29 setembro 2008

Concertos a Sério!

Dado o meu estado pós-operatório ando agora mais quietito por casa. Impedido dos meus habituais desportos e dos quais já tantas saudades tenho (a ansiedade do regresso às 4 linhas começou logo no dia seguinte à operação... em especial, ando com saudades de jogar ténis!), fico a giboiar no sofá em frente à tela a ver filmes e concertos.

Depois de ter assistido, in loco, ao concerto da Madonna, concluo que de facto, de um concerto muito fraco se tratou... Não só pelas condições do espectáculo, mas por se tratar de um espectáculo centrado na própria. Nestes dias, embora sentado no sofá, tenho visto muito melhor!

U2

ZooTv, Zooropa ou Vertigo Tour. São espectáculos muito centrados nas "estrelas" e repletos de tecnologia, tal como o de Madonna. No entanto, são muito mais intensos e "viviveis" que o de Madonna, onde tudo o que nos resta é assistir. Também em termos tecnológicos são muito superiores aos de Madonna. Nota-se que o espectáculo se tornou mais humano com o envelhecer da banda... mais afáveis e com menos "super-ego".

Divine Comedy - Live at the Palladium Theatre

Divinal a voz de Neil Hannon, especialmente neste caso, acompanhada por uma extraordinária orquestra sinfónica. O som tem uma presença e uma envolvência fora de série. É um encanto ouvir um som tão melódico, tão envolvente e com arranjos tão bem elaborados... nada, mas nada mesmo chega ao som de uma verdadeira orquestra sinfónica.
Quando comparado com os espectáculos anteriores, quase se pode perguntar "Como é que se pode gostar disto?!", tal é a simplicidade de um palco de teatro, com os músicos lá em cima (a maioria sentados) e algumas luzes a apontar para os mesmos... Se pudesse optar entre assistir novamente ao espectáculo de Madonna, ou a um espectáculo dos Divine Comedy acompanhados por uma orquestra sinfónica, não hesitaria em escolher estes. Até porque Neil Hannon é um cómico! E há diálogo com a plateia... e literalmente! Durante o "National Express", alguns dos espectadores são mesmo convidados a mostrar os seus dotes vocais.

Calexico - World Drifts In - Live at the Barbican in London


Ao mesmo estilo de palco de teatro e meia dúzia de luzes simples, estes apenas trocam a orquestra sinfónica por um grupo de mariachis. A sonoridade é realmente impressionante: potente, toca-nos na alma e bem no meio do peito!
É um delírio de reciprocidade entre os músicos e a assistência, onde pessoas simples tocam músicas repletas de sentimento e alma, que comovem e arrepiam quem os ouve. Intenso, sem dúvida, tanto quanto memorável.
A música dos Calexico é só por si única; acompanhada pelos mariachi que tanto influencia a sua sonoridade, torna-se ainda mais inédita.
O espectáculo é repleto de encores (quase como aconteceu no Hard Rock!!!) e até há tempo para os papeis se inverterem: ou seja, passam os mariachi a tocar com os Calexico a acompanhar! Único e imperdível!

