21 setembro 2007

Amiguinho... vai passear...

Sempre defendi Scolari perante tudo e todos. Quer se goste, quer não, nunca Portugal ascendeu a tão alto patamar futebolístico, portanto, estou-me nas tintas para se ele é treinador de futebol ou psicólogo... O que não suporte é a mania do “quase”... quase conseguíamos...

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Parece-me, no entanto, que depois deste incidente com a Sérvia, o único caminho possível é o da demissão... é claro que é apenas a minha maneira de ver as coisas, e muitas haverá, mais ou igualmente válidas.

Não é pelo acto de agressão em si... todos infelizmente temos momentos maus. É pela cobardia de se desculpar atrás do Quaresma, que estava lá impávido e sereno, e nem se apercebeu do que estava a acontecer.

Com que moral este treinador disciplinará os seus jogadores para um comportamento desportivo em campo, evitando conflitos e agressões (já para não falar nas típicas manhas de se atirarem para o chão por tudo e por nada, mesmo quando a possibilidade de golo é iminente), em que Portugal tão bem conceituado está?!

Ainda por cima, este nosso amigo tem cá uma lata, que lhe chega para classificar a sanção da UEFA como “excessiva”!!!

Já se sabe que a UEFA (e os franceses) não “gosta” especialmente da Selecção Portuguesa (pelos motivos já referidos). O que não me parece é que se consiga alguma credibilidade com atitudes destas! A UEFA é liderada por uma cambada de panacas da Europa Central, só por sí tão retrógados, mentecaptos e atrasados mentais. Até o próprio porta-voz foi capaz de mencionar a sanção monetária do Scolari em Francos... Há quantos anos arrancou a zona Euro?

Esta demissão do Mourinho caiu mesmo como uma luva! Este sim é o seleccionador ideial para Portugal e capaz de colocar o nosso país no nível de credibilidade que merecemos!

Sérgio

03 setembro 2007

Conversas Soltas I

Conversa entre dois amigos à noite, num bar ao ar livre.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket


