29 dezembro 2005

1.º Dia do Ano.


"All is quiet on New Year's day
a world in white gets underway
and I want to be with you
be with you night and day
Nothing changes on New Year's day,
on New Year's day
I will be with you again
I will be with you again

Under a blood red sky
A crowd has gathered (in) black and white
Arms entwined the chosen few
the newspaper says it says
Says it's true says it's true and
we can break through
Torn in two we can be one
I, I will begin again
I, I will begin again

Oh and maybe the time is right,
Oh maybe tonight
I will be with you again
I will be with you again

And so we are told this in golden age
And gold is the reason for the wars we wage,
Though I want to be with you,
To be with you night and day
Nothing changes on New Year's day..."

(New Year's Day - U2)


Adoro este dia! E sinto-o tal e qual como a música descreve...
É um dia com uma magia própria... parece que o Mundo pára!
Tudo é calmaria, tudo é sossego... não há stress e sente-se serenidade no ar. As pessoas carregam na expressão a esperança de que tudo seja diferente... só porque começa um ano novo!
Gosto também do sorriso que todos trazem no rosto e a forma como desejam “Um Bom Ano Novo” a todos com que se cruzam.
A expressão de nostalgia e ressaca (da passagem de ano) à mistura, dá uma emblemática engraçada a todos os que acordaram a meio da tarde e saem para tomar um café a uma esplanada, combatendo a sensação de que o dia já está a acabar.

Sem muito mais para dizer, quero desejar um 2006 cheio de felicidades e realizações a todos os que por aqui passam (e não só!). Espero também que a vossa passagem de ano seja tão cheia de cor como a fotografia em baixo!

FELIZ 2006!

Sérgio

P.S.: Fotografias retiradas do WEBSHOTS.


28 dezembro 2005

A Religião: ser ou não ser?... Crente...


Um dos maiores marcos na Religião Cristã é o nascimento de Jesus, simbolizado pelo Natal. Ora, como já constatamos no post do dia 23, tal não corresponde à verdade, sendo a tradição do Natal e da oferta de prendas é muito anterior ao ano zero... Posta por terra a tese dos Reis Magos, resta saber o que sobra das tradições cristãs na nossa vida actual e até que ponto, mesmo os crentes, ainda condicionam a sua vida por estes princípios. É que quase tudo tem outra explicação...

Entre Carnaval e Páscoa, duas datas cristãs, não me parece que alguém se abstenha de comer carne... eu não conheço ninguém! Da mesma forma, não conheço ninguém que jejue... Nem só às sextas-feiras isto acontece (versão light). E a frequência com que se vai à missa? Ou, ainda se vai à missa?! Nem ao Domingo (outra versão light)?!

Parece-me que a questão é mais profunda e prende-se mesmo com a ausência dos valores cristãos na mentalidade e hábitos quotidianos. Reparem que toda a dogmática da religião é baseada em sacrifícios, em obrigações, em privações, e especialmente, repressões. Toda este conjunto normativo destinou-se a oprimir o povo (Idade Média), tornando facilmente manipulável e dominável pelos senhores feudais (Clero, Nobreza e Família Real), que praticamente encabeçavam descendência divina, podendo estes fazer todo o tipo de tropelias e excepções a essa “Lei Divina” (eles próprios eram a Lei Divina e não só). Consequentemente, com o evoluir dos tempos e da liberdade de pensamento e expressão, foi fácil verificar que não havia razão para tanta opressão... Até porque, será que há vida depois da morte física?! Não será que isto soa tudo a conto do vigário?! Desculpem-me a heresia do eufemismo...
Por outro lado, as bases da religião são desprovidas de qualquer carácter lógico e científico; ou seja, só a Fé pode levar alguém a acreditar e respeitar esses princípios básicos: qual o sentido lógico que encontram numa virgem dar à luz um filho? E se um corpo desaparecer do tumulo? Dirão que alguém o removeu, ou que ressuscitou?...

É certo que ao longo da história, a Igreja deu uma protecção muito importante aos mais desprotegidos; mas não o Alto Clero. Esse Alto Clero esteve na origem de tudo quanto foi nocivo à Humanidade. A Inquisição e as Cruzadas (supostas guerras para proliferação da Religião, que se destinavam nada mais nem menos, do que a dominar e extorquir a riqueza dos outros povos, pela força) são bons exemplos disso... Muito criticável também parece-me a construção de templos sagrados, que tinham custos desmesurados para a altura e nível de vida sócio-económico das populações.

Nos últimos séculos temos assistido à intromissão cada vez mais descarada do Clero da esfera política e na busca da riqueza, poder, protagonismo e prestígio para os próprios. Por essa razão se observa a criação de tantas instituições de solidariedade à margem da Igreja e a desmistificação do carácter respeitável dos membros mais influentes do Clero, vindo a público fortunas pessoais e desrespeito generalizado pelo celibato (entre outras práticas mais... liberais). Sabiam que o Vaticano possui uma das maiores fortunas do Mundo? Porque não distribui-la pelos necessitados? Sabem quantas crianças morrem à fome por dia? Sabem quantas morrem por falta de cuidados de saúde, perante uma gripe, diarreia ou simples desidratação?

Em simultâneo, assiste-se a uma rigidez cega por parte do Vaticano, quanto a princípios básicos, como a questão da prática sexual exclusivamente para procriação, numa altura em que a SIDA arrasa de forma galopante a população, especialmente a africana. Que moral (se é que se pode falar em moral neste caso... haja bom senso!) tem a igreja para condenar a utilização do preservativo, quando em simultâneo, o próprio Papa comunica a todo o mundo que não permite a existência de homossexuais entre os sacerdotes?... Eu pensava que o Clero era assexuado... entenda-se, abstinente de práticas sexuais... ou será que apesar disso há espaço para as preferências? Do tipo, “gosto mas não como”?! Estão a ver Sua Excelência Bento XVI a dizer “...lá que dêem umas facadinhas no sacerdócio, ainda vá que não vá, agora paneleirices é que não!..”. Daqui a uns anos, outro Papa mais liberal dirá: “...meus amigos, ponho hoje fim à descriminação sexual entre os sacerdotes...”. Pelo menos acabava-se com a hipocrisia... objectivamente, porque é que a moral de alguém há-de estar no meio das pernas?!

Entendo que nos princípios morais religiosos há algo de importante a reter: o respeito pelo próximo. A nossa liberdade termina onde começa a dos outros... mas também não é preciso exagerar na opressão! Se Jesus Cristo existiu e a Religião Cristã pretendia o bem-estar e a felicidade de todos, pelo respeito mútuo, pela solidariedade e fraternidade, faz algum sentido construir normas de conduta tão severas e baseadas na repressão do comportamento? No terror do ajuste de contas final? Meus amigos, São Pedro não é o Director da Direcção Geral de Impostos! Não me parece pelo menos... parece-me sim que algo há de muito mal contado e a força da religião só se justifica pela ignorância das populações que durante muitos séculos estiveram desprovidas da capacidade de pensar. Até porque quem a adquirisse e exerce-se ia parar à fogueira... não se esqueçam que o Mundo é quadrado!