Peter Gabriel - Secret World Live

A cereja no bolo vem agora... Quem algum dia pensou que Peter Gabriel no seu fim de carreira poderia fazer um espectáculo tão fabuloso?!
Dizem que os músicos quando vão aos EUA vêm diferentes... as suas carreiras transformam-se, crescem, amadurecem... Desculpem a minha opinião, mas para mim apodrecem! Foi o que quase aconteceu aos U2 com o álbum Joshua Tree (felizmente aqueles 4 são realmente uns iluminados e souberam reconverter-se numa fabuloso Achtung Baby). Curioso é observar o que sucedeu com Paul Simon e Peter Gabriel depois de passarem por África! A sua carreira musical levou uma volta de 360º!!! Eheheh! Sim, ficaram virados para o mesmo lado, mas ordem natural das ideias reordenou-se definitivamente! África deve ser, de facto, um continente muito intenso... altera as pessoas que já o viveram... altera a música dos que por lá passaram, a escrita dos que por lá respiraram... vi-a nos olhos do meu Avô quando falava de África... ficavam húmidos, distantes, estáticos...
Este espectáculo, apesar de desenvolvido numa sala de espectáculos e não ao ar livre, brinda-nos com momentos únicos de eloquência entre os músicos e excelentes gadjets de tecnologia. A tudo isto, soma-se a teatrialidade que Peter Gabriel imprime nas suas interpretações e muita dança! Dança, quer dele, quer dos músicos... nada de bailarinos! Mas não coreografias pré-definidas... dança de quem está a sentir a música que toca!
Acima de tudo, os músicos fazem aquilo que deles se espera: tocam vários instrumentos; cantam; dançam; divertem-se à grande... e tudo sem vedetismos! Um todo onde Peter Gabriel é apenas um dos músicos da equipa.
Também no fim do espectáculo, à banda de Peter Gabriel se junta uma banda de músicos africanos, com uma sonoridade única.
É um espectáculo que nos toca pela originalidade... acima de tudo, como se pode fazer um espectáculo tão grandioso, com coisas tão simples e fazendo, simplesmente, o que se espera de nós. Não é preciso ser-se uma estrela excêntrica para marcar e surpreender as pessoas... apenas fazer o que se espera de nós com mestria, com excelência.

É claro que quando se não a tem... recorre-se a outros artifícios...

Sérgio

17 setembro 2008

Madonna no Parque da Bela Vista.

No domingo passado lá fui eu para Lisboa com uns amigos, com o objectivo de assistir ao tão esperado concerto de Madonna.

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O dia foi muito bom mesmo; o ambiente sempre muito divertido, com muito boa disposição da equipa que me acompanhou e com tempo para passar por Óbidos, que seguramente não será dos locais de Portugal onde a restauração é mais simpática...

Já chegados ao famoso Parque da Bela Vista (famoso pela falta de condições para realização de espectáculos, desde os primordios do Rock in Rio de Lisboa), começou a confusão. Como encontrar pessoas amigas que trazem os bilhetes uns dos outros, e ainda, outras que nem conhecemos, no meio de um maranhal incrível?! Só mesmo com a utilização intensiva dos telefones... milagres da tecnologia! Estranho era que numa das entradas a fila era interminável... já na outra, a entrada era directa... na maior!

Já dentro do recinto, as dificuldades de telecomunicações eram enormes... por vezes nem chamadas, nem sms... Foi um acto heroico conseguir fazer uma chamada (mas valeu bem a pena!). Por essa razão, não estive nem com metade das pessoas com quem tinha combinado encontrar-me lá dentro!

Pior ainda foi a "inexistência" de casas de banho, as longas filas e a escassa oferta de algo que se "jantasse"... nas bebidas a coisa corria bem!

Ora isto transforma Portugal num país terceiro mundista da pior espécie, em que perante uma oportunidade de fazer algo realmente notável, se suga até ao tutano uma marca (nesta caso uma senhora de cinquenta anos), pagando-se uma barbaridade (60 €!!! Felizmente o meu bilhete foi oferecido!!!) e obtendo-se muito pouco em retorno. Aliás, abaixo do mínimo expectável.

O recinto estava cheio e as pessoas aguardavam o início do espectáculo espalhadas por todo o lado... especialmente em planos inclinados, à boa maneira de um anfiteatro natural e com as consequências que daí advém para os tornozelos e joelhos, ao fim de 3 horas de pé e numa posição de esforço. Ainda por cima, estavamos perante um concerto em que se proporcionava dançar... tarefa dificultada pelos planos inclinados em relva e terra. Estão a ver as derrapagens inesperadas...

O espectáculo começou apenas com 5 minutos de atraso (parabéns pelo profissionalismo!). A partir desse momento, assistimos a uma discoteca da melhor qualidade em funcionamento durante 2 horas! Só foi pena o bar estar pouco acessível... é que se levantava muito pó!

