimos, sinceramente fiquei com boa impressão de todos... o que prova que não devemos interpretar literalmente o que por vezes está escrito... aproveito para saudar esta equipa e a forma como têm conduzido o fórum (mesmo que por vezes eu tenha apresentado críticas, que espero terem sido recebidas como construtivas).
Depois do almoço, seguimos bem confortáveis para a Expobatalha e nem as poucas gotas de chuva nos incomodaram.

Entre as duas Ducati, quase não me apercebia da cinzenta, tal é o poder de atracção do vermelho...

A verdadeira exposição começa cá fora... muitas, muitas motos!

Já na exposição, encontramos imediatamente uma figura conhecida... mesmo muito conhecida! E que como é hábito do Nuno, recebeu-nos da forma calorosa que tanto o caracteriza (Grande Satan)! Gostei também de ver o Vítor Sousa com quem me cruzei por breves momentos, mas os suficientes para nos rir-mos uma vez mais com o episódio do meu lenço a caminho da Santa Luzia!

O SataN também cá estava... mas em trabalho!

Na exposição encontrei ainda o Pedro e o Aníbal, com quem tinha combinado também este passeio. Como não puderam vir de manhã, juntaram-se a nós para o regresso.

Uma exposição cheia de "bombas" (ainda que azuis neste caso)... sempre gostei de motos vermelhas com plásticos!

Este ano a Expobatalha estava mais pequena; em falta os stands da Kawasaki, H.D. e Buell, Aprilia e Moto Guzzi, Cagiva... assim que me lembre rapidamente... mas na generalidade, todos os stands eram mais acanhados (especialmente o da Yamaha!), face ao ano anterior. Na FIL tudo será diferente, mas é lamentável que tudo caia no centralismo da capital (se tal acontecesse no Porto, a minha observação seria a mesma).

Honda Monkey, a 1.ª moto que guiei (com 6 anos)... aqui com depósito cromado e pneu vazio. Ainda hei-de ter uma destas!

Uma Solex... não é bem uma moto... uma bicicleta com um motor em cima da roda dianteira, a roda da tracção. Foi a 2.ª moto que guiei (com 8 anos).

Duas magnificas Vespas. Tive uma (mais recente que estas) entre os16 e os 21 anos e não foi uma experiência que deixasse saudades... mas bem gostava de ter uma destas (como decoração lá em casa!).

Esta BMW recorda os primordios da marca no motociclismo; este exemplar é anterior à RC30, a primeira BMW que utilizou o inédito motor boxer e veio de transmissão.


Limitei a escolha das fotografias aos modelos que ainda não tinha visto ao vivo, excepção feita às motos retro da Triumph (das quais só não conhecia a Scramble) que são as minhas favoritas de momento, e aos modelos clássicos que estavam expostos. A título excepcional também, a fotografia no Tiago com uma Hayabusa, a minha favorita das Sport Touring (embora esta classificação não seja consensual).

A Scramble, uma séria candidata à minha próxima moto. Emblemática!

A Truxton, puro heritage!

A Bonneville, uma moto surpreendentemente agrádável de guiar e com um estilo marcante.

A nova Daytona 675. Deve ser fantástica de conduzir, mas dispensavam-se tantas semelhanças à CBR 600 RR. Que tal Tiago?!

A Paul Smart, a minha Ducati favorita de momento. Mística não lhe falta...

Mas dava-me por feliz com esta Sport... viva o revivalismo!

O Tiago a sonhar em cima da Hayabusa. O volume frontal esconde uma agilidade notável. Este "falcão" é inesgotável na capacidade de nos surpreender e esboçar sorrisos!

Tempo ainda para passarmos pelo "campo dos sonhos"... a MV Agusta é um objecto de culto, especialmente o modelo F4-Senna.

Hora de regressar a casa; há que vestir todo o equipamento impermeável, porque lá fora chovia a sério e até ao Porto não era de esperar outra companhia. Bem fizeram o Tiago e o Leonardo em comprar impermeáveis, caso contrário tinham absorvido uns bons kg de água!

O Leonardo e a sua Trident ao lado da Scarlet.

O Nelson na sua "bandida".

Paragens nas áreas de serviço de Pombal (para reabastecer) e Antuã (para a despedida). O pessoal mantinha-se muito animado apesar da chuva. A viagem foi feita a velocidade moderada, mas chegados à A29, a Crazy Naked Band voltou a atacar forte! Com menos chuva, os velocímetros rondaram os 180 kms/h. Fui acompanhando aquele ritmo frenético, arriscando menos nas curvas e compensando nas rectas (a minha relação com a Scarlet ainda não está totalmente estabilizada e aquele Bridgestone 020 não vai com a minha cara definitivamente... até porque está a ficar muito deformado). Mantive-me sempre a 100 metros do último, até que já na zona de Arcozelo vejo ao longe um motard parado na berma. Resolvi abrandar para ver se este precisava de ajuda. No momento em que tiro acelerador (ainda na faixa esquerda), um verdadeiro (e passo a citar tudo o que me ocorreu no momento) filho da #$%&, cabrão, azeiteiro, molusco paneleirote, broc#$%&@ de cavalos, de um imbecil enlatado, ultrapassa-me pela esquerda, passado à tangente entre mim e os rails... fiquei verde de raiva, mas não fui atrás dele. Abrandei, e quando estava a aproximar-me, o motard fez-me sinal para eu seguir, agradecendo e dizendo que estava tudo bem. Retomei a aceleração, mas nunca mais avistei a Crazy Naked Band...

Cheguei a casa encharcado, gelado mas sem me ter apercebido disso, tal era a satisfação pelo dia passado. Só não gostei do resultado do Benfica... que grande lição levou do Sporting (parabéns aos Leões).
Tomei um banho bem quente, saí para jantar e quando regressei, fiquei a ver “Os 25 anos da Febre de Sábado de Manhã” na televisão, acompanhado de umas castanhas assadas e de um bom vinho tinto. Por momentos relembrei todas aquelas músicas, a rebeldia do desabrochar do Rock Português e o aparecimento do Rock Futurista no panorama internacional. Estávamos nos anos 80 e já lá vão 25 anos... mais do que envelhecer, assim vale a pena VIVER!

E foi assim que escrevi este longo texto...

Sérgio

P.S.: peço desculpa aos meus companheiros de viagem Texe, Célia, Filipe, Pedro e Anibal por não ter aqui colocado as fotografias que vos tirei. Utilizei uma máquina "nova" e perdi algumas fotografias (nabices!). Compenso-vos da próxima!

27 janeiro 2006

Conflitos de um Velho Índio.