Mesmo assim há muitas coisas que não entendemos e para as quais apontamos uma justificação divina ou sobrenatural. Já para não falar que volta e meia vemo-nos “apertadinhos” e “pregámos aos santos todos”!
Mas que há algo de divino há! Pelo menos, nestas fotografias...



Sérgio

P.S.: fotografias retiradas do WEBSHOTS.

27 dezembro 2005

E Depois do Natal...


... o Ano Novo! Não, não era a isso que me referia...
Nestes dias que andei mais por casa, tive a oportunidade de olhar para a televisão e entre algumas aberrações (as notícias constantes sobre Simão Sabrosa e o Benfica; um chorrilho de telenovelas; programas supostamente de Natal, com coros de Natal infantis a cantarem músicas de Natal em “brasileiro”, apesar de serem Portugueses, com o meu primo lá no meio; o número de acidentes de viação sempre a subir), vi notícias sobre as vítimas do tsunami que abalou o mundo no ano passado, e sobre o facto que cada vez mais as pessoas não passarem o Natal em casa com a família (vão de férias; comemoram o Natal num jantar organizado num hotel entre desconhecidos; estão sozinhos e saem à noite e enchem bares e discotecas).

Começando pelas vítimas do tsunami e pela brutalidade desta catástrofe, envergonho-me de ser “europeu”, como me envergonharia se “americano” fosse, pois tanto a UE como os EUA, ainda não entregaram nem metade dos donativos a que se comprometeram...
Por outro lado, quando vejo estas catástrofes acontecerem, levam-me a pensar o quanto a vida é volátil... Olhando para os sobreviventes, todas as minhas prioridades se invertem: não seria bem mais útil fazer mais um donativo, em vez de comprar, por exemplo, um casaco novo? Não sei porquê, mas as boas intenções comigo morrem sempre depressa e a velocidade do dia a dia, as solicitações constantes das mais diversas coisas levam-me a esquecer o que realmente é importante e deveria ser tão prioritário mim quanto vital para alguns desprotegidos.
Às vezes tenho vontade de abandonar tudo e partir numa missão humanitária, porque saber que há pessoas que são “espezinhadas” e oprimidas por outras mais poderosas e ninguém se preocupa com isso, sinceramente, revolta-me! O que mais peço a mim mesmo, é que nunca corra o risco de fazer o mesmo a alguém... Depois, o tempo a passar, a cobardia, o conformismo e muito egoísmo vencem estes ímpetos... há sempre alguma coisa que me prende e que eu quero ver acabada. Até porque se um dia partir, não volto... não consigo deixar coisas a meio.

Todos os anos constato também, que cada vez é maior o número de pessoas que passa o Natal sozinha. Tal justifica-se por questões profissionais e/ou pela distância a que a família se encontra. Mesmo assim é triste que isso aconteça... mas o mundo não pára...
Começo a achar estranho que alguém opte por passar a noite de Natal num hotel, com uma consoada sobejamente organizada e preparada, mas passada com um ou outro familiar no meio de estranhos... será que o trabalho de organizar esta ceia em família justifica a impessoalidade da situação? Eu acho que não, mas não critico quem pense o contrário... a verdade é que os hotéis estiveram cheios...
Quanto a aproveitar a quadra natalícia para uns dias férias num país tropical, ou numa estância de neve, ou em Nova Iorque? Ou em... Acho que não descontrairia o suficiente para gozar as férias, porque para mim o Natal é a festa da família... e gosto especialmente de dedicar estes dias aos mais velhos (e sabe-se lá quantos mais anos o posso fazer...).

Resta-me entender que cada vez mais as famílias são pequenas; cada vez mais as pessoas não têm família próxima... a que têm é muito afastada em todos os sentidos... Nestes casos, os amigos são a família que escolhemos, logo é natural que ocupem o seu lugar... E como entre amigos não há formalidades, todo o leque de opções que o Mundo nos oferece, pode constituir uma excelente ideia para um Natal diferente, mas colmatador do vazio que não queremos sentir.

Esta época sem dúvida é carismática; tem magia e misticismo e encanta qualquer um... importante era que depois das comemorações do Ano Novo, não nos esquecêssemos de tudo aquilo que sentimos no Natal... concerteza faríamos um mundo melhor!

Sérgio

23 dezembro 2005

Natal e um Pouco Mais...


Muito se tem dito sobre o Natal, e se a hiprocrisia, o egoísmo, o excesso comercial e a cada vez menor fraternidade são criticáveis, a verdade é que é a altura do ano em que mais nos lembramos dos outros: família, amigos, do mundo externo e dos desprotegidos e mais necessitados. Nem que seja por isso, é de louvar esta quadra e só assim se justifica o conjunto de tradições que a ela se associam. Para quem esteja interessado em saber um pouco mais sobre o que é o Natal e o porquê de alguns costumes, aqui fica um texto que me enviaram ontem (obrigado Rosa!) e cuja autoria é oriunda de um sitio brasileiro de título "Corujando Dia e Noite" (www.corujando.com.br), assinado por Kakauzinha®.

Desejo a todos os visitantes deste blog um Feliz Natal, assim como às suas famílias e a todos aqueles de quem tanto gostam e estimam.

Sérgio


Costumes
Alguns dos costumes que chegaram até nós são de origem muito antiga, outros nem tanto, vamos procurar os seus porquês.

Cores do Natal
Esta tradição remonta aos festivais do solstício de que já vimos na breve história.O verde é a cor das verduras que tem uma grande importância na decoração.O vermelho apareceu por causa do azevinho.Este arbusto dá-se ao longo do Inverno e cobre-se de bagas vermelhas.Diz-se que este nascer das suas bagas simboliza Cristo.É também uma das chamadas cores quentes, que no frio do Inverno dá a sensação de aquecimento e apela aos sentimentos mais nobres do coração - sinónimos do Natal.

Enfeites
Os principais enfeites de Natal consistiam em frutos da época, doces e bolos.Mais tarde os vidreiros alemães, fabricaram objectos mais leves com os quais se podia enfeitar a árvore.Pequenos enfeites e doces também eram ai colocados pelas crianças.Actualmente a imaginação não pára.
Existem verdadeiros regalos para a nossa vista.Mas afinal porque enfeitamos a árvore de Natal?Mais uma vez, estamos no reino do ritual pagão. Na Idade Média as pessoas acreditavam em espíritos das árvores, enfeitavam árvores todos os anos durante o Inverno. Quando no Outono as folhas caiam pensavam que os espíritos das árvores as tinham abandonado. Isto motivava receios de que não pudessem regressar a essas árvores na Primavera seguinte. Se tal acontecesse, as árvores ficavam nuas e não dariam mais frutos.Para fazer com que os espíritos regressassem às árvores, penduravam-se nas mesmas decorações de pedras pintadas ou de panos coloridos. A ideia era a de tornar atraente as árvores para que os espíritos regressassem e as habitassem de novo. Para encanto de todos, isto funcionava maravilhosamente bem, e todos os anos, ma Primavera, as folhas despontavam novamente nas árvores.Depois deste costume, as pessoas começaram a trazer uma árvore para dentro de casa no período do Natal. Quando o novo costume de trazer para dentro de casa pequenos abetos, teve início na Alemanha, era perfeitamente natural acrescentar-lhe enfeites. Estes passaram a ser variados: doces, rebuçados, correntes de pequenas bolas de vidro, ornamentos de papel, velas e muitos mais. De salientar o facto de que hoje as velas não são utilizadas por serem consideradas perigosas e foram substituídas por pequenas lâmpadas eléctricas coloridas ou não.

