22 dezembro 2005

Podia Ser Natal... e Não Ser Farsa.


O que escrevo hoje não é novo e não vai mudar nada... O que escrevo hoje vai cair no esquecimento, como caíram palavras de pessoas bem mais sábias e mais bem escritas... Mesmo assim vou escrevê-lo, porque quero continuar a acreditar que as coisas podem sempre ser melhoradas; quero continuar a acreditar que é possível que o Mundo seja um lugar melhor; e se o pretendemos, devemos começar por mudarmo-nos a nós mesmos em vez de ficarmos à espera que os outros mudem. È claro que isto não se consegue com uma pessoa, nem com um grupo de amigos... nem mesmo com um país! Por isso, até eu vou-me esquecer do que escrevo hoje.

Todos os anos, crentes em Deus ou não, aderem ao espírito comercial do Natal. Compramos um montão de prendas e mal temos tempo para as entregar aos destinatários!!! Oferecemos bens materiais a pessoas, muitas das quais, precisam de atenção e carinho, tendo dificuldade em arrumar nas suas casas uma quantidade interminável e inútil de “canquilharia” oferecida a título de “lembrança”. A adicionar a isto, cada vez é maior o número de pessoas que não têm Natal, dormem ao relento e lutam dia a dia contra a fome, doença e solidão. Há ainda os que lutam para continuarem vivos... é que o Natal é uma data predilecta para alguns terroristas... É neste egoísmo e hipocrisia que vamos continuando; podia ser pior... pelo menos o Natal serve para nos lembrarmos de algumas pessoas e independentemente de tudo o resto, sempre se respira algum carinho, harmonia e felicidade!

A situação a nível mundial é muito grave... 95% da riqueza mundial está concentrada em apenas 15% da população. Sabiam que menos de 20% da população mundial tem conta bancária? As necessidades são muitas, mas mesmo assim os “senhores dos milhões” preferem prendar-se a si mesmos com uma excentricidade qualquer, do que alimentar centenas de necessitados durante um ano (até eu e ao meu nível, podia abdicar que alguns luxos e fazer doações... já pensei em não comprar prendas e oferecer aos mais necessitados o orçamento disponível... mas à ultima da hora acobardo-me pelo medo de ser injusto com as pessoas que gosto); os governos dos países ricos em recursos naturais, preferem o desperdício de recursos escassos ao crescimento económico sustentável, só para que o poder não fuja das mãos de meia dúzia de “imbecis”.

Mas não pensem que só há grandes atrocidades... todos os dias tropeçamos em centenas delas... pequenas, mas que doem... Querem um exemplo de injustiça e hipocrisia? Aqui vai... Na empresa em que trabalho (Agência de Inovação, S.A. – empresa privada de capitais públicos que faz a gestão de fundos públicos e comunitários para dinamizar a inovação empresarial e transferência de tecnologia) foram contratados 13 estagiários recém-licenciados. O ordenado pago é de 530€... menos que a telefonista ou a empregada da limpeza... mas não fica por aqui! Estes estagiários foram contratados todos de uma vez e quando chegaram nem sitio tinham para se sentar. Não foram devidamente apresentados, muito menos lhes foi dada qualquer formação. Irão trabalhar tarefa a tarefa, a conta-gotas doseado por alguns coordenadores que não terão disponibilidade para os acompanhar devidamente. Durante o contrato darão à manivela com quanto força tiverem; sempre que a manivela encravar, não saberão como resolver o assunto. Trabalharão sem horário e sem pagamento de horas extraordinárias, sem qualquer programação do trabalho... suportarão o caos na ânsia de conseguirem um lugar de trabalho no futuro (porque sabem que dos 13 talvez fiquem 3...). Uma das estagiárias sujeitou-se a ir para Lisboa, mesmo sendo da Póvoa de Varzim. Como será que estes novos colegas engoliram o almoço de Natal da empresa? Terão alguma espinha de bacalhau entalada? O que terão achado de toda aquela alegria e fraternidade tão artificial? Eu estou com dores de estômago e nem sequer fui ao almoço...
Por isso é que nunca serei um bom economista... este facto foi aceite com a maior naturalidade pela empresa. Tentei contrapor à Administração, mas sem qualquer êxito... os argumentos são os do costume. Que me interessa a mim que todos os empresários façam o mesmo? Está errado! A escravidão foi abolida há séculos, independentemente de ser ou não uma oportunidade do mercado! Não é pelos outros se comportarem sem princípios e escrúpulos que devemos copiar ou aceitar essa forma de agir.
Tentei usar outros argumentos, como a qualidade do trabalho: mais valia contratar só 5, forma-los convenientemente e criar profissionais válidos, capazes de acrescentar valor ao trabalho a desenvolver, capazes de “pensarem”, em vez de se limitarem a “deglutir papel”.
Ainda por cima, a maior ironia de tudo isto, é que dinheiro não falta nesta casa... os programas tinham seus orçamentos executados a 50% em finais de Setembro, por falta de ideias válidas por parte da Administração para atingir os fins em causa. Ora, se há trabalho atrasado, vamos resolve-lo bem... caso haja erros (e há sempre) na altura de encerramento dos programas, as pessoas que os cometeram já cá não estarão para os justificar ou corrigir. E quem o fará?