“Uma vez, um ancião índio descreveu os seus conflitos internos desta maneira:

- Dentro de mim existem dois cães. Um deles é cruel e mau. O outro é muito meigo e dócil. E eles estão sempre a lutar...

Como terminou esta frase um tanto abruptamente, de imediato um dos índios mais jovens questionou o ancião:

- E qual dos dois ganha as lutas?

Ao que o índio ansião respondeu:

-...aquele que eu alimentar...”


É sempre mais fácil alimentar o cão mau... com menos esforço ele consegue derrotar o bom.

O Bem nunca esteve do lado das coisas fáceis... mas quem gosta de coisas fáceis?!

Sérgio

26 janeiro 2006

Encandescente e Irreverente...

A minha empatia pela escrita "Encandescente" já não é novidade. Hoje voltei a ser surpreendido e a rir-me muito com "Os Dez Mandamentos Revistos e Actualizados".

Não percam este texto cruel:

http://eroticidades.blogspot.com/2006/01/os-dez-mandamentos-revistos-e.html

Sérgio

Maineland.

...é o nome de um fotoblog que diáriamente visito. Entre fotografias de sonho com o mar como personagem principal, lêem-se textos sobre a vida e as suas controvérsias (alguns bem interessantes).

Consultem e comentem:

http://www.fotolog.com/maineland/

Sérgio

25 janeiro 2006

Coçar Onde É Preciso!

Na passada sexta-feira assisti à mais recente peça de José Pedro Gomes. Não há melhor terapia depois de um dia de trabalho, do que rir... especialmente durante duas horas!

Duas horas é a duração da peça... mas como quantidade não é sinónimo de qualidade, convém acrescer que nessas duas horas dei sonoras gargalhadas, quase de 30 em 30 segundos.

É realmente incrível o valor deste homem e comediante. A peça começou com uma interacção com o público e uma oportuna “chazada” aos que chegaram atrasados. No decorrer da mesma, o actor fala e goza com os hábitos e defeitos dos Portugueses, o que só por si é uma garantia de boas gargalhadas! Não há nada melhor do que rirmo-nos de nós mesmos (digo eu...)! São analisadas e devidamente comentadas muitas outras realidades: os correios de Portugal, o tempo que se perde para renovar o passaporte mesmo na Loja do Cidadão, as férias “obrigatórias” em Agosto, os hábitos e destinos de férias, diferenças de Portugal com o resto do mundo (até nas sanitas!), os políticos, o actual governo, a “javardice” democrata, a sinalização das estradas, as supostas aberturas fáceis dos pacotes de leite, os “jeitosos”, os “chicos-espertos”, o país do “desculpa lá”... e até Monalisa não foge à analise comediante, por vezes com uma ponta de ironia e sarcasmo.

José Pedro Gomes estreia-se assim “sozinho” em palco, depois de em Março de 2005 ter sentido fortes dores de cabeça durante um espectáculo (Laranja Azul) e lhe ter sido diagnosticado um aneurisma cerebral. Melhor que nunca, este pequeno grande actor, revê-se no humor que faz e brinca com o facto de estar a ficar velho... será que está?! Permitam-me a analogia: o bom vinho amadurece e torna-se mais requintado com a idade; o outro, azeda...

Sérgio

24 janeiro 2006

O Fiel Jardineiro

Actualmente vou muito pouco ao cinema; consequência de ter de estudar... mas é de facto algo que muito aprecio. O ecrã grande fascina-me!
Na passada semana foi ver um filme que muito me agradou. Um filme diferente... violento, pesado... um drama que nos reduz à insignificância.

Em termos técnicos, destaque para o realizador Fernando Meireles e para as interpretações de Ralph Fiennes, Rachel Weisz e John Sibi-Okumu (diria mesmo, excepcionais!). O filme tem uma fotografia soberba e as imagens do Quénia são capazes de encantar qualquer um... mas há outras imagens excelentes! Deixo-vos um link do filme, porque não sou um especialista na matéria:

http://us.imdb.com/title/tt0387131/

“O Fiel Jardineiro” é um drama, que como quase em tudo na vida, se centra numa história de amor. A acção desenrola-se no Quénia e baseia-se no poder actual da industria farmacêutica, aliada aos lobbies da alta diplomacia em vários países. O cerne da questão está no valor da vida humana. Quanto vale a vida humana? Quantos milhões de dólares podem ser poupados, utilizando humanos como cobaias? Há vidas desprezáveis? Porquê? Porque não têm dinheiro? Porque vivem miseravelmente? Porque habitam países pobres e sobrepovoados, com taxas de natalidade elevadas? A quantidade de dinheiro que se possui e o lugar onde se nasceu são factores que podem tornar alguém mais ou menos valioso e importante (ou desprezável), que outro?
Neste filme vemos populações numerosas sem os cuidados mínimos de saúde, enquanto a elite se apodera dos fundos destinados aos cuidados de saúde desses povos para enriquecer, luxúriar e se excêntrizar. Pior ainda, vemos que os poucos cuidados de saúde que essa população recebe, são pagos a um preço bem alto, ainda que inconscientemente... não com um valor monetário, mas pondo a sua saúde em risco pelos efeitos secundários desconhecidos dos novos medicamentos não testados. Aliás, “em teste” nessas populações, quer estejam doentes ou não! E é claro, com o pormenor macabro da ignorância de quem os ingere...
No meio de toda esta insanidade, quem se tentar opor, paga com a sua vida... e com uma morte especialmente dolorosa...

O filme não termina bem, mas deixa-nos uma lição de valor, de consciência, de dignidade: se convivermos com esta injustiça sem nada fazer, mais vale não viver... ou então assumimos a nossa hipocrisia num comportamento indiferente e aplaudimos diariamente as acções dos poderosos, cada vez mais poderosos e impunes, tornando os indefesos cada vez mais insignificantes. Devemos ainda “rezar” para que um dia, na falta de mais cobaias insignificantes, não nos calhe a nós a vez...
Ficção ou não, alguma ponta de realidade inspiradora?! Tudo acontecia no Quénia... longe de nós, portugueses, europeus! Será que um dia poderemos ser nós as cobaias? Os mais fracos? No fundo, os desprezáveis...

Sérgio

23 janeiro 2006

Há Dias Assim...


Há dias assim... já diziam os Rádio Macau (em Split, 1986).
Quando nos levantamos de manhã, mais valia à tarde, não sairmos à noite... Ontem foi um desses dias...

Levantei-me de manhã cedo, fui votar e segui para um passeio de moto com uns amigos. Destino: Ponte da Barca e Barragem do Lindoso. Tudo corria bem, a A3 sem trânsito deu para esticar um bocadito as máquinas, as estradas nacionais estavam também sem trânsito, o que permitia uma condução descontraída e a observação da paisagem, sempre fantástica por aqueles lados.