Meias e Sapatos
A tradição de colocar os sapatinhos ou a de pendurar as meias junto à chaminé pensa-se que veio da cidade de Amesterdão. Aqui as crianças tinham esse costume. Deixavam os sapatos à porta, na véspera do dia de S. Nicolau (Ver Pai Natal), para que este se enchesse de presentes.Diz a lenda que São Nicolau teve conhecimento de que três raparigas muito pobres não podiam casar-se porque não tinham dinheiro. Então, São Nicolau comovido durante a noite, para não ser visto, atirou moedas de ouro pela chaminé, as quais foram cair dentro das meias que nela estavam a secar, junto ao fogo.Por esse motivo surgiu a tradição de se colocar a meia ou o sapato na chaminé, para que na manhã do dia de Natal neles fossem encontrados presentes

As estrelas
A estrela de Belém é de tradição cristã e tem o lugar importante nas representações de Natal. Normalmente coloca-se em cima da árvore de Natal, no Presépio, e nas portas. No entanto o aparecimento desta estrela quando Jesus nasceu permanece um mistério.

A verdura
As civilizações pagãs, durante o solstício de Inverno, tinham por hábito decorar as casas com verdura que, segundo elas tinham poderes mágicos.O azevinho entre os Romanos era trocado como presente e, nos nossos dias, tornou-se a principal planta do Natal. Em Inglaterra por exemplo, era considerado sagrado.Uma lenda diz que, Baco ao atravessar o país, ficou tão impressionado com a sua beleza que decidiu plantar ali azevinho, deixando-o como uma lembrança especial. Para além dos presentes, os romanos consideravam-no como símbolo de paz e felicidade, e os magos celtas usavam-no como antídoto contra venenos.O azevinho liga-se à história cristã como planta que permitiu esconder Jesus dos soldados de Herodes. Em compensação, diz a lenda, foi-lhe dado o privilégio de conservar as suas folhas sempre verdes, mesmo durante o mais rigoroso Inverno.No início a Igreja proibiu as verduras, mas mais tarde, acabou por consenti-las como símbolo de vida, portanto de Cristo.Há regiões onde se usa pendurar à porta de casa ou por trás das janelas uma coroa de loureiro, o que significa que o nascimento de Jesus foi uma vitória sobre a morte e o pecado.

O presépio
O primeiro presépio foi feito na Igreja de Santa Maria em Roma.Rapidamente este costume foi alargado o outras igrejas.Foi S. Francisco de Assis (1181-1226), porém, o primeiro a representá-lo como a Bíblia descreve a natividade. Uma gruta, a manjedoura, animais e figuras esculpidas.Esta representação ganhou raízes e tornou-se popular em todo o mundo cristão.

Os sinos
Os antigos tinham as superstição de que o barulho de campainhas e sinos afastava os maus espíritos. Parte deste ritual manteve-se, no entanto o sentido com que os sinos tocam é diferente.O seu toque no Natal simboliza alegria e júbilo pelo nascimento de Jesus Cristo e todos os cristãos louvam o Menino.

Os Postais
O criador do primeiro postal de Natal foi John Horsley. O seu amigo deu-lhe a ideia e o seu postal foi impresso em 1843.Foram feitas mil cópias. Nele podiam ver-se três painéis representando, um deles, uma família inglesa gozando o feriado e, os outros dois, mostrando obras de caridade. Podia ainda ler-se as frases "Alegre Natal e Feliz Ano Novo".Nessa mesma altura, o Revendo Edward Bradley desenhou à mão juntamente com W. A. Dobson, postais de Natal para enviar a familiares e amigos.Em breve este costume de desejar boas festas tornou-se usual.Em 1840, tornou-se possível enviar pelo correio estes postais. A partir de 1860 começaram a executar-se postais cada vez mais elaborados e, em breve, esta arte tornou-se popular. As pessoas adquiriram-nos para desejarem festas felizes a familiares e amigos.Hoje em dia encontram-se à venda uma grande diversidade de postais de Natal, a maior parte com motivos religiosos representando a Natividade.

Missa do Galo
A Missa do Galo, também conhecida por Missa da Meia Noite, celebra-se devido ao fato de a tradição dizer que Jesus nasceu à meia-noite. Para os católicos Romanos, este costume de assistir a esta Missa começou no ano 400.Nos países latinos, esta missa é chamada Missa do Galo, porque, segundo a lenda, a única vez que um galo cantou à meia noite foi na noite em que Jesus nasceu.Outra lenda muito antiga diz que, antes de baterem as doze badaladas da meia-noite do dia 24 de Dezembro, cada lavrador da província espanhola de Toledo matava um galo em memória daquele que cantou três vezes quando Pedro negou Jesus, por altura da Sua morte. Depois a ave era levada para a igreja, a fim de ser oferecida aos pobres que, assim, podiam ver melhorado o seu almoço de Natal.Em algumas aldeias portuguesas e espanholas, era costume levar o galo para a igreja, para que ele cantasse durante a missa. Quando este cantava todos ficavam felizes, pois isso representava o prenúncio de boas colheitas. Se o galo não cantasse era considerado um mau sinal. Mas este costume é muito recente, quando comparado com a Missa do Galo.

As velas
Nas suas festas chamadas de Saturnais, os romanos acendiam velas para pedirem que o Sol brilhasse de novo (solstício de Inverno). Nessa altura do ano, a escuridão e o frio eram maiores, pelo que as velas forneciam luz e algum calor. Mais uma vez o cristianismo absorveu esse costume e tornou-o sagrado à sua maneira, dizendo que, dado que Cristo era a Luz do Mundo, a chama da vela simboliza a sua influência.As pessoas foram encorajadas a acender muitas velas para reforçar esse simbolismo. era costume corrente colocar uma ou várias numa janela, para guiar o espírito de Cristo, através da noite escura, para a casa de cada um. Outras eram fixadas à árvore de Natal, mas isto dava origem frequentemente a acidentes. Quando mal colocada, podia pegar fogo e era costume destacar uma pessoa para ficar ao pé da árvore sempre que esta era iluminada. Este paciente guardião estava armado com uma grande vara, com uma esponja ou um bocado de pano húmido na ponta, pronto para deitar água a qualquer foco de incêndio.As velas iluminada apareceram pela primeira vez em 1882 nos Estados Unidos (Companhia Eléctrica Edison)Admitamos contudo que, apesar de serem muito mais seguras, falta-lhes de alguma forma a qualidade mágica das chamas cintilantes e nuas de ontem.É comum acendermos velas nas igrejas e também nas nossas casas durante o Natal.