A verdade é que o espectáculo de Madonna foi muito bom! Mesmo para quem não é grande apreciador da música dela, a selecção foi bastante boa. Madonna é uma personagem única. Foi um privilégio vê-la ao vivo. É uma daquelas pessoas que mudou o mundo algumas vezes; foi sempre muito inovadora e criativa (...embora às vezes o pé lhe fugisse para o comercial e lamechas... mas ninguém é perfeito!). Está perfeita nos seus 50 anos e fisicamente é um exemplo para todos nós.

Lamento que o som estivesse tão mau, que a distância ao palco fosse tão grande que até o vento estragava o som... A própria Madonna também não esteve isenta de falhas... Mas o espectáculo está muito bem conseguido em termos audio-visuais e é digno de ser bem visto noutro cenário (e não me refiro à sala de cinema lá de casa!). Gostava de a voltar a ver num estádio como o do Dragão, que se adapta muito bem e este efeito (basta recordar os Rolling Stones em 2006).

Imperdoável não ter feito um encore... parece-me uma falta de respeito pelo público. Felizmente não tocou o "like a virgin"; "la isla bonita" dispensava-se perfeitamente e louvavasse ter sido substituída por "holiday" (que não foi o 1.º exito de Madonna; esse foi o excelente e sempre actual "border line").

Sérgio

A Richard Wright e Craig Jones, o Eterno Adeus...

Neste mês já fui desagradavelmente surpreendido com o desaparecimento de duas personagens que tanto admirava.

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No início do mês Craig Jones, a revelação do ano em SuperSport, na sequência de uma queda violenta após ter perdido o controlo da moto e de uma pancada na cabeça que um dos seus adversários não conseguiu evitar, não resistiu ao traumatismo craniano e faleceu.

Bem sei que neste caso, a morte surge num momento de felicidade: Craig Jones morre aos comando de uma moto de competição, ou seja, a fazer o que mais gostava. Mesmo assim, não consigo deixar de lamentar a perda de alguém tão promissor, e de quem jamais esperaríamos tal tragédia. Infelizmente, também ele, era um comum mortal...

Os Portugueses tinham um carinho especial por este piloto, visto a equipa Parkargar ser também portuguesa (inclusivamente, a moto de Craig Jones era assistida pela Motodinâmica onde levo a minha moto para manutenção e onde vi várias vezes a CBR600RR do piloto).

Craig Jones habituou-nos às mais espectaculares manobras em pista... Agora a pista sem ele ficou vazia... e monótona. E seguramente o mundo ficou mais cinzento sem alguém que trazia tanta vida, tanta cor aos nossos olhos.

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Esta semana deparei com uma notícia em rodapé durante o telejornal, que indicava o falecimento de Richard Wright, o mítico teclista e fundador dos Pink Floyd, vítima de cancro (essa doença horrível que aparece do nada, sem razão aparente e acaba com o ser humano tão depressa, que poucos são os que conseguem reagir... não me lixem com tratamentos).

Ainda por cima escreveram Rick Wright... dei por mim a pensar quem era o Rick Wright... Tive o privilégio de o ver ao vivo, em 1994 em Alvalade, num espectáculo tão único quanto exuberante e surpreendente, que torna a vinda de Maddona a Portugal um bailarico de bairro. O espectáculo deixou-me dores nos maxilares... desde que começou até terminar estive de boca aberta, tal era o espanto e surpresa do que assistia.

Não vou descrever o espectáculo... precisava de horas... mas lembro-me de Richard Wright acender um cigarro num feixe de laser!

Na altura tive a clara sensação que nunca mais iria voltar a assistir aos Pink Floyd ao vivo... Quando em 2006, na realização do Live 8, os Pink Floyd se reuniram com Roger Waters (estiveram 25 anos sem tocar e sob conflitos judiciais), voltei a ganhar esperança... infelizmente em vão. Mas ver a banda original em palco é algo quase chocante... claro que lá falta Syd Barrett... mas o seu estado mental adulterado fez com que pouco contribuísse para a carreira dos Pink Floyd em termos práticos. Claro que em termos conceptuais e de inspiração até terá sido o mais importante de todos os membros... era um excelente guitarrista e um génio inovador da música experimental psicadélica.