(A nova decoração, ainda que temporária, da Scarlet.)

Tudo corria bem, até que depois de ter passado por mais uma curva cheia de geada (e sabe-se lá que mais...) caí sem saber como nem porquê. Fizemos mais de 50 curvas molhadas (algumas com gelo nas bermas), sempre com cuidado, quase parados e fui cair depois de já ter terminado mais uma... é que não lembra ao diabo!
Possivelmente terei acelerado enquanto olhava pelo retrovisor para ver se os meus 3 amigos já tinha passado a zona crítica da curva - o que explica a viragem rápida da moto (meio pião) - e sem ter visto que continuava em cima de uma zona escorregadia... azelhice! Resultado, uns arranhões na carenagem inferior esquerda, a manete da embraiagem meia empenada, e pior de tudo, o selector de velocidades partido! Neste contexto estava impedido de prosseguir... é nestas alturas que ninguém imagina o quanto vale um telefone móvel e a assistência em viagem. Em apenas meia hora, o reboque estava a carregar a “Scarlet”, apesar de eu me encontrar em frente à Central Eléctrica do Lindoso, ou seja, quase em Espanha.

(Uma curva fácil, ainda que escorregadia e muita azelhice)

Nestas alturas o valor dos amigos é ainda mais inestimável. Os meus companheiros de viagem, Francisco, Tocas e Zé Alexandre, imediatamente chegaram até mim e enquanto eu só praguejava, levantaram a moto e acalmaram-me. Para dizer a verdade, estava num estado de fúria capaz de matar alguém só por ter caído de forma tão imbecil!
Entre o azar e a sorte, não tive nem um arranhão ou mazela. Também aqui, quanto vale andar bem equipado...

A caminho do Porto dentro do reboque, conheci o Sr. Fernando Pereira. Homem muito simpático e educado de 40 e poucos anos, também ele motard de muitos quilómetros, várias motos e três idas a Faro no CV. Um homem para o qual a vida não tem sido fácil, mas cujo optimismo vence tudo. Estava quase sem dormir porque acumula dois empregos ao fim-de-semana(!). Foi acordado por minha causa e ficou privado do almoço que a esposa lhe estava a preparar... mas nem por isso perdeu o bom humor! Explicou-me que o problema daquelas estradas não é a geada, mas sim o óleo e gasóleo, cujas manchas só nos apercebemos quando a estrada está seca. Pelos vistos é uma estrada muito frequentada por camiões...

(O Sr. Fernando Pereira ao volante do reboque.)

A conversa até ao Porto foi agradável e em Gulpilhares o Sr. Vítor da Motodinâmica recebeu-me em pleno Domingo à tarde, ficando a “Scarlet” abrigada na oficina (ao Sr. Vítor também o meu especial agradecimento). Depois o Sr. Fernando Pereira deixou-me em casa e prosseguiu viagem, ficando o convite para um passeio pela zona de Ponte da Barca. Mas mais para a Primavera, agradeci-lhe eu...

(Chegada à Motodinâmica.)

Estávamos a meia da tarde; resolvi ir até à praia almoçar e acalmar os ânimos... o mar sempre ajuda. Passado um bocado ligou-me o meu pai, que passou por casa, não viu o carro nem a moto e estranhou... lá tive de explicar o infortúnio e ouvir o quanto é perigoso andar de moto e que devia “...era vender aquela porcaria!”.

Mas ainda estávamos a meio do dia... Às 19h tive um jogo de futebol e ontem era dia de defrontar a melhor equipa do torneio (não fossem as outras já suficientemente boas e profissionais para o amadorismo dos “Líquidos Inflamáveis”). Entre jogadas de laboratório (que nós não temos), excelente jogadores e em boa forma física (que nós só temos 2, e eu não sou faço parte desse duo maravilha) e bom entrosamento dentro da equipa (que nós não temos), perdemos 21-1! Record até ao momento... Pelo menos não levamos nenhum amarelo, o que nos permite continuar a sonhar com a Taça do Fair Play!

Fui para casa naturalmente pouco animado, altura em que verifiquei que dificilmente “Acabado Silva” não ganharia à 1.ª volta... apesar do bom resultado de Manuel Alegre, neste cenário a causa estava perdida e só poderá mudar se nos ciclos eleitorais dos emigrantes, “quase todos” votarem nos outros candidatos que não o Prof. Cavaco Silva. O discurso de “José Trocaste” é mais uma vez controverso... mas a sua consciência deve estar bem pesada, porque caso não tivesse havido divisão interna no partido e com um só candidato PS, tudo poderia ter sido diferente. O PS sai descredibilizado por este facto, assim como o Dr. Mário Soares, que não merecia chegar a esta altura da vida e ser tão humilhado.

Enfim... Há dias assim...

Sérgio

20 janeiro 2006

Para Domingo...

"Duas coisas indicam fraqueza:

Falar quando é preciso calar-se, e
calar-se quando é preciso falar.

(Provérbio Persa)

Esperamos que o futuro nos traga um mundo mais fraterno e solidário, e que as Mulheres e os Homens de Boa Vontade não tenham a fraqueza de se calarem...

Na Rota dos Povos"

Este é um excerto do postal de Boas Festas da Rota dos Povos de 2004. Pareceu-me adequado para o momento de eleições que se avizinha.
Independentemente do candidato a PR conscientemente escolhido por cada um, fica aqui um apelo ao voto... mesmo ao voto em branco...

Sérgio

19 janeiro 2006

Prevenção Rodoviária Vs. Cáça à Multa

Em altura de eleições, não tenho ouvido os candidatos a PR a pronunciarem-se sobre a forma muito pouco digna como o governo utiliza as verbas destinadas à prevenção rodoviária, adquirindo equipamentos para aumentar a receita fiscal.
Para os interessados, fica aqui um link para um excelente post sobre o assunto:

http://ex-sitacoes.blogspot.com/2006/01/caa-multa.html#links

Sérgio

Força Maior

A Encandescente volta a surpreender... muitas vezes sinto esta sensação, que para mim é de felicidade; mas o verdadeiro mérito esta na forma como expressamos, sintetizamos e... passamos ao "papel".


Sérgio

18 janeiro 2006

Coragem

Ser corajoso não é não sentir medo... mas antes ultrapassar esse sentimento próprio em prol de algo colectivo.

Por sua vez, ser corajoso é também diferente de ser destemido: situação em que se ultrapassa o medo em prol outro sentimento pessoal.