Coroa de natal
É costume pendurar no lado de fora da porta uma coroa durante os doze dias do Natal. Este costume é mais popular nos Estados Unidos, mas espalhou-se para o resto do mundo cristão, devido à influência do cinema americano.Actualmente, dizemos frequentemente "à sua saúde" quando compartilhamos com amigos e familiares uma bebida.Para os romanos, a oferta de um ramo de uma planta significava um voto semelhante. O uso de coroas remonta à Roma antiga e para as tornar mais atraentes, tornou-se costume enrolar esses ramos numa coroa.Para aumentar as possibilidades de todos os da casa terem saúde no ano seguinte, os romanos exibiam essas coroas nas portas.Actualmente, as pessoas têm tendência para comprar a coroa de Natal que penduram na porta da frente, mas, rigorosamente falando, se desejarmos seguir com toda a correcção a tradição romana, só devíamos pendurar as coroas que nos tivessem sido dadas por outras pessoas.

Frutas secas
A apresentação de uma grande variedade de frutos secos no Natal é mais do que uma questão gastronómica.Os frutos secos têm uma ligação muito forte e particular com o solstício do Inverno. Na antiga Roma, eram um presente habitual durante as celebrações eram especialmente apreciados pelas crianças, que os valorizavam quer como brinquedos quer como comida.Os rapazes divertiam-se a jogar a berlinda com eles. Entre as classes sociais mais elevadas, os frutos secos tornavam-se mais especiais por serem cobertos de ouro, e estes frutos secos dourados serviam quer como presentes quer como decorações.Para os romanos, cada tipo de fruto seco tinha um significado especial. As avelãs evitavam a fome, as nozes relacionavam-se com a abundância e prosperidade, as amêndoas protegiam as pessoas dos efeitos da bebida. Por isso, os frutos secos que colocamos à mesa no Natal são mais do que simples alimentos, é um antigo costume romano que promete a ausência de fome, pobreza e protege contra os excessos da bebida.

Véspera de Natal - Dia 24 de Dezembro
Para os crentes a véspera de Natal é a parte mais emocionante da época natalícia, porque anuncia o momento em que podemos começar a celebrar o nascimento de Jesus. É uma antiga tradição dizer que Jesus nasceu no dia 25,de Dezembro exactamente à meia-noite.Quando os cristãos ouvem os sinos tocar à meia-noite, surge de novo o sentimento de que Cristo está a entrar no mundo e de que o demónio o está a abandonar. É um momento emocional muito importante para aqueles que têm uma fé pessoal forte.Existe um mito de que, no exacto momento do nascimento de Jesus todos os animais conseguiram de súbito falar e comportar-se como pessoas. Nos campos, viraram-se para Leste e ajoelharam-se a rezar.Existe também a lenda de que à meia-noite da véspera de Natal todas as abelhas que estavam a hibernar acordariam nos seus cortiços e começariam a zumbir em uníssono o Salmo 100. Ao mesmo tempo as portas do Paraíso abrir-se-iam e, durante alguns instantes, deixariam passar fosse quem fosse (abençoados e pecadores) para entrar directamente no Céu.A influência de Jesus era tão forte que, quando os sinos tocassem à meia-noite os espíritos malignos seriam incapazes de fazer mal.

Papai Noel
Há muitos anos, o Inverno era motivo de preocupação para todos os povos, uma vez que trazia consigo tristeza e muitas privações. Como tal, as pessoas apelavam aos deuses para que o tornasse menos rigoroso.Este apelo, entre os nórdicos era representado por alguém que eles vestiam com trajes simbolizando o Inverno. Esta tradição foi seguida pelos ingleses que chamavam a esta figura de "Velho Inverno" ou " Velho Pai Natal". Davam-lhe comida e bebida para que ficasse alegre. Esta figura andava de casa em casa, visitando as pessoas e participando nas festas, mas não distribuía presentes, nem ajudava os mais desprotegidos.Mais tarde o Pai Natal foi associado à figura do bispo S. Nicolau, confundindo-se indevidamente com ele.

Natal de hoje
O Natal dos nossos dias (algumas dezenas de anos) também tem "costumes" e são muito marcados pelos meios de comunicação social. Têm uma grande componente comercial, e entre eles assumem particular importância a televisão, os presentes e a árvore de Natal.

Media
Os meios de comunicação social em especial a televisão começam com bastante antecedência a falar do Natal.Em todo o lado surgem notícias fazendo referências ao Natal, como decorar, o que oferecer, o que comer, etc.Nesta altura surgem anúncios de todo o tipo, com novidades em termos de brinquedos, Transmitem-se nesta altura filmes alusivos ao Natal, circos e espectáculos musicais. As orquestras sinfónicas , tocam maravilhosas melodias de Natal.Existem programas para todos, e em Portugal é hábito à já alguns anos, a transmissão de um programa dedicado aos doentes, "Natal dos Hospitais", que vem alegrar um pouco mais aqueles que sofrem nesta altura do ano.Podemos alugar vídeos bíblicos ou histórias para crianças sobre o Natal, para toda a família ver. Os mais conhecidos são "Um Conto de Natal", "Jesus de Nazaré", "Os Dez Mandamentos", e muitos mais.

Os presentes
Outros dos rituais que nos enche de alegria (e por vezes de stress :-)) é a compra dos presentes. Quem não gosta de oferecer um presente aos seus familiares e, especialmente às crianças?O comércio enche-se de montras atractivas e irresistíveis, que nos dificultam em muitas casos a escolha.Mas o importante é não nos esquecermos de oferecer algo aqueles de quem gostamos, não importa se é cara ou barata, importa é se é dada com amor.O ato de trocar presentes entre aqueles que estão próximos uns dos outros é o mais antigo de todos os costumes do solstício do Inverno. As suas origens remotas podem ser seguidas até à Idade da Pedra Polida, há cerca de 10 mil anos, quando os seres humanos começaram a substituir a incerteza da vida caçadora, pelas garantias mais seguras da agricultura. O aparecimento da agricultura, traduziu-se pela primeira vez, num excedente de comida, o que tornou possível criar provisões de alimentos que ajudariam as pessoas durante os meses duros do Inverno.Após terem passado os meses mais difíceis, a Primavera fazia os bons dias aparecerem e isso exigia uma grande celebração e uma maior descontracção em relação às provisões acumuladas. Organizava-se uma festa.Cada agricultor tinha as suas especialidades alimentares e preparava-se uma troca de alimentos. Desta maneira todos podiam gozar de uma rica variedade de pratos.Esta troca de comida foi o costume original da troca de presentes no solstício do Inverno e transformou-se no núcleo central das festividades. Tudo o resto que se desenvolveu mais tarde se centralizava em volta dela.Ao longo dos séculos, a gama de presentes aumentou, passando a incluir outras coisas além da comida. Na Roma antiga, a cerimónia da entrega de presentes tornou-se altamente elaborada e atraiu muitas superstições.Com a chegada da era cristã, o ritual extremamente popular da oferta de presentes esteve para ser abolido, no entanto, era um costume demasiado enraizado e não conseguiram os seus intentos. Então se os não podes vencer junta-te a eles, e foi isso que aconteceu, no seu novo contexto sagrado, da oferta de presentes de Natal, dizia-se agora que simbolizava a entrega de oferendas ao menino Jesus pelos Reis Magos, vindos do Oriente.Os presentes dados às pessoas que se amam são símbolos de gratidão e reforçam os laços sociais.Vive-se hoje em dia um consumismo desenfreado, que deturpa o espírito do Natal, e são os adultos quem mais contribui para isso. Estamos progressivamente a substituir o amor pelo dinheiro. Meditemos um pouco antes de gastarmos o subsídio de Natal.

