29 abril 2008

I'M YOUR MAN.

"I'm Your Man" é uma homenagem recentemente prestada a Leonard Cohen, por músicos maioritariamente canadianos. Foi editado sob o formato de um documentário sobre a vida de canadiano judeu e músico de excelência. É uma homenagem sincera, prestada em vida ao músico (como todas deveriam ser), em que pode ser invocada a sua biografia, ainda que de forma muito ligeira... sim, porque Mr. Cohen não é o tipo de pessoa que goste de partilhar a sua vida pessoal, nem precisa ou aprecia trampolins para o estrelato. Acima de tudo, porque não precisa... já é bem conhecido junto de quem ele pretende ser... e porque esse tipo de fama efémere não combina com a qualidade, consistência e imortalidade da sua obra. É... há casos em que uma vida recatada e afastada dos media, aumenta ainda mais a fama... mas acima de tudo, o prestígio!

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Quando se fala de Leonard Cohen, fama não é um termo apropriado; vassalagem, sim. Idolatragem, também. Admiração, muita seguramente. Veneração parece-me o termo mais adequado.

No final de visualizar este documentário biográfico, mesmo alguém que nunca tenha ouvido falar deste senhor, estará certamente rendido à sua pessoa, à sua obra, ao seu charme, ao seu olhar... à sua expressão sempre sorridente, sincera e tranquila. Leonard Cohen é um exemplo, um modelo de viver bem, de correcção, de educação, de civismo, de consciência... aquele tipo de pessoa que em cada acto, cada palavra, cada movimento, nos permite aprender uma lição de vida. Poucas pessoas chegan a este patamar... assim de momento só me lembro do meu pai... e do meu instrutor de Viet Vo Dao, José Manuel Mendonça.

A história de vida do senhor tem recortes curiosos... como por exemplo, tratar-se de alguém que nunca se sentiu confortável dentro de uns jeans! Por isso, veste usualmente um fato, como a roupa com que mais confortável se sente. Ao contrário do que se conhece, de mulherengo apenas tem a fama. Na verdade o Sr. Cohen é um defensor da vida com regras, com princípios rigidos, quase militares; a sua admiração por este estilo de vida leva-o mesmo a frequentar mosteiros e a co-habitar com o seu mestre Rushi e os monges, no seu estilo de vida característico. Aliás, aquele sorriso só podia ter essa origem...

Entre os músicos que neste documentário interpretam temas do Sr. Cohen, encontramos Nick Cave (com uma versão divinal de I'm Your Man, e outra de Suzane), Rufus Wainwright (interpreta vários temas entre os quais Hallelluja... tema que eu pensava ser do John Cale!), Antony (num tema que eu não conhecia, mas que é sem dúvida a interpretação mais impressionante do documentário... para vos aguçar a curiosidade, não vos digo o nome do tema!) e os U2 em dueto com o próprio, o Grande Leonard Cohen, em Tower of Song.

No documentário há duas citações que me tocaram em especial...

A primeira é de Nick Cave, que nos conta que na sua infância, vivia numa povoação pequena com a qual em nada se identificava. E descreve o dia em que ouviu pela primeira vez Leonard Cohen, como o dia em que se sentiu a pessoa mais "cool" do mundo! Tinha descoberto algo tão belo, tão próximo da perfeição, e que tão pouca gente conhecia. Sentia-se então como um iluminado... um privilegiado.

A segunda é de Bono, que nos diz algo como "... sejamos muito honestos... Leonard Cohen move-se em terrenos, nos quais muito poucos de nós sequer aspiram a algum dia atingir...". Chocante!

Outro momento muito particular no documentário, surge com o próprio Mr. Cohen a descrever o orgulho com que fez o prefácio para a edição em chinês de um dos seus livros... a humildade com que o faz e o escreveu é novamente chocante... Desde agradecer a aquisição do livro, a pedir desculpa caso o livro não agrade, a agradecer o tempo dispensado a lê-lo, e o orgulho por ter um livro editado na língua de uma cultura que tanto o influênciou ao longo da sua vida.