Os mais audazes podem viver menos, dada a forma como se expõem ao risco, mas seguramente os mais retraídos (e os cobardes) nunca viveram nada plenamente...

Medos? tenho muitos... Coragem? Apenas a suficiente para lentamente superar os medos...
A vida vive-se a cores!

Sérgio
P.S.: Acho que este texto não é inteiramente meu... mas saiu-me assim!

17 janeiro 2006

Sexta–feira 13... SORTE ou AZAR?!


Na passada sexta-feira fomos brindados pelo calendário de 2006, com um dia 13. Independentemente dos receios ou optimismos para os mesmos, aqui ficam as justificações para o mito... resta saber agora se o comportamento de cada um tem razão de ser!
Obrigado à Rosa pelo envio deste texto bastante elucidativo e de forma oportuna (bem cedinho pela manhã!). Para o futuro, boas sextas-feiras 13 para todos!

Sérgio

"Superstição" vem do latim superstitio, que significa "o excesso", ou também "o que resta e sobrevive de épocas passadas". Em qualquer acepção, designa "o que é alheio à actualidade, o que é velho". Transposto para a linguagem religiosa dos romanos, o vocábulo "superstitio" veio a designar a observância de cultos arcaicos, populares, não mais condizentes com as normas da religião oficial.
O número 13 é tido, ora como sinal de infortúnio, ora de bom agouro.

O número 13
Símbolo de desgraça, já que 13 eram os convivas da última ceia de Cristo, e dentre eles, Jesus que morreu numa sexta-feira, que foi consequentemente ligada ao horror que o número 13 provocava nas gerações cristãs. Por isso, muitas pessoas evitam viajar nas sextas-feiras 13; a numeração dos camarotes de teatro omite, por vezes, o 13; em alguns hotéis não há o quarto número 13 - este é substituído pelo 12-a. Muitos prédios saltam do 12º para o 14º andar temendo que o 13º traga azar. Há pessoas que pensam que participar num jantar com 13 pessoas traz má sorte, porque uma delas morrerá no período de um ano. A sexta-feira 13 é considerada como um dia de azar e tem-se muito cuidado quanto a actividades previstas para este dia.
Como se vê, a crença na má sorte do número 13 parece ter tido sua origem na Sagrada Escritura. Esse testemunho, porém, é tão arbitrariamente entendido que o mesmo algarismo, em vastas regiões do planeta - até em países cristãos - é estimado como símbolo de boa sorte.
O argumento dos optimistas baseia-se no facto de que o 13 é um número afim ao 4 (1 + 3 = 4), sendo este símbolo de próspera sorte. Assim, na Índia o 13 é um número religioso muito apreciado; os pagodes hindus apresentam normalmente 13 estátuas do Buda. Na China, não raro são os dísticos místicos dos templos encabeçados pelo número 13. Também os mexicanos primitivos consideravam o número 13 como algo santo; adoravam, por exemplo, 13 cabras sagradas. Reportando-nos agora à civilização cristã, lembramos que nos Estados Unidos o número 13 goza de estima, pois 13 eram os Estados que inicialmente constituíam a Federação norte-americana. Além disso, a designação latina da Federação "E pluribus unum" (de muitos se faz um só), consta de 13 letras; a águia norte-americana está revestida de 13 penas em cada asa.

As lendas
Além da justificação cristã, existem 2 outras lendas que explicam a superstição. Uma Lenda diz que na Escandinava existia uma deusa do amor e da beleza, chamada Friga (que deu origem a friadagr, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga numa bruxa exilada no alto de uma montanha. Para se vingar, passou a reunir-se todas as sextas com outras onze bruxas mais o demónio - totalizando treze - para rogar pragas sobre os humanos. Da Escandinava a superstição espalhou-se pela Europa.
A outra lenda é da mitologia nórdica. No Valha, a morada dos deuses, houve um banquete para o qual foram convidados doze divindades. Loki o espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e criou uma discução que terminou com a morte do favorito dos deuses. Este episódio serviu para consolidar o relato bíblico da última ceia, onde havia treze à mesa, às vésperas da morte de Cristo. Daí veio a crença de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa!

O Filme Sexta-feira 13
Sexta Feira 13 (Friday the 13th) é o filme de maior terror e suspense.
Conta a história que Jason morreu em miúdo (a 13 de junho de 1957), por afogamento num lago e por incompetência dos monitores que não estavam atentos às crianças. O corpo nunca foi encontrado.
A sua mãe matou quase todos os monitores, vários anos depois, no acampamento Cristal Lake, atribuindo-os a culpa por não terem cuidado de seu filho. Acabou por ser morta por um dos monitores; mas Jason não estava morto, e anos mais tarde, viria a aparecer para se vingar dos assassinos da sua mãe. Jason usou a máscara de hockey apenas no 3º filme, inicialmente usava apenas um pano amarrado ao pescoço com um furo para o olho esquerdo. Jason sobreviveu por mais três filmes, onde até fez uma "visitinha" a New York. Morreu em 1996, quando a irmã lhe cravou uma adaga sagrada (a única forma de matar Jason para sempre).

16 janeiro 2006

Férias Equestres.


Aí estão umas férias que eu realmente quero experimentar.

Há uns tempos atrás li um romance (Parada de Garanhões, de Gaby Hauptmann) cuja acção decorria numa quinta. Aliás, um hotel diferente... uma quinta adaptada para receber hóspedes, proporcionar-lhes todo o conforto e comodidade que os hotéis de luxo actualmente oferecem, adicionado do aconchego típico dos melhores hotéis das estâncias de neve, uma gastronomia requintada e vasta, e o mais importante, cavalos! Muitos cavalos para todos os gostos, com instrutores das diversas modalidades e muitos, muitos quilómetros de trilhos para galopar.
Em Portugal já surgiram as primeiras unidades hoteleiras desta índole, principalmente no Alentejo.

Andei poucas vezes a cavalo, mas as suficientes para gostar bastante de o fazer. E se o desconforto dos passos mais lentos (especialmente do trote) desmotiva qualquer um de se manter em cima do cavalo durante muito tempo, já o galopar do animal torna este exercício algo a dois. Sim exercício... há que efectuar diversas contracções musculares para compensar o movimento e o balançar do cavalo. E a dois porque nesses mesmos movimentos provocados pelos passos largos do animal, há que haver harmonia entre cavaleiro e cavalo... ou o resultado é... chão!
Andar a cavalo de forma mais intensa é um excelente exercício físico... não só para o cavalo! Qualquer salto do animal parece um voo de largos metros para um cavaleiro inexperiente... um pouco como no ski, quando vamos a esquiar depressa e ficamos sem chão por escassas fracções de segundo. Até porque aqueles animais são altos e outra sensação engraçada é sentir que o cavalo está a escorregar.