A Árvore de Natal
No decurso de algumas décadas o pinheiro começou a ganhar espaço nas celebrações do Natal, usufruindo agora de um estatuto quase sagrado, embora não tenha nenhuma relação com a genuína cultura do mundo mediterrâneo, a que pertencemos, e onde nos integramos no plano da nossa civilização. Sendo cristãos (no meu caso de tradição católica), assimilamos esse costume pagão, inventado por S. Bonifácio, de encher o pinheiro de adornos, tais como bolas coloridas, estrelas douradas, fitas, etc., instalando-o num canto da sala perto da lareira (se existir).A verdade é que penetrou a fundo na rotina dos nossos hábitos mais recentes e não se observam indícios de que a moda seja passageira. Veio para ficar.Hoje em dia, a maior parte das famílias compra uma árvore para decorar a sua casa. Esta poderá ser artificial "pinheiro nórdico" ou o natural e tradicional pinheiro português.Actualmente encontram-se no mercado vários tipos de pinheiros, desde os naturais, (que causam transtornos ao equilíbrio ecológico, dado à destruição alarmante dessas árvores em pleno processo de crescimento), aos artificiais feitos de materiais sintéticos que se desmontam e se guardam até à próxima época natalícia.O comércio dos pinheiros pode ver-se em grandes armazéns, mercados e à beira da estrada em tendas.A própria procura da árvore, entusiasma adultos e crianças e o ritual dos enfeites faz parte dos festejos.As decorações ficam dependentes da imaginação de cada um e nas famílias cristãs portuguesas é obrigatório o uso das bolas e fitas coloridas, e tendo no cimo uma estrela " A estrela de Belém".Começa também a ressurgir em Portugal enfeitar a árvore de Natal com laços vermelhos e dourados, que é uma tradição da época vitoriana.Mas nós cristãos não podemos deixar o presépio para segundo plano, porque ele, de fato, é o símbolo mais importante do Natal. E existem, como todos sabemos verdadeiras obras de arte.

As lareiras
Todas as pessoas que têm a sorte de ter uma lareira em suas casas podem ter motivos muito diversos e adequados à sua decoração, na quadra do Natal.A lareira também está ligada ao Natal, basta pensarmos no sapatinho colocado na chaminé, ou nas meias penduradas nas mesmas ou até na lenda do Pai Natal descendo pela chaminé.Se estiver uma noite fria e a lareira decorada com motivos natalícios (ao gosto de cada um), é fácil pensarmos no ambiente alegre e cheio de calor humano que poderemos proporcionar à família que estiver connosco na noite de consoada.

Décimo terceiro - subsídio de Natal
Em 1899, F. W. Woolworth, foi a primeira pessoa a dar um bónus de ordenado nesta altura do ano. Ele deu aos seus empregados 5 dólares por cada ano de serviço. Este homem acreditava que desta forma tornava os trabalhadores mais felizes, o que reflectia no trabalho.Mais tarde este gesto deu origem às gorjetas. Nesta altura do ano, começou por se dar gratificações às empregadas domésticas, aos empregados de restaurantes, cafés, etc. Hoje podemos ver em certas casas comerciais uma caixinha enfeitada, para as dádivas, e está escrito o seguinte, "Os empregados agradecem e desejam festas felizes".As empresas também são obrigadas por lei a darem nesta altura do ano, um subsídio aos seus trabalhadores. A maior parte paga este subsídio em Novembro, para darem aos empregados a possibilidade de fazerem as suas compras e prepararem a celebração do Natal com a devida antecedência.

Livros e canções
Ao longo dos anos muitos autores têm escrito histórias e poemas sobre o Natal, que deliciam as crianças e porque não dizê-lo os adultos.Charles Dickens, entre 1843 e 1868, escreveu praticamente durante todos estes anos, contos de Natal. Alguns dos seus êxitos foram "A Christmas Carol" e "O cântico de Natal".Luisa Alcott, ficou celebre com o livro "Mulherzinhas", no qual os dois primeiros capítulos são dedicados ao Natal e ensinam-nos que, mesmo não havendo dinheiro, se existir fé, generosidade e amor ao próximo, isso já é causa para a celebração do Natal.Hans Christian Anderson, Mark Twain, Shakespeare e muitos outros também escreveram sobre o Natal.Sobre melodias...é melhor ouvirmos algumas e...sonhar um pouco

Natal Branco
Porque associamos o Natal à brancura? A resposta é porque durante os primeiros oito anos da vida de Charles Dickens, o Natal foi sempre branco de neve.Recordando a sua infância, Dickens tirou partido dela no seu famoso conto de Natal, publicado em Dezembro de 1843.A história foi um grande sucesso, toda a gente que leu a história, ficou comovida e, de repente, sentiu-se mais sentimental acerca do tema do Natal. Um filósofo escocês que, por uma questão nacionalista, não respeita o dia de Natal, ao ler o livro, mandou buscar um peru e convidou dois amigos para jantar.A imagem criada por Dickens conduziu ao mito de que um Natal verdadeiramente bom devia ser branco. Os cenários ligados à neve transformaram-se em ilustrações-padrão dos produtos de Natal.Um século depois de Dickens ter escrito o seu livro, Hollywood apareceu com o filme de Natal, com Fred Astaire e Bing Crosby, chamado Holiday Inn, cujo tema musical I´m Dreaming of a White Christmas ganhou um Oscar. Ao surgir no auge da segunda guerra mundial, teve um enorme impacto sobre o mundo que ansiava pela paz e que era simbolizada pelo espírito do Natal. A canção foi um enorme sucesso e mais tarde com novos arranjos, veio a chamar-se White Christmas.Em Portugal são poucas as regiões que podem ver o Natal branco, para a maior parte das pessoas continuará a ser um sonho.

A Gastronomia
Hoje em dia o Natal, é essencialmente uma festa reservada à comunhão da família, que se reúne à volta da mesa (ceia) posta a preceito e devidamente enfeitada, normalmente com azevinho.Apesar da tendência acelerada cada país mantém ainda certos pratos tradicionais. Enquanto que na Alemanha o prato tradicional é a carpa cozinhada com cerveja, na Itália o ênfase gastronómico vai para a massa folhada com recheio de carne ou de peixe. Quanto aos franceses, incluem na ementa ganso, ao contrário dos espanhóis que não dispensam o peru e o leitão, manjares regados com vinho espumoso a que chama cava.No que diz respeito aos portugueses, a ementa muda de província para província e altera-se consoante as regiões. No Norte e nas Beiras (particularmente na Beira Baixa) come-se o bacalhau cozido com couves e arroz de polvo. Entre os doces, distinguem-se as rabanadas e a aletria com desenhos de canela. Também não falta o sortido de frutos secos, castanhas, figos, amêndoas, nozes e passas - e o vinho do Porto que os brindes exigem.Finalmente o peru recheado é também um prato que muitas famílias adoptam na ceia como o principal prato do dia de Natal.