ELE: Então, andas mais animada com a vida?
ELA: ...sim ando... aos poucos acabamos por nos conformar e vemos que afinal, temos muito mais do que achamos que temos, ou desejamos. A vida mostra-nos de formas diferentes, que grande parte das coisas que queremos, já as temos... só não lhes dámos valor, porque estamos muito preocupados em ter cada vez mais... e achamos que o que os outros têm é que é bom, melhor do que o que temos... do tipo... “eu quero igual ao meu vizinho” e lá estamos a desprezar novamente o que temos.
ELE: O teu lado racional faz todo o sentido... mas aplicado aos sentimentos e à inexplicabilidade de alguns, acaba por perder o sentido...
ELA: Sabes... muito honestamente, acho que queremos o impossível. Quase uma miscelânia de pessoas... Se calhar o homem que tanto amo e tão boa companhia me faz, e com o qual me vejo a partilhar a minha vida até ao final dos meus dias, não é o amante na cama que mais me luxuria... mas que posso fazer?... A verdade é que passo mais tempo fora do que dentro da cama... eheheh!...
ELE: Ehehehhe!
ELA: ...ai, ai... De facto, é impossível termos tudo o que queremos, especialmente quando se tratam das características das pessoas que partilham o nosso coração.
ELE: Sabes... às vezes acho que é mais do que isso, e que não bastava que essa pessoa fosse tudo aquilo que mais desejamos; tería ainda de ter o dom de nos transformar em tudo aquilo que gostaríamos de ser! Também por isso acredito que tenhas razão... e eu próprio também alimento uma relação por quem nutro algo especial... um misto de um sentimento muito especial com admiração, que torna muito agradável e desejável a companhia dessa pessoa. Que cria aquela cumplicidade a dois... o espírito de equipa... a melhor amiga, a melhor companhia... no fundo, a cara metade!
ELA: Então onde está o senão?...
ELE: O senão está naquilo que por vezes também sentes. Onde está a paixão? Não há lugar para a irracionalidade?! Não tens saudade daquele sentimento indomável, que inexplicávelmente te atrai até alguém, cujo corpo te magnetiza e te excita imediatamente?! Não tens saudades de sentir o incontrolavel?! De fazer loucuras... tipo sair de casa às 2 da manhãa a arder de vontade, ter sexo a noite toda e na manhã seguinte enfrentar um dia de trabalho?... São experiências que te marcam com níveis de felicidade e adrenalina difíceis de igualar! ...e impossíveis de manter... digo eu...
ELA: Às vezes acho que esse turbilhão de sentimentos descontrolados não é saudável, nem traz felicidade... é quase uma ansiedade de luta contra um vazio. Como se lutasses pela atenção de alguém que nunca vais ter... Não te parece?! Reconheces que é altamente desgastante?
ELE: Entendo-te... mas que dá cor à vida dá! É a chamada “foda do século”!
ELA: Ahahahah! Se é! E que cor dá... Ahahahah!
ELE: Mas a verdade é que também seria impossível viver sempre assim... inconciliável com o dia-a-dia... com a vida profissional, por exemplo!
ELA: Claro! Mas é muito bom sentir que alguém nos deseja e quer a nossa companhia, porque mais ninguém consegue, ainda que momentaneamente, ser melhor companhia, ser mais desejável. É um desafio que tem de se manter no dia-a-dia de uma relação.
ELE: ...nem imaginas o quanto me bato por isso... por não haver rotina nos sentimentos; é necessário ir contra a acomodação de sentimentos e companhias. A pessoa que partilha a maioria do nosso tempo tem de ser a mais desejada.
ELA: Sem dúvida... Antigamente o casamento era um posto e ponto final. Hoje somos muito mais exigentes... até demais! Mas a felicidade assim o obriga... acho eu! Parece-me positivo que assim o seja, apesar da enorme contrariedade que é viver com alguém a tempo inteiro e suportarmos os defeitos uns dos outros: o mau acordar, o mau hálito, o aspecto “desgrunhado” com que acordamos, o “roncar” durante a noite... eheheheh!
ELE: Ehehehehh! A tampa da sanita! Ehehehhe! Só mesmo tu!
ELA: É verdade! Eheheh!
ELE: Eu sei que é! Ehehhe! Mas a forma como o expressas é fantástica!
ELA: O que te estava a dizer é que o nosso inconformismo com alguns aspectos da outra pessoa, acaba por ser positivo. A meu ver! Pomos pressão na outra pessoa, para que esta se torne melhor. Eu gosto de sentir essa pressão e de ter de lutar para satisfazer o homem com quem vivo.
ELE: Digo-te mais... quando assim não é, a relação perde o encanto. Mas também é apenas a minha opinião... e acredita que para a maioria das pessoas, a coisa é exactamente ao contrário: há que conformar e habituar à forma de ser de cada um. Quando descrevo a forma como vejo a dinâmica de um relacionamento, chamam-me idealista e utópico!
ELA: Ehehehe! E olha que somos um bocadinho...
ELE: Tanto quanto exigentes... e ambiciosos! Ehehehe!
ELA: E irreverentes! Ahahahahah!
ELE: Ehehe! Bem, nós os dois juntos havia de ser lindo! Ehehe!
ELA: Havia, havia... mas não é por isso que perco a vontade de ir para a cama contigo! Ahahahahah!
ELE: Ehehehe! Vai gozar com outro, que a ti já te conheço de gingeira! Eheheh!
ELA: Ah!... Sabes, acredito que de facto, os opostos atraiem-se, porque na verdade, complementam-se.
ELE: Sem dúvida! Até porque duas pessoas que estejam sempre de acordo, partilhem sempre da mesma opinião, tenham sempre as mesmas preferências, escolhas e gostos... deve ser um tédio! Ehehhe!
ELA: Eheheh! Grande seca! Ehehhe!
ELE: Acima de tudo, acho que se perdia o melhor da relação: a evolução que o confronto implica.
ELA: Pois... o problema é que na maioria dos casos, o confronto leva à separação... Repara que a maioria dos casais que sobrevivem, são mesmo esses que acabaste de descrever com “uma vida de tédio”.
ELE: Aí é que está o desafio... voltamos a tentar controlar o incontrolável... a tentar manter o instável... a tentar dominar, diáriamente, o indomável... senão, onde está a pica da relação?! Se nos dermos os dois como infinitamente satisfeitos um com o outro, nenhum dos dois vai fazer esforço algum para continuar a encantar o outro... Aí não será o confronto, mas a rotina, que irá destruir a relação.
ELA: Eu sei que tens razão... Mas é mais fácil aceitares viver com uma pessoa que te diz amém a tudo, do que com outra que sabes que constantemente te vai confrontar com uma forma de ser diferente da tua! Assusta! É um tanto irracional... Eu sei que nem tudo é óbvio; e neste caso, seguramente, o caminho certo não é o da auto-estrada, mas sim o da estrada de montanha, cheia de curvas cegas, altos e baixos, e desvios sem tabulentas a indicarem-te o caminho...
ELE: Pois... entre um mar sereno e um mar revolto, todos escolhemos o primeiro para um bom dia de praia... Mas quem escolhe o mar revolto diverte-se muito mais, apesar de sair muito mais cansado... e até arriscar-se a não sair... Não é assim surfista?!
ELA: É assim surfista!
ELE: Sabes, apesar disto tudo... há um medo que me assombra... Envolvo-me muito com as pessoas e a última coisa que quero é voltar a separar-me... A pior coisa que há para mim, é terminar um relação... Prefiro levar com os pés e sofrer como um cão abandonado, do que fazer sofrer alguém, ainda por cima de quem gosto tanto... Sim, porque não pela relação ter terminado que deixo de gostar! E isto é contraditório com a minha maneira de ser...
ELA: Não penses nisso... acredita que te entendo bem, como entende qualquer pessoa de bom senso e que está de boa fé. Deixa a vida correr inconformada...

Sérgio

P.S.: texto escrito em Novembro de 1997. Fotografia do Capítulo V na Praia da Oura (www.portugalnight.com).