À parte disto, admiro os cavalos como animais bonitos, possantes e meigos que são. Gosto de lhes fazer festas na cabeça, no nariz e no longo pescoço. Têm um olhar terno, mas se os olharmos a medo, imediatamente se aproveitam da situação tentando ganhar ascendente sobre o cavaleiro pouco à vontade.


Passear montado num cavalo por uma paisagem imensa proporciona momentos de grande relaxamento. É também uma forma excelente de conhecer sítios recônditos no meio da paisagem, muitos deles inacreditáveis... Para os amantes da fotografia surgem excelentes cenários; para a nossa memória, momentos únicos, dias que passaram depressa...

Fica sempre uma certa saudade nostálgica... quer por terem sido momentos bem passados... talvez por associarmos o cavalo a um meio de transporte ultrapassado... quer por nos afeiçoamos ao “bichinho” que connosco partilhou boas horas de companhia!


Sérgio
P.S.: fotografias retiradas do WEBSHOTS.

13 janeiro 2006

Na Rota dos Povos


Ainda hoje em dia continua a persistir a ideia de que os motards são pessoas perigosas, que se deslocam em motos potentes e cujo espírito não é mais do que desrespeitar tudo e todos quanto podem ser desrespeitados.
Estranhamente, há muitos anos (mais de 15) que convivo com motards e nunca tal encontrei, reconhecendo todavia, que alguns indivíduos que se deslocam sobre duas rodas têm um comportamento um tanto rebelde... à semelhança dos muitos que em 4 rodas se deslocam e com que diariamente nos cruzamos.

Apresento-vos hoje o melhor exemplo motard contra esta distinção tacanha, segundo a qual, o n.º de rodas de um veículo é directamente proporcional à educação do seu condutor; o que aliás coloca os camionistas TIR no 1.º lugar da cordialidade, respeito e civismo na estrada.
A Rota dos Povos (http://www.narotadospovos.com/) é um movimento que pretende muito mais do que passear de moto. Visitem o site e surpreendam-se... especialmente os automobilistas mais fanáticos, aprendam o significado de ser cidadão do mundo.
Tenho o privilégio de ser amigo do Tito Baião, um dos motards deste movimento, amizade da qual muito me orgulho e prezo. Razão pela qual faço parte da mailing list deste movimento e da qual quero partilhar convosco a última edição. Aqui fica; conto convosco para o que se segue.

“...Três anos após a independência, Timor-Leste luta para ultrapassar as consequências da ocupação, de migrações e da destruição resultante dos violentos confrontos de 1999.

O País tem ainda uma das piores taxas de mortalidade infantil e materna de toda a região.

As condições de acesso ao ensino, para rapazes e raparigas de fracos recursos económicos e distante de Dili, são quase impossíveis.

Com vista a tentar melhorar a situação a “Comunidade Cristo de Betânea” pretende construir um Centro de Apoio e Acolhimento para Jovens que vivendo distantes da Capital, pretendem continuar os seus estudos.

Não há apoios insignificantes!
O considerado por nós pouco, é muito para quem nada tem.

Caso queira apoiar, aqui ficam as referências:

Caixa Geral de Depósitos
Conta n.º 0171195254900
NIB: 003501710019525490050
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Na Rota dos Povos
João Pedro
Tito Baião



Esta newsletter termina com o envio de um bonito postal com o seguinte texto no verso:

“Há homens que lutam um dia e são bons,
Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há os que lutam muitos anos e são muito bons,
Mas há os que lutam toda a vida, e estes são imprescindíveis.

Bertold Brecht

Caro Amigo,

Por ser um dos Imprescindíveis na luta por um mundo melhor, desejamos-lhe um ano repleto de sonhos concretizados.

Na Rota dos Povos
João Pedro Pereira e Tito Baião


Na última viagem, realizada em 2005 (Dili – Porto 2005, Dois Povos - Um Sonho: LIBERDADE), recebi um postal de Dili em que os 3 motards João Pedro, Tito Baião e Porfírio Santos Silva, enviaram a seguinte mensagem:

“Caro Amigo,

Deste País, nascido da Alma do seu Povo, saudamos aqueles que acreditam um dia ser possível aqui VIVER LIBERDADE.”


Além deste movimento ser louvável pela solidariedade para com um povo totalmente desprotegido, leva-nos a pensar que fazemos parte de um elite de privilegiados e que se isso nos enaltece o ego, também nos traz obrigações para com o resto do mundo esquecido. Fascinou-me também a ideia destes motards que aquando da deslocação a Luanda, criaram um movimento de recolha de medicamentos e conseguiram encher um contentor destinado a outro povo que vive em situação de grande debilidade.

A alma das pessoas não se mede pelo n.º de rodas dos veículos ou pelos centímetros cúbicos dos motores dos veículos que guiam, muito menos pelo preço da roupa que vestem... Lembrem-se ainda que todos aqueles que hoje sobrevivem em condições inimagináveis por esse mundo fora, são iguaizinhos a nós... e se tiverem as mesmas oportunidades que nós temos e despediçamos (países desenvolvidos!), são tão bons ou melhores que nós!

Lembrem-se disto e das promessas que fizeram há quinze dias atrás quando comemoravam o Natal e o Ano Novo.

Felicidades para todos!
Sérgio

12 janeiro 2006

A Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC)



Há vários anos atrás iniciei o processo de agregação à profissão de Revisor Oficias de Contas. Dada a minha formação e a necessidade de especialização, pareceu-me mais interessante optar por uma especialização profissional, de que por via académica (para especulações generalizações já me tinha bastado a licenciatura...).

Fiz o estágio e fui passando nos exames semestrais de estágio (6 ao todo). Estes exames eram muito académicos: uma espécie de aglomeração de várias cadeiras da faculdade (3 ou 4 de cada vez) num só exame. Na altura pensei justificar-se, pois fez-me relembrar e até aprender muitas coisas que podem vir a ser úteis no exercício da profissão. Escusado será dizer que estes exames são bastante difíceis, que a matéria abrangida é mais que muita e que em vez de 4 horas, precisávamos de 6 para os resolver calmamente.