Texto da Autoria de "Corujando Dia e Noite"
(www.corujando.com.br), Kakauzinha® .

22 dezembro 2005

Podia Ser Natal... e Não Ser Farsa.


O que escrevo hoje não é novo e não vai mudar nada... O que escrevo hoje vai cair no esquecimento, como caíram palavras de pessoas bem mais sábias e mais bem escritas... Mesmo assim vou escrevê-lo, porque quero continuar a acreditar que as coisas podem sempre ser melhoradas; quero continuar a acreditar que é possível que o Mundo seja um lugar melhor; e se o pretendemos, devemos começar por mudarmo-nos a nós mesmos em vez de ficarmos à espera que os outros mudem. È claro que isto não se consegue com uma pessoa, nem com um grupo de amigos... nem mesmo com um país! Por isso, até eu vou-me esquecer do que escrevo hoje.

Todos os anos, crentes em Deus ou não, aderem ao espírito comercial do Natal. Compramos um montão de prendas e mal temos tempo para as entregar aos destinatários!!! Oferecemos bens materiais a pessoas, muitas das quais, precisam de atenção e carinho, tendo dificuldade em arrumar nas suas casas uma quantidade interminável e inútil de “canquilharia” oferecida a título de “lembrança”. A adicionar a isto, cada vez é maior o número de pessoas que não têm Natal, dormem ao relento e lutam dia a dia contra a fome, doença e solidão. Há ainda os que lutam para continuarem vivos... é que o Natal é uma data predilecta para alguns terroristas... É neste egoísmo e hipocrisia que vamos continuando; podia ser pior... pelo menos o Natal serve para nos lembrarmos de algumas pessoas e independentemente de tudo o resto, sempre se respira algum carinho, harmonia e felicidade!

A situação a nível mundial é muito grave... 95% da riqueza mundial está concentrada em apenas 15% da população. Sabiam que menos de 20% da população mundial tem conta bancária? As necessidades são muitas, mas mesmo assim os “senhores dos milhões” preferem prendar-se a si mesmos com uma excentricidade qualquer, do que alimentar centenas de necessitados durante um ano (até eu e ao meu nível, podia abdicar que alguns luxos e fazer doações... já pensei em não comprar prendas e oferecer aos mais necessitados o orçamento disponível... mas à ultima da hora acobardo-me pelo medo de ser injusto com as pessoas que gosto); os governos dos países ricos em recursos naturais, preferem o desperdício de recursos escassos ao crescimento económico sustentável, só para que o poder não fuja das mãos de meia dúzia de “imbecis”.

Mas não pensem que só há grandes atrocidades... todos os dias tropeçamos em centenas delas... pequenas, mas que doem... Querem um exemplo de injustiça e hipocrisia? Aqui vai... Na empresa em que trabalho (Agência de Inovação, S.A. – empresa privada de capitais públicos que faz a gestão de fundos públicos e comunitários para dinamizar a inovação empresarial e transferência de tecnologia) foram contratados 13 estagiários recém-licenciados. O ordenado pago é de 530€... menos que a telefonista ou a empregada da limpeza... mas não fica por aqui! Estes estagiários foram contratados todos de uma vez e quando chegaram nem sitio tinham para se sentar. Não foram devidamente apresentados, muito menos lhes foi dada qualquer formação. Irão trabalhar tarefa a tarefa, a conta-gotas doseado por alguns coordenadores que não terão disponibilidade para os acompanhar devidamente. Durante o contrato darão à manivela com quanto força tiverem; sempre que a manivela encravar, não saberão como resolver o assunto. Trabalharão sem horário e sem pagamento de horas extraordinárias, sem qualquer programação do trabalho... suportarão o caos na ânsia de conseguirem um lugar de trabalho no futuro (porque sabem que dos 13 talvez fiquem 3...). Uma das estagiárias sujeitou-se a ir para Lisboa, mesmo sendo da Póvoa de Varzim. Como será que estes novos colegas engoliram o almoço de Natal da empresa? Terão alguma espinha de bacalhau entalada? O que terão achado de toda aquela alegria e fraternidade tão artificial? Eu estou com dores de estômago e nem sequer fui ao almoço...
Por isso é que nunca serei um bom economista... este facto foi aceite com a maior naturalidade pela empresa. Tentei contrapor à Administração, mas sem qualquer êxito... os argumentos são os do costume. Que me interessa a mim que todos os empresários façam o mesmo? Está errado! A escravidão foi abolida há séculos, independentemente de ser ou não uma oportunidade do mercado! Não é pelos outros se comportarem sem princípios e escrúpulos que devemos copiar ou aceitar essa forma de agir.
Tentei usar outros argumentos, como a qualidade do trabalho: mais valia contratar só 5, forma-los convenientemente e criar profissionais válidos, capazes de acrescentar valor ao trabalho a desenvolver, capazes de “pensarem”, em vez de se limitarem a “deglutir papel”.
Ainda por cima, a maior ironia de tudo isto, é que dinheiro não falta nesta casa... os programas tinham seus orçamentos executados a 50% em finais de Setembro, por falta de ideias válidas por parte da Administração para atingir os fins em causa. Ora, se há trabalho atrasado, vamos resolve-lo bem... caso haja erros (e há sempre) na altura de encerramento dos programas, as pessoas que os cometeram já cá não estarão para os justificar ou corrigir. E quem o fará?

Os Portugueses criticaram países estrangeiros porque durante anos maltrataram os nossos que noutras terras tentaram a fortuna. Hoje em dia fazemos isso aos estrangeiros e a nós mesmos...

Sérgio


Podia ser Natal

“Podia haver uma luz em cada mesa
E uma família em cada casa
Jesus em Dezembro, aqui na Terra
Podia ser Natal e não ser farsa.

A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador

Podia ser notícia o fim da Amargura
Que divide os homens por trás dos canhões
A fome e a miséria servem a loucura
Que forja profetas e divide as nações.

Podia ser verdade o tom e o discurso
Desse velho actor falando aos fiéis
Mas nada se passa na noite do mundo
Máscaras de dor, pequenos papéis

A história certa é
Natal de porta aberta
Podia ser Natal."


Letra e Música de António Manuel Ribeiro
Dueto com Miguel Ângelo em “Espanta Espíritos”
(Colectânea de Natal de Música Portuguesa editada em 1995)

21 dezembro 2005

3 Meses.

Faz hoje pouco mais de 3 meses que comecei a dedicar algum do meu tempo a este sitio.
O CARMOBLOG começou a título de brincadeira e sem destino previsto... e continua na mesma! Mas como me diverte que assim seja, assim vai continuar...