Os Portugueses criticaram países estrangeiros porque durante anos maltrataram os nossos que noutras terras tentaram a fortuna. Hoje em dia fazemos isso aos estrangeiros e a nós mesmos...

Sérgio


Podia ser Natal

“Podia haver uma luz em cada mesa
E uma família em cada casa
Jesus em Dezembro, aqui na Terra
Podia ser Natal e não ser farsa.

A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador

Podia ser notícia o fim da Amargura
Que divide os homens por trás dos canhões
A fome e a miséria servem a loucura
Que forja profetas e divide as nações.

Podia ser verdade o tom e o discurso
Desse velho actor falando aos fiéis
Mas nada se passa na noite do mundo
Máscaras de dor, pequenos papéis

A história certa é
Natal de porta aberta
Podia ser Natal."


Letra e Música de António Manuel Ribeiro
Dueto com Miguel Ângelo em “Espanta Espíritos”
(Colectânea de Natal de Música Portuguesa editada em 1995)

7 comentários:

Anónimo disse...

bem isto ate parece prxeguição!ate aki venho comentar, mas não consegui ficar "calada" com este post!
bem eu não sou crente,alias para mim a igreja tem uma posição mto duvidosa na nossa sociedade,mas isso e um assunto para outra altura!sendo agnostica o natal para mim n devia ter kk significado, mas habituei.me dsd novita a k dia 24 a meia noite(era mais cedo pk eu nunca aguentava mto)recebia os tão desejados presentes...era o nenuco da mochila, a barbie k falava, a boneka k n fazia nada mas k eu gostava mto...etc,etc,etc!
a uns anos para ca decidi olhar para todos os bonekos k tinha, prendas de tal e isso, fikei espantada:a quantidade e tanta k eu provavelmente nem nunca utilixei alguns dos bonekos!e de uma estupidex e futilidade extrema!n posso culpar os meus pais, afinal eles so me kixeram dar akilo k nunca conseguiram ter:milhares de bonekos!tb n me posso culpar a mim, era uma criança!!so posso culpar esta sociedade consumista(da qual eu faço parte) k estraga a bela em dar um presente a kem realmente gostamos, com o verdadeiro sentido de: bom natal, lembrei.me de ti e comprei.te estas lembranças!sim pk hj em dia chegamos ao ponto e comprar prendas po gato, da tia do primo da vixinha k mora n 5 andar do noss predio, e so n compramos mais pk n ha possibilidade, afinal o pais ta d tanga!
em media cada criança rexebe (em portugal) 8 brinkedos plo natal, brinkedos k so vão servir durante um mes pk depois disso ja n prestam!agora eu pgt: kuando e k vamos abrir os olhos e pensar k ha gente k precisa?mas k precisa mm, k nem comer na mesa tem!alias k nem mesa tem, nem cadeiras, nem um cobertor k os akexa!!!durante um ano inteiro exkexemos smp estes problemas, mas faxemos kestao de lembrar k n natal ajudamos tds essas pessoas...e pura mentira!!!!no natal preocupamo.nos sim, mas não faxemos nada, e como se costuma dixer:de boas inteñxºoes ta o inferno xeio!...ha k agir!!!deixar de ser cinico e faxer algo plo outros...por o espirito natalixico/capitalista de lado e pensar nos outros!!se cada um fixer a sua parte, por mais pekena k seja, acreditem k o mundo muda!!!como dix o gabriel o pensador numa musica:"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente"!!
ja chega de discurso..e mais uma vex dsc a invasão!:S
***
ahh outra musica de sergio godinho:
a paz, o pão, a habitação ,a saude , a educação!so ha liberdade a serio kaudno houver liberdade de mudar e decidir.."

CARMO disse...

Joana! obrigado pelo teu comentário! adorei e invade sempre que eu gosto!

Anónimo disse...