Ao longo desses 3 anos de estágio (para mim foram 4, porque comecei mal e optei por repetir exames em vez de jogar com médias de aprovação) apercebi-me de coisas que me desgostaram muito, relativamente a esta profissão que aparenta ser tão digna e isenta... Desde logo enfureceu-me saber que o último exame de estágio era uma prova global resumo dos 5 anteriores (não há mais matérias para se estudarem?... porque razão tenho de ser avaliado duas vezes na mesma coisa?... não são credíveis as provas de avaliação da OROC?...). Apercebi-me ainda do carácter tacanho e corporativista que domina a esmagadora maioria dos profissionais desta área e os próprios corpos directivos da OROC (já me tinha apercebido disto nos contabilistas ou Técnicos Oficiais de Contas – TOCs; a maioria é bolorenta...). Isso traduz-se na forma como a OROC limita e tenta dissuadir qualquer um de se inscrever na profissão: custos aberrantes nos exames; ausência de um curso que prepare os candidatos para os exames e para a profissão (há um curso organizado pela OROC, que custa balúrdios, é de uma falta de qualidade gritante, e não garante a boa preparação dos candidatos para as provas de exame). Em resumo, taxas de reprovação e desistência escabrosas. Se em termos académicos o pouco que existe é mau, em termos técnicos é nulo... ficando toda a responsabilidade nos patronos de estágio, da formação do candidato nas vertentes técnicas da profissão. Só que normalmente estes não têm tempo para nada, nada ensinam, e ainda exploram os estagiários a fazerem o trabalho de escravo de auditoria, de borla!... por troca da assinatura dos relatórios de estágio e garantia que uma loucura de horas de serviço no exercício da profissão foram efectivamente desempenhadas (não foi o que aconteceu comigo; até foi o oposto, mas o meu Patrono é um Santo Homem). Ponho em dúvida mesmo assim, que as horas de estágio certificadas pelos patronos correspondam à realidade... acham credível que alguém a meio da sua vida profissional abdique de remuneração para trabalhar de borla? Nalguns casos sim... muito poucos. Isto tudo, sem qualquer conteúdo programático ou orientações sobre o que deveria ser um “estágio profissional” por parte da OROC.

Mas o pior estava para vir... começada a fase de inscrição, exige-se a aprovação individual (nada de médias) em 4 exames trimestrais e uma suposta tese apresentada numa oral pública e na qual o júri pode questionar o candidato sobre qualquer matéria ou assunto relacionado com a profissão. O ridículo desta fase de avaliação é que volta a incidir em temas exclusivamente académicos e não sobre aspectos técnicos indispensáveis ao exercício da actividade. Os exames abrangem cada um, pelo menos 7 cadeiras de faculdade. Aqui a dificuldade objectiva das questões não é crítica (pelo menos é a minha opinião... mas eu fiz a licenciatura na Lusíada...); crítico sim é conseguir analisar toneladas de matéria académica e estar apto a responder sobre as mesmas em 4 horas (quando saiu dos exames parece que me libertei de 20 toneladas sobre os ombros). Convém lembrar que os candidatos são trabalhadores num mercado cada vez mais competitivo, mal remunerado, com custos de vida galopantes e escassez de emprego... Portugal em pleno início do séc. XXI. Se a vontade estudar é (e sempre foi) pouca, especialmente depois de 8 ou mais horas de trabalho... e temas tão académicos...

Comecei esta fase em 2005 e mais uma vez comecei mal... ainda por cima, cheguei a meio do ano e atrasei-me um dia na apresentação do requerimento para inscrição na 3.ª prova (estive fora em trabalho e descuidei-me...). Não me deixaram fazê-la apesar da minha insistência com mais requerimentos; a resposta foi “...daqui a um ano há outra...”.
Como tudo na vida tem um lado positivo, a Câmara dos Despachantes Oficiais (CDO) comunicou-me que iria realizar exames de admissão em 2005, pois havia o n.º mínimo de candidatos. Como eu queria muito fazer este curso de acesso à profissão, imediatamente me inscrevi. Estudei arduamente durante 4 meses e consegui passar as duas provas obrigatórias: a escrita, simples; a oral, de duas horas em frente a 5 júris, demolidora! No entanto, deparei com um júri sensíveis à realidade actual: a matéria de estudo é imensurável e nenhum profissional a conhece na integra, até porque vai consultando à medida que necessita de a aplicar; devido a existência de software (obrigatório para a emissão de um despacho, actualmente), muitos dos conhecimentos necessários estão disponíveis on-line (escolha múltipla; help). Se o exame tivesse acontecido há 20 ou 30 anos atrás, o grau de dificuldade teria sido exponencialmente maior... no entanto, o júri avaliou os candidatos com questões técnicas essenciais ao desempenho da profissão (funcionamento da caução global; critérios de origem aduaneira; cálculo do valor aduaneiro; classificação pautal; circulação de mercadorias). Ninguém perguntou quais eram os princípios criadores do direito aduaneiro... Isto é revelador de uma classe que se actualiza à realidade, que não tem medo de ter demasiados profissionais, nem de deixar que seja o mercado a escolher os mais aptos.

Por contraposição, observo na OROC um grau de proteccionismo exacerbado e verifico uma quantidade de alterações ao exercício da profissão no sentido contrário ao da evolução da sociedade em geral.
Vejamos o seguinte, os ROCs são poucos e o mercado tem vindo a crescer muito, quer em quantidade, quer em especialização. As necessidades de auditoria são crescentes quer pelo tipo de operações, quer pela forma como os investimentos são realizados, quer pelo rigor técnico exigido (a imaterialidade das empresas cada vez mais baseadas no conhecimento, e não em equipamentos físicos, ainda não obteve por parte das normas de auditoria, formas de controlo e mensuração objectivas... impera o bom-senso). Já para não referir o recurso a programas de financiamento público e comunitário, cada vez mais corrente, que requer relatórios de auditoria a contratar pelas empresas financiadas.
Esta situação é agravada por se tratar de uma classe envelhecida e sem qualquer propensão para se actualizar. Isto torna o ROC um mal necessário para as empresas (têm de pagar a um “fiscal” que se cobra muito caro). Toda a componente de consultoria que os ROCs devem prestar aos seus clientes, indicando soluções para os problemas e inconformidades legais detectadas nas suas análises, os actuais profissionais dificilmente são capazes de exercer...
Recentemente, a OROC reagiu a esta procura do mercado, libertando os seus profissionais do sistema de plafonds de pontos a que estes estavam sujeitos (só poderiam ser responsáveis por determinado n.º de empresas, de acordo com o seu volume de negócios). Ora isto parece-me uma aberração perfeita! Teoricamente, basta um ROC para Portugal inteiro! Se actualmente já eram criticadas muitas sociedades de ROCs (SROC) por não cumprirem devidamente o seu trabalho (incapacidade de análise criteriosa face ao volume de trabalho), esta situação só tenderá a aumentar, desprestigiando a profissão. Por outro lado, os novos profissionais mais dificuldade terão em encontrar novos clientes... E se até agora as grandes consultoras precisam, auxiliavam e incentivavam os seus profissionais a terem acesso à profissão, deixam-no de o fazer a partir desta data... e mais grave é esta situação repercutir-se na qualidade dos profissionais que agora necessitam (já não necessitam dos melhores... do que tinham capacidade para se tornarem ROCs... bastam os recém-licenciados bem baratinhos...). Até em termos de política nacional esta medida aponta em sentido contrário: menos contratações e de nível salarial inferior.
Em simultâneo com esta medida, a OROC extinguiu a tabela de honorários mínimos. E a verdade seja dita, é de louvar que o tenha feito. Não fazia sentido nenhum, que qualquer parecer (por simples que fosse), custasse 1.000€ mais IVA.
Mas a cereja do bolo da desgraça veio com outra medida da OROC, que permite actualmente que para a constituição de uma SROC, seja necessário apenas um ROC... Em nenhuma classe profissional esta barbaridade acontece: já viram uma sociedade de advogados em que nem todos são advogados? E de arquitectos? E de médicos?