Para comemorar estes 3 meses e solidificar esta posição, instalei um contador de visitas!

Bom Natal!
Sérgio

Solariso.

Ora aí estão duas coisas que eu prezo: sol e riso... estava a brincar! Foi só uma maneira de vos introduzir um blog que tenho assiduamente visitado.
Recomendo-vos umas passagens por este sitio e a leitura atenta dos posts sobre o Natal, Candidato Manuel Alegre, Plano Tecnológico, Ecologia, entre outros temas da actualidade.
Aqui fica o endereço: http://solariso.blogspot.com. Parabéns ao seu autor, Pedro Miguel Rocha.

Sérgio

20 dezembro 2005

Paulo Malekith Rema

Apresento-vos um blog de um escritor cuja originalidade me surpreende.
Sem me querer alongar ou comentar algo que não tenho capacidade para fazer, deixo-vos o link do blog e recomendo-vos a leitura de dois dos mais recentes posts editados: "Fuga"; e a "Inverdade de uma Mulher".
Sérgio

16 dezembro 2005

27.º Aniversário da Jo-Jo's.


Ontem 15 de Dezembro fui surpreendido com um email da discoteca em que habitualmente e desde há muitos anos adquiro discos e cd's.
27 anos... é muita coisa! Especialmente porque tendo eu 33 e sendo cliente desta discoteca desde a sua abertura (na altura, mais propriamente o meu Pai), vi as mudanças da loja dentro do C.C. de Cedofeita e mais recentemente para a Rua de Cedofeita. Ao longo deste anos tantas e tantas discotecas abriram e fecharam (Tubitek, Bimotor, Sofisticada, Philcolândia, Arnaldo e Trindade, Peggy, Melody, Roma Mega Store, Virgin Mega Store... Valentim de Carvalho). No meio disto tudo, a FNAC soube aproveitar o momento frágil de grande parte destas lojas, provocado pelas obras no Porto, que tornavam o seu acesso difícil. Pena é que não tenha a qualidade destas...

Se a Jo-Jo's inicialmente supriu as dificuldades de uma loja pequena num centro comercial que rapidamente se degradou, graças à venda postal e por catálogo, rapidamente se fez monir de bases de dados volumosas, dedicando-se à venda por encomenda e a nichos de mercado. A generalização da internet serviu-lhe que nem uma luva, tendo criado a 1.ª loja online Portuguesa. A recente mudança para um espaço novo, maior e em contacto directo com a rua, permitiu um atendimento de melhor qualidade ao publico e diversificar com a exclusividade habitual para outras áreas além dos CDs (livros, DVDs, vinil, aparelhagem e consumíveis audio e video).
Nesta discoteca já se formaram excelentes profissionais, que em altura própria seguiram outros rumos. A escola Artur Ribeiro dá frutos, aos quais não é alheio o Paulo.
Mas todo este dinamismo tem um nome: Artur Ribeiro. O actual proprietário comprou a discoteca algum tempo depois da sua criação e desenvolveu desde logo as estratégias referidas. Hoje possui uma equipa que lhe permite garantir um futuro de sucesso. A marca CD GO foi mais um passo definitivo nesse sentido. Mas esta equipa nunca parou de inovar: conhecem alguma discoteca que vos leve as comprar a casa? Pois passaram a conhecer!
Vou a este espaço muitas vezes, faço encomendas pelo telefone (até me conhecem a voz...), o Artur, o Paulo e o Eduardo até já adivinham dos discos novos que saiem, os que eu vou gostar. É também habitual encontrar na Jo-Jo's alguns colunáveis a fazerem as suas aquisições e descobertas... ontem não foi excepção...


...e pelas 22 horas, a Jo-Jo's brindou-nos com um "Porto de Honra", uma exposição fotográfica de Pedro Sottomayor intitulada "Paleta de Sons" (com registos efectuados em 2005, em sessões de Pop e Jazz, em diversas salas do país), e ainda, com uma actuação tão intimista como minimalista de Old Jerusalem (na fotografia). Soberbo!

Sobre Old Jerusalem, ou será preferível dizer, Francisco Silva, muito havia para dizer. Sintetizando, este senhor é "vizinho" e cliente habitual da "aniversariante". Dois albuns editados: "April" e "Twice the Humbling Sun". Um registo forte, um som com uma presença firme e envolvente (em contraste com o showcase de ontem, em que a voz e a guitarra actuaram sozinhas e sem qualquer amplificação). Ambos os trabalhos são marcadamente originais; a coerência da composição denota um salto de maturidade neste 2.º album, definido por Mário Lopes do DNMúsica, como: "Onze canções destinadas a tatuar-nos a vida - e isso, obviamente, não se explica, vive-se.".

Em conclusão, vivam estes temas! Comprem-nos na Jo-Jo's (http://www.cdgo.com), de preferência... e ouçam-nos... recomenda-se a audição atenta naqueles dias em que...

"... Sabemos que há um tempo de luta e um tempo de espera
Aprendemos que ao contrário do que dizem
Ao contrário das frases feitas cheias de boas intenções:
O amanhã não é sempre um novo dia.
Mas muitas vezes o ontem repetido até à exaustão..."

Bom fim-de-semana!

Sérgio

15 dezembro 2005

Hold Still

Venho-vos falar de um tema incluído no último álbum do David Fonseca.

Sem me querer alongar, este último trabalho é um bom disco, mas não atinge os níveis de excelência do anterior “Sing me Something New”, comemorativo dos seus 30 anos. Tem um tema cantado em Português, o último. De qualquer forma, David Fonseca continua a orgulhar-nos de tal como ele, sermos Portugueses e entre nós termos um músico de tão grande valor. Os temas continuam coerentes, bem construídos com muito substrato e envolvência. É um não definitivo à música de plástico e de consumo fácil e rápido.

O tema de que vos quero falar chama-se “Hold Still” e é a 4.ª faixa deste “Our Heats Will Beat As One”. Trata-se de um dueto de voz do músico-autor com a Rita Pereira, a pianista escolhida por David Fonseca para gravar e participar na banda que com ele fará a tournée deste álbum (refira-se que no 1.º álbum o músico gravou-o ele mesmo na integra).
Este é um tema de eleição, de excepção, de excelência. Aconselho-vos a ouvirem-no com toda a vossa atenção. Entrem para dentro do som e interpretem o significado de cada palavra.
Façam-no no carro, com o volume bem alto e vidros fechados como se estivessem isolados do resto do trânsito. Mergulhem bem fundo nos sons e deixem as lágrimas aparecerem na retina (mas não descuidem o tráfego, caso contrário vão chorar mesmo...).
Melhor ainda: façam-no em casa, na vossa sala, com o volume elevado e não se deixem perturbar por nada. No fim, corram para aquela pessoa especial e dêem-lhe o abraço mais interminável da vossa vida... mesmo que ela não saiba que é essa pessoa!