Richard Wright produziu ainda dois álbuns a solo, mas o que o deixa imortal é o som tão característico dos Pink Floyd, ou seja, da maior banda de rock que o mundo até agora viu: um fundo musical cheio, pesado e intenso, que liga a percursão com as vozes e guitarras.

Aos dois, o meu eterno adeus e agradecimento pela inspiração e modelos de vida que me trouxeram.

Sérgio

13 setembro 2008

With The Breaks On...

Há alturas na vida em que parece que nada resulta, nada acontece, nada flui... como se algo nos estivesse a prender...

Os astrólogos dizem que é a presença de Saturno... sinceramente, acho que somos nós a complicar. Felizmente já passei por isso e já vai longe!

Sérgio



Driving through the long night
Trying to figure whos right and whos wrong
Now the kid has gone. I sit belted up tight,
She sucks on a match light, glowing bronze, steering on.
And I might be more of a man if I stopped this in its tracks
And said, come on, lets go home. but shes got the wheel,
And Ive got nothing except what I have on.

When youre driving with the brakes on
When youre swimming with your boots on,
Its hard to say you love someone
And its hard to say you dont

Trying to keep the mood right, trying to steer the conversation from
The thing weve done.
She shuts up the ashtray, and I say its a long way back now hon
She just yawns. and we might get lost someplace
So desolate that no one where were from would ever come
But shes got the wheel and Ive got to deal from now on.

But unless the moon falls tonight, unless continents collide,
Nothings gonna make me, break from her side.


(Driving with the breaks on - Del Amitri, Twisted - 1995)

08 setembro 2008

Futebol de Domingo de Manhã.

Muitos de vocês questionam-me porque é que eu vou sempre jogar futebol ao Domingo de manhã com os meus amigos. Especialmente nestes últimos tempos, em que trabalho ao Sábado, que não tenho nenhum dia para descansar (dormir sem hora de acordar), que quase não saiu à noite (quando saiu vou cedo para casa), ainda por cima é um desporto para o qual eu realmente não sou dotado (e até há outros em que faço qualquer coisita). De facto, um conjunto de contrariedades pelas quais não faz sentido eu jogar futebol, muito menos ao Domingo de manhã.

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Pois bem. A explicação é simples e podem facilmente ficar "ilucidados" com um excerto das troca de emails que ocorrem durante a semana e antecipam os desafios altamente competitivos de domingo de manhã.

Leiam, porque vão na certa gostar e até querer jogar connosco!

Sérgio


Boa tarde a toda a camaradagem que bravamente, domingo após domingo, enfrenta o duro desafio de tentar acertar num objecto redondo em movimento infinitamente mais pequeno que o espaço que dispõe para circular, isto após uma noite de copos e mesmo até antes de um assado à moda da sogra, que bem regado, nos acaba por derreter para o resto de fim-de-semana.

Como sempre e para não variar e sem querer entrar no vosso bate-boca digno de qualquer coluna dos melhores jornais desportivos (do futebol mundial), venho apresentar uma sugestão.

Para melhor enquadrar a sugestão, começo por introduzir o tema que me leva a escrever a crónica de hoje que entitulo:

"Levar porrada no domingo passado, Manel (o injustiçado), nº 1 do ranking, por culpa do Tó-Jó"

A minha leitura do último jogo não me permite concordar com algumas vozes que dizem: "... as equipas estavam desiquilibradas..." ou "... o Manel marcou 8 golos e deu 3 assistências..." ou "... o Sérgio ou o Zé Soares deram 2 golos ao adversário cada um..." ou "... o ranking não funciona bem para fazer as equipas..." ou "... os jogadores da minha equipa ficaram sem pulmões e pernas na segunda parte..."
A minha leitura foi: "A equipa vencedora chegou de forma mais organizada e inteligente".

Senão vejamos (suporte da tese que exponho na crónica):

1. Desiquilíbrio não existe, pois jogamos em igualdade numérica durante duas partes com a mesma duração (sensivelmente e confiando nos cronómetros profissionais dos colegas) com troca de campo. NOTA: O resultado ao intervalo era 4-4.