Costuma-se dizer que as sociedades civis de profissionais liberais são o motor da sociedade em geral, sendo esta reflexo dos valores que estas (dadas como elites) implementam e condicionam no dia a dia de um país. Por este caminho, a derrocada de um dos pilares está próxima. Em vez de humildade encontro arrogância e prepotência; em vez de profissionalismo encontro corporativismo e compadrio; em vez de competência encontro abuso e aproveitamento de direitos; em vez de soluções e utilidade, encontro problemas e um peso desnecessário para a sociedade... pior só a classe política.

Estou bastante desiludido... mas não arrependido. No meio de tudo isto há bons profissionais e há a esperança que a razão vença sobre injustiça... até porque nunca desisto de nada!

Não sei como vai recorrer esta fase de exames... mas vai ter de correr bem! Fartos de me aturar devem estar a Nokas e o Nuno com quem estudei intensivamente nos últimos tempos e a quem devo muito do que aprendi. São novitos, mas são “bons meninos”! Boa sorte para eles!

Sérgio

10 janeiro 2006

Manuel Alegre - O Candidato (II).


O meu voto vai para o direito à diferença, à alternativa, à mudança, ao inconformismo, à coerência, à elegância no comportamento, à quebra do poder e dos direitos habitual e indevidamente instalados.
Ouve-se constantemente dizer que os políticos são todos iguais, que nada muda neste país e que é um caso perdido. Pois aí está um homem claramente diferente: fala das suas ideias e do que acha melhor para o país, e não perde tempo a criticar os outros candidatos... nem que fosse só isso, já fazia a diferença. Mas não! Tem uma coerência pragmática no discurso e na ideologia que o torna claramente um candidato a PR tão superior como distinto face aos outros. Perante isto, não tenho dúvida que é a melhor opção, além de ser uma excelente opção.
E agora, vão fazer alguma coisa, ou vão limitar-se a continuar a criticar o que os outros fazem, ou não fazem, com a vossa autorização?...

"...todos, todos, podem ser senhores e não escravos do destino. Isto aplica-se a pessoas, empresas e países. Nada é constante, excepto a mudança. E o futuro pode mudar. Para melhor ou para pior, dependendo do que se faz no presente. Lamúrias? Queixas? Desculpas? São a matéria-prima de que se faz o insucesso. O sucesso, pelo contrário, é feito de outra argamassa: pensar, actuar, acreditar, persistir. A sorte bate (às vezes) à porta? Sem dúvida. O azar também? Seguramente. Mas o que decididamente desequilibra a vida a favor do sucesso ou do insucesso não vem de fora. Vem de dentro. Vem de nós. A vida é o que fazemos dela...".

José Manuel Mendonça
(Movimento Hiep-Khi-Vo-Dao - As Artes Marciais e a Vida, 15/10/2003)

Pensem nisto antes de decidirem em quem votam...

Sérgio

P.S.: Movimento Jovem de Apoio à Candidatura de Manuel Alegre http://www.movimentoja.com/.

Eleições Presidenciais (cont.)

Na falta de tempo para escrever, recorre-se ao "maninho" que escreveu muito bem, sobre um tema actual, e cuja opinião sobrescrevo na integra!

http://ex-sitacoes.blogspot.com/2006/01/eleies-presidenciais-ii.html#links

Sérgio

04 janeiro 2006

Saínt Germaín De-Prés Café - Volume 6.


Numa altura em que já foi editado o volume 7, tive oportunidade de ouvir o anterior. Resultado ESTRONDOSO!

Saínt Germaín De-Prés Café, nome de uma das zonas mais carismáticas de Paris, transporta toda a emblemática e vida para as colectâneas de eletro-jazz, inicialmente apelidado de jazz de fusão, ou mais recentemente NU-JAZZ... no fundo, várias designações para identificar temas de jazz tocados com ritmos actuais, e especialmente, dançáveis... ou talvez não... o suficiente para abanar o copo e os ombros (não abanem demais senão viram a bebida... desperdício!). O exponente máximo deste género musical foi lançado pelos próprios Saint Germain, banda francesa que prima por temas de sonoridade muito original.

Este tipo de música é capaz de criar um bom ambiente durante um jantar, ou mesmo depois do jantar... visto que não tem uma presença suficientemente forte para incomodar o diálogo, nem um ritmo suficientemente adrenalizante para nos catapultar (gosto deste termo... deve ser influencia da minha raquete de ténis nova, cujo modelo se chama CATAPULT e que curiosamente não tem muita “saída”) para a pista de dança. Gosto também de ouvir este tipo de música no automóvel: dá-nos ritmo de condução (rápido) e afugenta o sono! Outra característica destes cd’s é a sua excelente qualidade de gravação... é... estão a ler bem... eu estou a dizer bem do som de um cd... ok, o som está todo no mesmo patamar e vem directamente das colunas para os nossos ouvidos... onde ficou a atmosfera sonora? Provavelmente nos vinis que lhes deram origem... e felizmente, consegue-se ouvir gravilha por vezes.

Na verdade, nunca fui grande fã deste tipo de música, às vezes um tanto ou quanto sem personalidade. Estes temas incidem normalmente em originais contemporâneos de jazz, dos quais resultam novas interpretações, com ritmos distintos, adicionados de samplers, etc. Mas esta série de compilações seduziu-me com os dois primeiros volumes, levando-me quase a desistir com os três seguintes (onde há alguns bons temas, mas...). Já o volume 6 é arrasador! Fabulástico! Temos som com presença e com personalidade. Temos temas, versões, interpretações excelentes!