A obra musical de Leonard Cohen não é muito extensa... O resultado todavia é exponencialmente proporcional á quantidade de temas criados, em que cada palavra nas letras é analisada, repensada e até sofrida; tal como a componente musical, que conhecia sempre várias versões até chegar à final. Uma música poderia demorar um ano a ser criada... o resultado é de uma consistência anormal, apenas equiparada a compositores como George Gershwin.

Ouço a música de Leonard Cohen há muitos anos... os sons foram-me apresentados pelo meu pai, que tem vários discos dele (em vinil como eu gosto!). Em 1988 comprei o único registo do Sr. Cohen que tenho... I'm Your Man. Escusado será dizer que escrevi estas linhas ao som deste álbum... que adquiri em cd (podem não acreditar, mas perde bastante para a atmosfera Cohen reproduzida num vinil... é um daqueles casos em que a diferença é bastante significativa). Leonard Cohen não é um músico que eu ouça muitas vezes... mas é dos que mais toca no disco rígido do meu cérebro...

Deixo-vos com uma reflexão: conhecem Leonard Cohen? Eram capazes de enumerar um tema dele antes de lerem este texto? Quantos dos vossos amigos são capazes de responder a estas duas perguntas? Por vezes convém perceber como é que "gastamos" o nosso tempo de vida: será que o fazemos com coisas, pessoas, factos que realmente válidos? Efemeridade vs imortalidade é um tema delicado...

Sérgio

25 abril 2008

PARANORMAL por MONCHIQUE

Acabei agora de assistir à peça de teatro de Joaquim Monchique, PARANORMAL. Ainda em extâse, não tenho as ideias muito assentes... Mas mesmo não conhecendo o texto original de Miguel Falabela, uma coisa é certa: EXCEPCIONAL!

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EXCEPCIONAL é a melhor definição que se pode dar à performance de Joaquim Monchique. O actor realmente excede-se em palco, onde interpreta um paranormal que encarna em inúmeras personagens, consequência de um acidente cósmico provocado por uma das intervenientes no canal astral. Sozinho em palco, cria um tumulto de multidões em diálogos cruzados e seguidos, no melhor tom que a PT nos proporcionava há 15 anos atrás, altura em que frequentemente conseguíamos falar com 4 desconhecidos, bastando para tal levantar o auscultador.

Durante todo este enredo, o humor gira à volta da homossexualidade, racismo, e acima de tudo, sobre o rirmo-nos de nós mesmos: dos nossos hábitos, manias e tacanhismos. E o humor é muito! Muito mesmo! Ri a sessão toda e acabei quase a chorar... com a reflexão final que encerra a peça. Afinal, parece que tudo gira à volta de pessoas, felicidade e de como cada tenta alcançá-la.

O Auditório Pequeno do Rivoli dá um ar ainda mais intimista a tudo isto, tornando as nossas reacções ao guião, ainda mais à flor da pele.

Boa nova: o actor vai fazer sessões extra de 1 a 5 de Maio! Quem ainda não viu, não deixe de ir!

Sérgio

24 abril 2008

Editors

Esta é daquelas bandas que ouvi e adorei logo ao 1.º acorde!

Rock puro e duro como já pouco se faz, mas com consistência e melodia, liderado por uma voz forte e invulgar. A bateria e a guitarra estão lá como ninguém...

O 1.º álbum é mais original e colhe a minha preferência; o mais recente segundo álbum, surge mais polido, mas rock, mas um pouquinho mais comercial também.

Fui vê-los ao Coliseu no inicio deste mês. Adorei! A banda tem um speed incrível. O concerto é curto mas intenso; sempre a rasgar... Apenas peca pelo excesso de vedetismo do vocalista.

Aproveito a oportunidade para vos apresentar o blogue do JC, que também este comigo no concerto. Grande abraço JC!

http://jc-impactus.blogspot.com/2008/04/editors.html


Sérgio

16 abril 2008

LAAX 2008.

A primeira semana de Março desta ano foi, para mim, a mais ansiada dos últimos 12 meses. Férias de neve marcadas em Laax, na Suiça, numa estância com mais de 200 kms de pistas.