2. Se a prestação individual do Manel fosse suficiente ele venceria todos os jogos independemente da equipa que tivesse com ele, desde que tivessem dois braços e duas pernas.

3. Gaffes individuais também aconteceram na equipa adversária.

4. O ranking produz equipas tão equilibradas como as que teríamos na ausência das mesmas. NOTA: O ranking não tem o carácter aleatório que necessitaria para que qualquer amostra estatística produzisse um intervalo de confiabilidade decente. A ausência de alguns jogadores, assim como o critério de posição destróiem qualquer teoria conhecida dos estudiosos.

5. Os jogadores sem pernas e sem pulmoes, marcaram tantos golos na 1ª parte como na segunda. Numa palavra, desmoralizamos quando o resultou pendeu para a derrota eminente.

Assim (conclusão da laborosa observação in loco):

Levamos porrada porque o Manel é o nº 1 do ranking, isto é, o Manel é chato, fala demais e marca golos para calar os que o criticam, e com isso estabelece uma liderança organizacional em campo que permite (mesmo com equipas que teoricamente eram mais fracas) que vença a maior parte dos jogos em que participa.

O que nós não tivemos no domingo foi uma organização fruto de uma liderança natural para a qual só estão devidamente aptos, o Manel, o Luis e o Ántónio Jorge.

Como o António Jorge tinha acabado de perder 2 jogos e 20 kg da força que tinha, ficamos contagiados por tal, o que só podia levar ao descalabro. Logo ele é que é culpado...

Sugestão (epílogo):

Com a definição dos plantéis tem de se nomear o CAPITÃO, que teria como funções:

1. Definir e redefinir durante o jogo as posições de todos os jogadores
2. Controlar as idas à baliza (alturas nas quais sofremos alguns golos)
3. Controlar as substituições
4. Gritar e xingar os colegas de equipa (nos jogos em que o capitão é o Manel)
5. Controlar o tempo

Claro que só funcionaria se os restantes jogadores da equipa reconhecessem a liderança imposta, pois a natural só existe (da minha observação) nos 3 jogadores supra-citados, caso contrário o boicote é total.

O capitão deveria ter pontos duplicados nos dias de festa (à moda do King).

Termino, dizendo que no fundo, o que quero dizer, é que estarei presente no próximo fim-de-semana.

NOTA FINAL (apenas um piropo para manter viva a discussão): O Manel é nº 1 do ranking, marcou 8 golos e deu 3 assistências porque não foi marcado homem a homem, por mim o campo inteiro.

Ass.
José Soares (o único a conseguir impedir que a equipa do Manel ganhe o jogo, através de uma marcação impiedosa homem o homem, o campo inteiro)



Está bem observado, Zé, mas, aqui e acolá, acho que cometes algumas injustiças (está descansado que comigo não precisas de vir pedir uma retractação pública).

1º) Acabas por defender, mesmo que involuntariamente, a ideia de que o "professor" está fadado para ganhar todos os jogos, o que é falso – parece que alguém ainda vai ter de ir buscar ao fundo do baú, onde ele a arrumou, aquela ideia antiga do "professor" de que ganharia qualquer jogo acompanhado dos, teoricamente, jogadores mais fracos, e logo contra quaisquer adversários à escolha (eu sei que agora ele vai dizer que é uma injustiça, porque ele não disse que ganhava mas sim que dava luta, embora ele saiba bem que eu, e não só eu, sei ler para além das palavras).

2º) Destróis por completo o estímulo do Tó-Jó para emagrecer, coisa que, ao que consta, já o fez obter alguns privilégios femininos pelas bandas algarvias - ele agora vai pensar que os 20 kg lhe garantiam pontos para o ranking e vai querer recuperá-los, pois, como sabemos, ele pelo ranking dá tudo (espero que, neste ponto, ele seja diferente do "professor" e não me venha pedir para eu retirar o que disse, em função da sugestão que parece ímplicita na minha frase).

3º) Pões seriamente em causa a ideia do povo, que parecia feita, de que da sogra nem as comidas se aproveitam. Gosto da ideia do capitão, mas quem seria? O jogador da equipa mais bem classificado no ranking?