Recomendo-vos a audição atenta (até porque cativa ao primeiro contacto) desta colectânea. Destaco-vos as seguintes faixas: logo a primeira “Devil May Care” por Jamie Cullum; “Get a Move On”, uma já conhecida versão de Mr. Scruff, para quem ouve outras colectâneas do género, Blue Note e Hotel Costes; “All I Need” por Re: Jazz featuring Lissa Bassenge, uma espectacular versão do tema mediático dos Air; “In The Still of Night” de Stacey Kent, que nunca canta mal; e, “Cantallop Island” numa versão por Dj Cam featuring Tassel & Naturel, tema deslumbrante que nunca desilude independentemente da versão ou do intérprete.

Boas audições!
Sérgio

03 janeiro 2006

... e mais não digo!

E se alguma coisa ficou por dizer no post "Religião:Ser ou Não Ser... Crente...", nem de propósito e no mesmo dia, houve quem o dissesse (telepatia?! feito á maneira... não, não foi a Lena D'Água!). Não um alguém qualquer, mas antes um alguém muito especial; um alguém que não diz muito, mas diz tudo e diz bem.
"E o Homem Criou Deus", um excelente post num não menos sensacional blog da fabulástica escritora Encandescente.
Sérgio

O Essencial Prazer do Ski!



Numa semana marcada pelo furo jornalístico do incidente de José Sócrates e do filho (não deve haver mais nada para se falar), aproveito a deixa para falar de ski e de férias de neve.

Deixando de lado a injustiça da comunicação social para com o PM, aproveito para desmistificar que as férias de neve não são só para ricos... se calhar, ficam mais baratas do que as de praia no Algarve. Para a mesma comunicação social aproveito para referir que a lesão do PM incidiu no joelho e não no pé (qualquer um que sabe o que é uma bota de ski, entende o que eu quero dizer...).


Se as férias de neve são agora uma moda em Portugal e muitos dos que vão “para a neve” vão “fazer praia” em vez de esquiar (o chamado ski de esplanada), há 10 anos atrás tal não acontecia e os “fãs desta modalidade” eram vistos como tresloucados, que na altura do frio iam para o meio de mais frio ainda, fazer um desporto altamente perigoso. Ora, sobre isto gostaria de vos dizer o seguinte:
- Fazer ski/snowboard é um desporto que activa o corpo inteiro. Isto associado aos equipamentos que se utilizam, exclui a questão do frio, especialmente quando há sol (em que o calor é muito!). Frio por vezes também há... e muito: se estiver vento; e não se estiver a nevar. Mas para isso também há soluções.
- O ski e o snowboard são desportos de elevado risco; é um facto... mas não para quem começa a esquiar ou para quem o faz a título de férias (para os profissionais deste desporto há riscos e grandes). Claro que quem desrespeita constantemente os seus limites físicos, arrisca-se... como em qualquer outro desporto. Quero eu dizer que o risco é mais controlável que o de apanhar um escaldão numa tarde de praia.
- Nas férias de neve há inúmeras alternativas para quem não quer fazer desporto: conhecer as cidades e paisagens próximas das estâncias; fazer passeios a pé ou de trenó puxado por cães; as paisagens são idílicas e ideais para os fotógrafos descarregarem rolos e rolos; os hotéis possuem os melhores spa’s e ginásios nestes locais; há ringues de patinagem e pistas de karts no gelo; a gastronomia é vincada e requintada; as esplanadas e as lareira proporcionam os momento de leitura mais deliciosas; a agitação nocturna é 5 estrelas! O ideal para quem quer descansar a cabeça, ou o corpo... ou as duas coisas!
- Não igual em glamour!


Mas vamos ao que interessa! Eheh! ESQUIAR! YES! Depois de um inicio sempre conturbado e repleto de pequenos tombos descontrolados, aprendemos a dominar os skis ou a prancha (nesta última o inicio é mais difícil, embora evoluir tecnicamente no ski requeira mais dedicação) e a não cair... excepto quando exageramos nas nossas capacidades... mas esta é a piada da coisa: o espírito de evoluir constantemente; levar a nossa capacidade física ao limite e fazer a última pista do dia como se não aguentássemos nem mais um metro. É claro que podemos esquiar mais calmamente e reservarmo-nos para o “aprés ski”...
Posso-vos dizer que é indescritível o prazer de deslizar calmamente a primeira pista da manhã: a neve lisinha; as pistas vazias; o silêncio só quebrado pelo “calcar” da neve dos skis ou da prancha; o calor ameno na cara gelada... tudo o que peço nesses momentos é que o relógio pare ali, naquele momento...


É claro que entretanto os músculos e as articulações começam a aquecer, e já não conseguimos controlar a adrenalina proporcionada por uma descida que nos tenta a aumentar a velocidade, a fazer viragens rápidas e a conduzir os skis como se estivéssemos ao volante de um WRC numa classificativa do campeonato de mundo de rallies; ou alternativamente, conduzir a prancha como se tivéssemos de baixo de nós uma fabulástica trail numa etapa do Lisboa-Dakar... acham que estou a exagerar concerteza... experimentem!


A semana passa a 300 à hora entre acordar de madrugada para não perder nem um minuto das pistas (que abrem às 9.00 e fecham às 17.00) e as saídas à noite para... fazer a digestão dos magníficos jantares! Sim, porque durante o dia as refeições são a conta-relógio... “estamos aqui para esquiar ou para conversar?!”.
Por muito cansativo que isto pareça, quando regressamos, rejuvenescemos 10 anos! Fisicamente, os nossos músculos dilataram... muito. Psiquicamente, a nossa capacidade de raciocínio é agora mais rápida umas 10 vezes e voltamos a conseguir fixar tudo o que acontece.

Se o vosso estilo de férias é o de dormir 12 horas e passar o dia deitado numa praia de um resort, onde permanecem 15 dias... esqueçam! Agora, se gostam de actividade física, se gostam da adrenalina à flor da pele, do desafio e da aventura... têm andado a perder tempo se ainda não experimentaram.

O ski/snowboard, ou se gosta muito (e tornamo-nos autênticos viciados e ansiosos pelas férias), ou se detesta. Não sou imparcial neste assunto... sou um autêntico fanático e faço-me acompanhar por outros tantos iguais a mim. As nossas férias de neve são pensadas imediatamente a seguir a termos regressado de uma destas intensivas semanas de férias e marcadas em Agosto. E sempre que podemos fazer um fim-de-semana em Espanha ou meia semana em Andorra, lá vamos nós!
Mas uma coisa é inegável... são férias inesquecíveis e muito divertidas!


Sérgio


P.S.: Fotografias retiradas do WEBSHOTS, com excepção da última, tirada em Les Menuires - Março 2005.