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Mas este ano a coisa não correu pelo melhor... Logo este ano, em que esta foi a minha única semana de férias; e com a agravante ainda, de que no ano passado, não pude acompanhar os meus amigos na minha semana de férias favorita (por motivos laborais... digamos...). Um dos meus sonhos é esquiar em Itália e no ano passado o destino era esse... não me deu muita sorte. Outro dos meus sonhos era esquiar na Suiça... também não me deu muita sorte... digamos que já houve férias de neve que me sairam melhor!

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No 1.º dia, depois da viagem de avião e de autocarro, mal cheguei ao hotel à noite, percebi que estava com febre. Lá vai bomba ao jantar e ao outro dia de manhã, tudo impecável. Só que, tinha chuvido na noite anterior, e a neve estava uma mer..., com apenas meia dúzia de pistas abertas. É estranho esquiar e tudo à nossa volta estar verde... castanho... e o branco ser escasso... Para além da neve estar um nojo: a derreter; fazia-nos travar, pastosa... mais parecia um granizado. Aliás, era quase toda neve artificial.

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O dia correu bem e com muito calor e sol. Não gosto de esquiar com calor; transpiro muito, tenho muito calor, aquela roupa torna-se desconfortável... e ao final do dia acabo por ficar gelado. Esquiar para mim é com frio; bem agasalhado; e muita neve!

À noite ficamos fascinados com o SPA do hotel. Uma piscina fantástica com 7 tipos de hidromassagem distintos. Sauna, banho turco, chuveiros e piscinas de água fria. Fantástico! Tal como já tínhamos constatado na Áustria, os nossos congéneres da Europa Central têm uma prática estranha neste ambiente: se por um lado, são muito púdicos quando comparados com os latinos, quando estão na sauna, banho turco ou piscinas de água fria, andam totalmente nús. Pior, sentam-se nús neste ambiente público, sem usarem uma toalha! Enfim... Claro que dentro do nosso grupo, ninguém andou nú... Se tal acontecesse, seríamos os únicos a repararmos em nós mesmos... Como tal, todos sempre de toalha, calções ou fato de banho, para grande espanto dos estrangeiros... e em prol da nossa higiene!

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Estava tudo óptimo e animado ao jantar, quando a febre deu os primeiros sinais de presença novamente. A minha sorte, é que as minhas amigas têm sempre uma farmácia com elas, e salvaram-me da minha inconsciência de ir de férias sem um único medicamento (nem Guronzan)... é que ainda não tomei consciência que tenho 35 anos, e estes imprevistos podem surgir... Bem, 2.º dia sem sair à noite depois de jantar...

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No dia seguinte já havia bastantes pistas abertas. O dia estava encoberto, mas acabou por abrir alguns momentos de sol. No entanto, a neve estava na mesma... só acima dos 2.000m é que era aceitável. A meio da tarde encobriu mais e à noite começou a nevar. Bem precisa era!

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De regresso ao final da tarde, o SPA voltou a deleitar-nos. Depois de um dia fisicamente exigente, uma passagem por todas aquelas massagens, o contacto com a água, a sauna e o banho turco põe-nos novos! O problema é que aumentou a febre, que já havia sentido quando cheguei ao hotel. Ao jantar até arrepios tinha, apesar do calor enorme que estava na sala. Claro que não saí à noite e que tomei uma boa bomba, para que no outro dia estivesse apto para a modalidade! Por falar em esquiar, nestes primeiros dois dias de ski, ainda não tinha sentido “aquele” prazer de esquiar... seria da condição física debilitada... ou da porcaria da neve que tínhamos apanhado?

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No dia seguinte pela manhã continuava a nevar! Estava um dia bucólico, mas com uma neve muito apetecível! Apesar de ter alguma febre, fui esquiar e deliciei-me com um dia incrível e uma neve deliciosa. Às vezes havia algum vento e nevoeiro, mas até ao momento havia sido, sem dúvida, o melhor dia de todos.