Por fim, afinal não percebo porque não marcaste tu o "professor" homem-a-homem no campo todo. Foi o capitão que não deixou? Quem era esse malandro que não respeitou a "liderança natural" (gosto desta!) do Tó-Jó?

Tivesse essa falta acontecido há 20kg atrás e ele ia ver o que lhe acontecia!

Abraço.

Luís Valente



Boa noite aos aficionados do donos da bola, versão light, barriguda e com uma plateia a cada dia maior.

Falando um pouco a sério, há uma liderança natural no grupo, que tem a ver com algo, penso eu, histórico, embora a personalidade possa ter alguma influência.

Eu mesmo, como sou novo no grupo, apesar de já ter sido promovido à categoria de "habitual", não tenho confiança para dar na cabeça de um colega quando ele falha golos à boca da baliza (tal qual Postiga) ou consente golos por perdas de bola absurdas (vulgo Luisão).

Não tenho confiança para dizer ao virtuoso do drible para passar a bola mais vezes (tal qual Quaresma) ou pedir ao ponto de lança (no nosso meio, traduz-se "gajo que está sempre na mama") para vir defender logo a seguir a falhar um golo.

Dito por mim, será ignorado, dito pelos líderes naturais, por ventura os formadores/organizadores (desconheço se é verdade esta afirmação) deste hino ao futebol que são os nossos domingos de manhã, têm outro impacto nas hostes.

Numa frase, era importante uma boa organização, e não há organização sem líder.

O Manel assume essa liderança, pela força (é chato!) ou por arte (de facto remata bem!), o facto é que assume, e maximiza a equação composta pelo melhor que cada um tem a oferecer das nossas superiores qualidades atléticas e técnicas.

O António Jorge, que normalmente também o faz, transmitindo grande segurança defensiva (não é por acaso que disputa taco a taco a liderança), desta vez não resmungou com a equipa uma única vez que me lembre, daí ter pensado que ou era dos 20kg ou então do bronze.

NOTA IMPORTANTE: Valorizo a capacidade de fazer desaparecer a barriga em pouco tempo, tanto que até pedi conselhos ao Tó Jó para conseguir o mesmo. Mas resistir aos assados da mãe (não quero mexer com o que está já na constituição sobre as sogras) é DURO!

Por fim respondendo às tuas perguntas, a nomeação do capitão devia ser de acordo com o ranking, concordo, ou então rotativo, para dar oportunidade à malta toda de chagar a cabeça do "professor", durante um jogo inteiro, nem que seja uma vez!!! (sonho de qualquer aluno)

Não marquei por muitas razões. Podia dizer que não senti os 20kg do Tó Jó a segurar os restantes super dotados atletas adversários, podia dizer que ninguem consegue marcar o Manel excepto eu e o resultado provou isso mesmo, podia dizer que fiquei sempre a jogar pela esquerda ou muitas outras coisas. Mas, basicamente e como já disse antes, não tenho pernas para o interminável campo da Academia com balizas quase tão grandes como a boca da Manuela Moura Guedes.

Gosto de ir lá à frente e gosto de defender, e se a isto adicionar marcar um só jogador naquele autódromo, iria parecer que me estava a preparar para os Olímpicos... mas por estas bandas, os 20Kg ainda cá moram...

Grande abraço!

José Soares



Estou de facto impressionado com a qualidade da dissertação...

Respondendo a uma pergunta prática, a culpa do Manel não ter sido marcado a 100% no campo todo foi minha. Devia ter assumido essa tarefa na 2.ª parte... como não gasto muitas energias com a bola, podia ter andado a correr até ao fim a marcar o Manel. Afinal, correr ainda corro... mas sem bola!

Sérgio, um jogador já muito razoavelzito!

06 setembro 2008

Le Moulin Rouge!

Este é um dos meus filmes favoritos e ontem foi o meu serão.

A crítica classificou-o como um musical... e não passou disso para os experts do cinema. Mas há muito mais neste filme... Claro que para isso é preciso saber viver música. E os críticos de cinema, pelos vistos não sabem...

