23 janeiro 2008

Bem-vindos à Era "Não-Fumador"!

Na sexta-feira passada, depois de um delicioso sushi num dos restaurantes mais bonitos do Porto (Terra), dei um salto a um bar fora de série: “Casa do Livro”.

Foi a minha primeira “saída” na era “não-fumadores” e foi surpreendente! Até já me apetece sair outra vez! Claro que para tal muito contribuíu a companhia de três pessoas muito especiais (já sabem que eu não digo quem são por questões de privacidade... alheia! Ehehehe!). E sabem que mais?! No outro dia de manhã estava fresco que nem uma alface, e nem o quarto, nem a roupa, cheiravam a fumo!

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Não é a primeira vez que vou ao Terra e continuo a achar que é o melhor sítio da cidade para nos deliciarmos com um bom sushi. No entanto, nunca tinha jantado na sala de cima; em baixo junto ao balcão, temos a vantagem de ver os “fakirs” a prepararem iguarias; mas ficar ao balcão é bom quando somos só dois, tal como as mesas da sala de baixo. Desta vez éramos quatro, pelo que a sala de cima foi uma imposição muito agradável. O ambiente é sofisticado, bonito, elegante, e igualmente confortável e acolhedor. Se juntarmos a isto o prazer de agora podermos usufruir dos cheiros dos alimentos que nos vão apresentando, o prazer de saborear é ainda maior, pois não temos as narinas entupidas de nicotina oriunda das mesas em redor. Consequentemente, também não temos ninguém na nossa mesa a dizer “...vamos pagar e sair daqui... já tenho os olhos a picar...”, ou “...preciso de ir apanhar ar... está muito fumo e muito abafado aqui...”. Isto proporciona um convívio maior, mais descontraído, e principalmente, mais saudável à mesa. Curioso é ver que volta e meia as mesas ficam desertas... e passados uns minutos, os mesmos clientes regressam...

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Note-se que não tenho nenhuma má vontade contra o tabaco (ao contrário de muita gente fanática). Até adoro fumar! Mas sou contra que se fume em sitios fechados. Gosto de ser eu a decicir quando quero fumar! Não gosto de ser obrigado a fumar... Já imaginaram se vos obrigassem a beber uma determinada bebida alcoolica, sempre que alguém na sala o quisesse fazer?! Não havia refeição que nos salvasse do coma alcoolico! Não usufruiríamos da refeição em si... Portanto, porque raio haveríamos de continuar a ser condescentes com o fumo?! Esta nova lei só peca por tardia! E quem está mal que se mude... para Marrocos por exemplo!

Há que ter em conta também, que o tabaco e o álcool são nocivos à saúde, pelo que na minha óptica só são admissiveis quando consumidos com moderação. Ou seja, como um prazer e não como um vício...

Já não deveria faltar muito para a uma da manhã quando saímos do Terra e nos dirigimos, por sugestão de um dos ilustres presentes, para a baixa portuense. O destino escolhido foi a “Casa do Livro”; e não poderia ter sido melhor a escolha! O bar é lindíssimo! Tem um ambiente excelente, casuísticamente seleccionado e a música é fabulosa! A “Casa do Livro” tem duas salas contíguas: na primeira está o bar proporiamente dito; na segunda estão dos DJs. Dança-se por todo o lado, pois a música assim o proporciona! E de que maneira!

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A fantástica parelha de DJs de serviço apresentava blocos temáticos, de aproximadamente 15 minutos, passando por distintos estilos músicais, desde da pop dos anos 80, às orquestras de jazz dos anos 50, mas sempre com muito bom gosto, critério e requinte. Os meus sinceros parabéns, porque há muitos anos não via profissionais tão dignos, empenhados e originais (já sei que vão dizer que só digo isso porque já fui dj e que sou um exagerado e muito rigoroso e bláblábláblá...). A verdade é que todo o bar dançava, independentemente da idade de quem lá estava.

O som é aceitável, dentro da mediocridade que a maioria das casas nocturnas oferecem... o que é um contrasenso: saímos para ouvir música e dançar e o som é fraco... O volume não é exagerado e consegue-se conversar com alguma facilidade. O contrário é que não faz sentido: sair com os amigos para ficar calado, tipo múmia, ou com a garganta arruinada ao dia seguinte... Ok, também saímos para beber uns copos... e se as bebidas não forem boas ninguém lá vai. Porque é que o critério da qualidade de som e da música não é o mesmo?!... O Porto tem pouca oferta nocturna e os noctivagos portuenses deslocam-se, a maioria das vezes, em manadas movidas por “modas”... logo, independentes da qualidades das paragens por onde vão estacionando de copo na mão (e com o nariz vermelho!). Isto leva-nos aos locais ditos alternativos, se procuramos bom ambiente, “gente bonita” e boa música para ouvir e dançar, mas também boas condições para conviver e conversar, independentemente da quantidade de copos que tenham passado pelas nossas mãos... E é exactamente este o espaço onde a “Casa do Livro” encaixa e dá cartas!

Sérgio

P.S.: Fotografias de Pedro Aroso e Lifeccoler; consultem
http://www.casadolivro.pt/ under constrution!

13 janeiro 2008

Sinais de "Geração Ultrapassada".

Sair de casa e esquecermo-nos de algo é sinal de velhice... de estar a ficar senil... mas, mais trágico é sair de casa e esquecermo-nos de levar a nova de selecção de cds para o carro, e para remediar isso, vamos fazendo um zapping radiofónico. A certa altura descobrimos que há já vários minutos que não mudamos de estação, enquanto cantamos eufóricamente no carro... o problema é que a única estação de rádio que passou música que gostei foi... a M80!