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Ao final da tarde, optei por não ir ao SPA (bem me custou); estava com febre. No dia anterior tinha-me feito bem aos músculos, mas tinha aumentado a febre... Nem assim a febre baixou, antes pelo contrário, e ao jantar estava a ferver... Além disso, durante o dia tinham-me aparecido fortes dores de garganta, ao ponto de estar quase sem voz. Depois de jantar ainda me sentia pior e as bombas farmaceuticas nada actuavam... Cheguei a aborrecer o meu médico: santo homem! Salva-me sempre nas férias, porque acaba sempre por acontecer qualquer coisa... Joelhos magoados, tendões partidos, enfim... Desta vez era só uma amigdalite... Fui operado com 4 anos e nunca mais voltei a ter uma crise de amigdalas... E havia de ser exactamente 31 anos depois, na minha única semana de férias!

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A noite foi tenebrosa... no outro dia não consegui ir esquiar. Depois de uma longa discussão ao pequeno-almoço, entre tomar os antibióticos disponibilizados pelas minhas amigas, ou ir ao médico, inicialmente optei pela primeira. Mas quando me vi sozinho no hotel, saltou-me a tampa, e tive mesmo de sair dali... Fui ao médico! O hotel disponibilizou-me um motorista para me levar e trazer (vindo de suiços, quem diria...). Fui recebido numa clínica que é uma moradia com instalações fantásticas, muitas assistentes, o médico a facturar aos blocos tempo de 5 minutos, análises ao sangue, exames gerais, diagnóstico feito e saí do gabinete do médico com os medicamentos na mão. Factura: 200€! Valeu-me um seguro de viagem que uma amiga insistiu para que fizessemos!

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Ao final do dia, depois de uma boa soneca e um banho, já era outro! Os meus amigos, por amabilidade, disseram que eu fiz bem em não ir... que esteve muito frio... má visibilidade... são mesmo uns porreiraços!!!

Mesmo assim fiquei inconsolável... é que eles aproveitaram (e muito bem), um dia pior em termos climatéricos, para fazerem um jogo de rugby na neve, e eu não podia mesmo participar...

À noite claro que não saí. Nem fui ao SPA. Mas durante o jantar estive bem disposto, a comida soube-me bem e dormi bem. Acordei com um sol fantástico e um céu azul, azul!
Nos dois dias que nos restavam de férias tivemos sol e neve fofa: o cenário de sonho de qualquer esquiador! Fizemos pistas espectaculares, as brincadeiras do costume, cantamos o hino no teleférico, corridas, dançamos nas esplanadas, e no último dia, ainda houve tempo para comprar umas lembranças para o pessoal cá de casa. Enquanto andava de loja em loja, vi passar um desfile de automóveis de fazer babar qualquer apreciador... A6? Não... RS6! Várias! BMW, sim, mas com 6 ou mais cilindros! Range Rover, claro! Lindos! Aliás, até o edifício da UBS é LINDO!

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O dia de regresso é sempre feito com aquela nostalgia depressiva, de quem vem de uma semana no paraíso... e com muito sono, porque nos últimos anos, os low cost têm nos tirado da cama de madrugada (4 da manhã!). Cheguei cá e fui dormir... havia que recuperar da ressaca dos antibióticos.

Fez este ano 11 anos que comecei a esquiar (12.ª temporada). É sem dúvida das coisas que mais prazer me dá. A paisagem, o silêncio, o branco da neve, a adrenalina, a sensação de liberdade... ski ou snowboard, não interessa qual. Venham os dois em muita quantidade. Tive a sorte de ao 4.º ano conhecer um grupo espectacular! Há anos em que cresce, outros em que diminui, outros em que se renova... mas a essência está lá! Espero conseguir esquiar muitos anos. Enquanto o fizer com o mínimo de dignidade, lá estarei! Espero também que este grupo se mantenha tanto quanto possível unido. São geniais! Obrigado por me aturarem!

Sérgio

P.S.: não coloquei as melhores fotografias, porque nessas aparecem os meus amigos, e há uma meia dúzia de "conas" que "não se querem expor na internet"... enfim! Ninguém é perfeito!