Até fiquei angustiada com este post...não tivesse eu vindo de férias de um país onde só vi pobreza, crianças a pedir comida, água, livros, canetas, tudo que pudessem usar na escola, lá nisso são diferentes, não pediram dinheiro, até faziam questão de dizer, não quero dinheiro.
De facto todos nós contribuimos para esta sociedade hipócrita, não basta pensarmos que podemos mudar, temos que agir!
Para mim o Natal deveria ser todos os dias, não pelas prendas, mas pelo espírito natalício que se instala em todos nós, embora ache que até no espírito de Natal à hipocrisia....nestes últimos anos, não sei porquê comecei a dar mais valor em estar com a familia, receber dos amigos um beijo de Feliz Natal, um simples telefonema daquela pessoa que está longe e mal a vimos...isto sim, para mim é viver o Natal.
já o fiz o Ano passado e vou fazê-lo este ano, compro sempre prendas para os meus sobrinhos, mas faço questão de lhes dizer que o que eles estão a receber muitas crianças gostariam de ter e nem tão pouco recebem, pelo menos tento transmitir a ideia de que eles têm muita sorte em ter alguém que lhes dá brinquedos para não falar dos doces, mimos, etc.. que recebem!
Não acho que contribua 100% para uma sociedade consumista no Natal.Este ano achava que a minha falta de vontade de fazer as compras de Natal era por preguiça, mas não, tem a ver com o facto de achar que comprar por "obrigação" não tem nada a ver comigo, por isso já avisei e pedi em casa que não queria prendas...a maior prenda que me poderão dar é estarmos todos juntos.
Quanto às atrocidades nas empresas...junta-te à claque....o factor humano não conta para nada....somos todos números!
beijinhos e Bom Natal!

Anónimo disse...

sergio, eu tinha q vir cá um dia!!
eu critico toda a gente que pode ajudar com bens ou monetariamente o proximo e nao ajuda, incluindo-me a mim, que por muito pouco que tenha, de certeza que tenho algo que posso dar ou então alguma coisa que posso abdicar mas na altura certa, como tu dizes, acobardo-me...mas vou tentando á minha maneira fazer com que todas as pessoas que me rodeiam estejam bem, porque se elas não estão eu tambem não posso estar!!! apenas uma duvida que tenho, quando critico tudo o que seja monopolismo financeiro sem olhar a metodos, se eu faria diferente se estivesse na posição dessas pessoas?! eu penso que sim!! e isso permite-me dormir melhor á noite! como é que certas pessoas conseguem adormecer? como tu falas o caso da empresa para quem trabalhas...como é que quem faz isso obtem a paz de espirito necessária para dormir á noite??? ahhh..ok..tinha-me esquecido dos comprimidos para dormir!!! a unica razao que encontro é o facto de todas as pessoas terem gostos diferentes, enquanto uns obtem paz de espirito a surfar, a esquiar ou assim outros tem outro patamar de extase, que até devia ser considerado desporto radical tembém, que é: passar por cima de tudo que se mexa, isto é, de nós!
continua a lutar..q eu tambem vou dando os meus "tiros" por aqui.
desculpa o mau humor, isto passa eheh
bom natal novamente! abraço

CARMO disse...

Eheh! Não é mau humor... ou se calhar eu sou mal humorado... mas revolta-me a apatia perante a injustiça. Pelo que tenho lido na blogosfera começa a haver uma consciência generalizada do que aqui refiro... não estamos sozinhos! Já começa a melhorar! Obrigado pela tua vinda até aqui.
Bom Natal e um grande abraço!

P.S.: força nos tiros e nas ondas... qualquer dia vai-te lá aparecer um empata! Ehehhe!

Anónimo disse...

olha sergio,concordo ctg plenamente!
o que contaste sobre o que se passa na tua empresa tambem vejo acontecer na empresa onde trabalho. Uma grande empresa cheia de falso moralismo!
Uma empresa que supostamente defende ter bons profissionais dando-lhes a formação necessária...mas no final do contrato de três anos são postos fora sem qualquer respeito ou consideração.
Dar lugar aos novos? sim,concrdo,mas sem prejudicar quem durante algum tempo se esforçou e deu o seu melhor dando bom nome e fazendo crescer a empresa, esperando pelo menos garantir um posto de trabalho e alguma consideração e reconhecimento.
mas isso não acontece e passa-se por cima de tudo e todos e p´ra quê? porquê? tambem não falta dinheiro nesta empresa
depois volto a passar por ca
gosto muito do teu blog
beijo
ass: little bear

Anónimo disse...

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