Sérgio

11 janeiro 2008

Ano Novo... Som novo?!

Este ano, durante o mês de Dezembro e a primeira semana de Janeiro, tive mais por casa que o habitual. Tive assim oportunidade para me brindar com muita música, criando ambientes tão peculiares quanto a combinação de um som de excelência e o nosso imaginário podem conseguir.

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A maioria de vocês já dever ter ouvido falar deste senhor: Joe Henry... mas eu não! Até há uns dias atrás, nunca tinha ouvido falar dele... achava eu! Mas afinal já tinha... passo a explicar.

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Graças mais uma vez ao Cali Jo, homem de muitas alcunhas... há 3 semanas atrás ouvi pela primeira vez o álbum “Fuse”, de 1999, e fiquei deliciado. Tenho pena é de não o ter ouvido há 8 anos atrás... vejam só a discografia dele... Surpresa!

- Talk of Heaven (1986);
- Murder of Crows (1989);
- Shuffletown (1990);
- Short Man's Room (1992);
- Kindness of the World (1993);
- Fireman's Wedding (1994, EP);
- Trampoline (1996);
- Fuse (1999);
- Scar (2001);
- Tiny Voices (2003);
- Civilians (2007).

Joe Henry escreve e compõe, canta, toca guitarra e ainda é o produtor dos seus temas.

Pelo que parece, até ao álbum Trampolin de 1996, Henry dedicava-se ao country. Neste álbum todavia, e com a participação do guitarrista Page Hamilton, introduz uma sonidade mais “metal”. Metal rock e Country não costumam ser muito compatíveis, mas até estou curioso para ouvir.

Já Fuse, de 1999, traz-nos uma trip hop, que nada tem a ver com country ou metal rock. E asseguro-vos que tem tanto de fantástico como de original.

Daqui para a frente começa a tournée pelo mundo do jazz... pessoalmente, ainda mais curioso estou para conhecer.

Até aos nossos dias, Joe Henry colaborou com muitos nomes igualmente originais: Teddy Thompson; Aimee Mann (de facto, na capa do “Forgotten Arm”, dizia produced by Joe Henry). Ou mesmo “pesos pesados” como Billy Preston (já falecido) e Elvis Costello.

Sem querer falar do que não conheço, acho que há aqui bons indícios para passar umas boas horas... vai ser uma chatice… tenho de ouvir os outros todos!

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Por falar em country... Este ano, Michael Lanegan tem tido um tempo de antena especial. Não é country puro... mas a voz é fabulosa, o som característico e cria aquele efeito de conforto tão apropriado para os dias de chuva em casa. O mesmo tem acontecido com Bill Callaham; este descobrio-o há tanto tempo quanto o Joe Henry (e graças ao mesmo Cali Jo). É mais melódico, mas tem a mesma inspiração country. A voz é igualmente acolhedora, forte e envolvente... mais suave e menos rouca, a condizer com o som também mais consensual e pop. No mesmo tom, naturalmente surgem Micah P. Hanson (este com uma vertente rock mais afirmada, por vezes num som minimalista, mas com uma voz igualmente soberba) e Gordon Lightfoot (este é da velha guarda, dos fabulásticos anos 70, década do rock sinfónico, e empreende um som country-pop tão característico da época).

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Nestes dias, a necessidade do aconchego sonoro leva-nos também para outras paragens... Mojave 3. Estes só pecam por uma voz (masculina) demasiado melosa... falta-lhe personalidade. O som é um tanto indiferente... mas permite-nos, por um lado, ignorar, por outro, aconchegar ao sofá. Fora de série é a voz feminina presente em algumas faixas e nas vozes de fundo. Um delírio aconchegante. Quem fala em Mojave 3, fácilmente complementa com Lilac Time e Dream Academy.

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Outro álbum que se molda muito bem ao sofá e aos dias de chuva é “North” de Elvis Costello... é engraçado como os nomes se repetem ao longo do texto... só uma nota sobre esta obra-prima: é o 22.º álbum de originais do músico! Foi editado em 2003, e entretanto, Elvis Costello já editou mais dois... Esta é a diferença entre a genialidade e a efemeridade musical.

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No meio disto tudo, se houve disco que ouvi inúmeras vezes durante o mês de Dezembro e primeiros dias de Janeiro, foi “Blue Train” do John Coltrane. É um disco viciante; quando se começa a ouvir, só dá vontade de ir virando, e virando, e virando. É claro que o encanto do vinil faz sobressair a sonoridade de referência.

Houve ainda outros vinis a rodarem repetidamente: “Live in Australia” de Elton John (os arranjos orquestrais são do outro mundo... a Orquestra Sinfónica de Melbourne deslumbra, especialmente na brusquidão das tubas e dos violoncelos, e na leveza dos solos de harpa; o homem é que teve azar: é que logo no concerto da vida dele, havia de estar rouco!); “The Final Cut” e “The Dark Side of the Moon” dos Pink Floyd (se o primeiro é o estado da arte, o segundo é a obra-prima da banda); e ainda, “Nights in White Satin” dos Moody Blues (este conta com a London Simphony Orchestra, e hão-de ouvir com atenção o fecho do disco... depois do tema que dá nome ao álbum terminar, iniciam-se alguns minutos de orquestra com um narrador que cita algo de deslumbrante e eloquente... ouçam!).

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Ainda por arrasto: o álbum “Forgotten Arm” de Aimee Mann. É melódico e suave, principalmente na voz, mas tem umas guitarras vincadas, que lhe dão um charme rock, sempre agradável, mesmo quando estamos enrrolados no sofá com um livro na mão; uma lareira caía mesmo bem... um copo de vinho tinto também... do douro e de 72 seria ouro sobre azul!

Sérgio