Aliás, o trabalho de Craig Armstrong passou ao lado destes experts, o que pessoalmente não entendo: o que dá alma ao filme é a música... como pode passar anónimo o grande maestro de tudo isto?! Vá-se lá entender os críticos...

O que mais me impressiona no filme é a capacidade de criar emoções muito fortes e antagónicas. Joga com o amor, a paixão e a felicidade que todos sonhamos e desejamos; e contrapõe o sofrimento, com a fatalidade do destino, a solidão, o desespero e o ciúme. Estas alternâncias constantes mantêm-me arrepiado e a transpirar o filme todo. Junta-se a isto muito humor! Ritmo, dança, coreografias, cores, vozes e coros, guitarras, tambores... uma imensidão de sons... toda esta diversidade surpreende de início ao fim. O ritmo e a velocidade com que as imagens se sucedem em alguns momentos é inebriante e contrasta com outros bem mais pacatos e melódicos... é um jogo de contrastes e emoções de início ao fim.

As interpretações de Ewan McGregor e Nicole Kidman são tão brilhantes, quanto vocalmente soberbas. Entre outros, bem acompanhadas por John Leguizamo, Jim Broadbent e Jacek Koman.

Há momentos um tanto difíceis de entender... em simultâneo com o humor, toda a carga emocional, e nostálgica até, que nos trazem temas como "up where we belong", "Pride (in the name of love)", "Your song", "all you need is love", "we can be heroes"; ou logo ao início "mad can can", "voulez vouz cochez avex moi", "here we are now, irritainous", "material girl". Mas o efeito final é único, e por isso, imortaliza esta obra.

Your Song, o medley de temas no elefante e Come What May dão-nos uma perspectiva da vida tão poética quanto adrenalizante. São os meus favoritos. Depois de assistir e viver tudo isto (com o volume a níveis capazes de abalar a estrutura da casa), só dá vontade de sair para a rua e fazer loucuras. Mas a final, para que serve a vida senão para exponenciar a nossa capacidade de sentir?

Por tudo isto também, não ouçam a banda sonora do filme... ouçam sim, as interpretações gravadas nas filmagens. As primeiras estão desprovidas de sentimentos e repletas da intervenção de produtores musicais que acham que sabem o que o público gosto de ouvir... removeram-lhes os sentimentos e alisaram os tons e ritmos. São agora mais "easy listening".

O senão do filme é ter de assistir sozinho... como acabo sempre por chorar... embora de felicidade! O filme tem o dom de me tocar em emoções fortes e violentas.

Curiosamente as partes que mais me abalam não são as dramáticas... Neste campo o tango recreado a partir de "Roxane" está incrível... a brusquidão e rudeza argentina no seu melhor, desenhada numa coreografia imponente. O ambiente torna-se também bastante pesado em "The Show Must Go On", especialmente agora que conhecemos todo o contexto em que Freddie Mercury o escreveu.

Outro dos factos mais fantásticos deste guião, está na cena final. Há uma constante oscilação em que não se distingue o guião da improvisação, que sendo estes contrários quanto ao seu fim, a improvisação ganha um senso de realidade; parecendo assim pré-concebida para o público (que está longe de imaginar o que ali na realidade se passa). Mas a realidade da representação nas improvisações é mais fidedigna do que a própria representação pré-escrita, tal é a violência dos sentimentos que tomam conta dos actores naquele momento. E daqui revemo-nos em muitos dos nossos actos mais felizes no dia a dia: a felicidade de fazer aquilo a que os nossos sentimentos nos impelem, e não o que deveríamos... E viva a Loucura!

A mensagem final é sem dúvida: a melhor coisa do mundo é amar alguém e ser correspondido. E pensado bem... que outro sentimento tão grandioso e enaltecedor podemos viver? Não o desperdicemos, até ao último dos nossos dias...

Sérgio

05 setembro 2008

Mas é verdade...

Ontem falava-vos exactamente disto...

A música ligeira Portuguesa dos últimos 30 anos está cheia de exemplos destes. Temas fantásticos em originalidade e sentido musical, assassinados por arranjos vulgares e desprovidos de genialidade.

Possivelmente vou-vos melgar com outros temas da Mafalda Veiga e do João Pedro Pais que merecem melhor tratamento que as versões originais. Tomara o mercado norte-americano ter temas desta qualidade e originalidade nos tops; devidamente trabalhados, seriam mega-sucessos! Reparem nas letras, no trabalho vocal e na instrumentação base (neste caso, o piano; normalmente a guitarra ritmo). De lamentar apenas os violinos melodramáticos, nauseabundos e lamechas.

Por acaso, já conhecia este tema há alguns anos... quando em 1996 fui ao Dia do Motociclista, a Sagres, e o grande Nuno Satan nos brindou com uma tornée por Alfubeira aos locais onde havia sido animador, tendo feito uma versão karaoke deste tema, no mínimo, invejável! A letra marcou-me para sempre...

Sérgio




Mentira


Dá-me vontade de te ter a meu lado
Vendo-te a olhar p'ra mim
Sei que estou apaixonado, mas não posso ficar assim
Deitado num rochedo canto para ti
Como um pássaro livre que voa sem fim
Porque é que a vida nos trama, quando alguém se ama?
Ter de partir e não poder sorrir

Porque é que choras, porque é que dizes o meu nome?
Sem nunca me poderes tocar

Tenho saudades de te ver, vontade de te abraçar
Sozinho tocando uma guitarra junto ao mar
Recordo-me de ti, imagino porquê
A tua cara a flutuar

Porque é que a vida nos fascina
Tantas vezes nos domina
Acreditar que no amor
Não se sente a dor
Mas é mentira, mentira, mentira.


(João Pedro Pais, Outra Vez, 1999)

04 setembro 2008

São Poucas as Verdades Absolutas.

Este poderá ser até um final para Catarina e Lourenço (ver letra em baixo). O facto, é que são poucas as pessoas que conseguiram escrever e definir certezas... algo que depois de analisado, possamos concluir: não há como falhar!

Tenho um bocado a mania das verdades universais, e se há tema em que os dilemas se multiplicam, é este: a Amor! O relacionamento de duas pessoas, desde o momento que se atraiem, até ao momento em que têm de gerir as suas vontades numa vida a dois.

Admiro a Mafalda Veiga pelo texto que escreveu e que considero como parte dos melhores textos que já li. Admiro-a também pela capacidade de converter em música os textos que escreve. Mas nunca a considerei muito... muito menos o seu parceiro do último álbum, João Pedro Pais, sobre o qual, quem me conhece, já me ouviu dizer cobras e lagartos (até porque associo sempre a ele aquela palhaçada do Chuva de Estrelas: às vezes era um concurso de imitação, outras vezes era interpretação... deixei de assistir ao concurso exactamente na sessão em que participou... depois a hipocrisia do juri do público... enfim... acabei por deixar de ver televisão)!

Desde que ouvi este último trabalho a dois, dou o braço a torcer e reconheço a injustiça. Todos as minhas críticas deveriam ter sido dirigidas às equipas de produção dos respectivos álbuns e não a eles. Este último trabalho revela a qualidade de ambos. Não sei o quê ou quem é que mudou... mas os arranjos deixaram de ser aquela imbecilidade que há 30 anos domina a música ligeira portuguesa, abafando a originalidade dos músicos novos e tornando o som nacional uma pasta sem cor, cuja sonoridade dá náuseas e vómitos. São sempre as mesmas pessoas... ainda por cima desprovidas de qualquer originalidade a fazerem arranjos sem vida e a limar tonalidades sobre acordes menores... possivelmente todo o rock português foi composto sobre um teclado Yamaha DX-7 ou Korg K1. Por isso é tudo soa igual e soa mal... Foi assim que Adelaide Ferreira nunca brilhou... junta-se-lhe Rita Guerra, Lena d'Água e tantos outros, como os In Loco, que ficaria aqui o dia todos a enumerá-los.


Para sermos excepcionais há que fazer o que gostamos, mas com alma... com tudo o que temos! É o que está espelhado neste texto.

Sérgio





Cada Lugar Teu

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

(Mafalda Veiga, Tatuagem, 1999)