Sérgio


Hold Still

In this little town
cars they don't slow down
The lonely people here
They throw lonely stares
Into their lonely hearts

I watch the traffic lights
I drift on Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But girl you're so far away

Oh, hold still for a moment and I'll find you
I'm so close, I'm just a small step behind you girl
And I could hold you if you just stood still

I jaywalk through this town
I drop leaves on the ground
But lonely people here
Just gaze their eyes on air
And miss the autumn roar
I roam through traffic lights
I fade through Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But man you're so far away

Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
You're so close, I can feel you all around me boy
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

Oh, hold still for a moment and I'll find you
You're so close, I can feel you all around me
And I could hold you if you just stood still
Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
I'm so close, I'm just a small step behind you
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

David Fonseca

14 dezembro 2005

Felicidade: o Objectivo de Todos Nós.

Hoje de manhã fui surpreendido com um excerto de um texto de Fernando Pessoa num dos blogs mais mediáticos da web.
Há que olhar para a vida com descontração e perceber que a felicidade está presente a todo o momento no nosso caminho e não num suposto destino por nós idealizado, e que todos os obstáculos podem ser transformados em oportunidades. Aproveitem bem todos os momentos, porque não vão poder voltar atrás...
Fixem bem esta citação e nada mais vos poderá abalar:

"...Pedras no caminho? Guardo todas; um dia vou construir um castelo..."

Deixo-vos o link:

http://calimerosmix.blogspot.com/2005/12/fernando-pessoa-sempre.html

Marta, obrigado por um início de dia ainda mais bem disposto!

Sérgio

O Espírito Natalício.

E como não diria melhor, cito o meu irmão:

http://ex-sitacoes.blogspot.com/2005/12/esprito-natalcio.html#links

"...A TODOS UM BOM NATAAAAAAL, A TODOS UM BOM NATAAL...DESEJO UM BOM NATAAL PARA TODOS NÓÓS...DESEJO UM BOM NATAAL PARA TODOS NÓS..."

Sérgio

13 dezembro 2005

Triumph Test Drive - 10Dez2005.


No passado Sábado, o novo concessionário Triumph (Motocycles World) promoveu um drive test com alguns dos seus modelos: Sprint ST, Speed Triple, Tiger, Rocket, Bonneville e Speed Master.
Ficaram de fora as fantásticas: Truxton - uma moto ao estilo da Bonneville, mas desportiva; a Scramble - que só sai em Abril, tratando-se de uma Bonneville mais versátil (pneus de tacos e escape duplo elevado à altura do banco); e as Daytonas – a 675 porque só sai em Março, e a 955 penso que terá sido descontinuada, aguardando-se uma versão melhorada e incluindo o novo motor 1050 c.c. (já incluído na Sprint ST e na Speed Triple).

Comecei por experimentar a Tiger. Tendo a melhor das impressões desta moto, não percebi o porquê de não ter sido actualizada com o motor 1050 c.c., visto ter sido revista para 2006. No entanto, vem muito bem equipada (com punhos aquecidos e malas entre outros mimos).
Adorei este modelo: andamento impressionante, capacidade de curvar depressa surpreendente, estabilidade e protecção aerodinâmica, travagem potente, agilidade e leveza supreendentes (parece uma 450 e não uma 955). O painel de instrumentos é muito agradável, tal como a facilidade com que se fazem “cavalinhos” no arranque.
O único ponto menos positivo, na minha opinião, é a estética da carenagem frontal. Isto não lhe retira a eleição de melhor trail do mercado (na minha opinião), embora me pareça que deveria estar disponível como opção, a instalação do ABS, por forma a ombrear a excelente (mas muito mais pesada e lenta) R1200GS, da BMW.

(O Vitor aos comandos da Sprint ST)

Em seguida tive o privilégio de experimentar a Sprint ST (a mais desejada). Não tenho dúvidas que seja a melhor Sport Touring do mercado; está anos luz à frente da VFR VTEC. Estabilidade imperturbável, travagem potente (a versão de teste tinha ABS, um opcional), capacidade de curvar e agilidade notáveis, estética soberba (especialmente os 3 escapes debaixo do banco), motor potente e progressivo. O trabalhar do motor é inebriante em qualquer situação. O painel de instrumentos de fundo azul é excelente e inovador, onde se distingue o computador de bordo multi-funções.
O que menos gostei foi o pormenor dos lindíssimos piscas incluídos dos retrovisores serem laranjas... ao contrário dos satélites traseiros, que são e muito bem, brancos. O motor também não é explosivo como o anterior 955, mas ganha em progressividade e em binário entre as 1500 e as 4000 r.p.m. (é preciso ter em conta que a moto estava em rodagem).

(O Francisco procura as carenagens!!!)

O prazer sublime de rodar de moto veio com a 3.ª moto: a Speed Triple (que alguns conhecem do filme Missão impossível). A versão para 2006 traz 130 cv (e 1050 c.c.), e um painel com computador de bordo, onde se inclui o velocímetro digital. Logo quando se liga o motor somos seduzidos pelo trabalhar grave e sonante. Arrancamos e a sensação de leveza torna qualquer outra moto um autêntico “camião”. Aceleramos e a roda da frente levanta! Que poderíamos querer mais?! Mas ainda há espaço para sermos surpreendidos: a travagem é impressionante (mas não tanto como a concorrente KTM SUPERDUKE), ajudada pela suspensão frontal invertida, que contribui para uma inserção em curva (mesmo a alta velocidade) muito confiante. A estabilidade é muito boa, para uma moto sem nenhuma protecção aerodinâmica. Mais, a moto é uma “bala”!
Mas só por si a estética, já a torna a naked mais apetecível do mercado. O resto tornam-na também a mais interessante do mercado.


(Eu e o Francisco ao lado da Rocket III; atrás o Zé Alexandre conversava com o Carlos Ruivo)


Das motos mais faladas na Comunicação Social especializada, destaca-se a Rocket III. Com 2.300 c.c., esta custom também intitulada por alguns como “O Monstro de Lockness” é só a moto mais rápida do mundo no arranque dos 0-100 kms/h e imprime uma aceleração até aos 160 kms/h de 1,2G’s... dá para imaginar?!
Não sendo apreciador do género, acho a moto lindíssima. Ao contrário do que se espera de uma moto com mais de 300 Kgs, é muito ágil, permite curvar muito depressa e inclinada, trava bem e é muito dócil em termos de potência.
Estranhei a posição de condução com os pés à frente (e as dores de costas que isso me provoca); mas não deixou de ser uma experiência interessante. Uma alternativa às Harley-Davidson, superior em termos dinâmicos e com um barulho muito interessante também. Mas não quero fazer comparações porque só guiei uma HD (Fatboy) na vida e não guiei mais nenhuma custom.
Por esta razão, não experimentei a Speed Master; como não sou apreciador do género, olho para este como uma custom menos potente e extravagante que a Rocket.

(Eu e a Bonneville: uma experiência que me marcou.)


O meu drive-test terminou com uma experiência nostálgica: a Bonneville. Por curiosidade, dado que a moto é tão bonita e emblemática, fui passear com esta “senhora”, cujo design é uma recriação do modelo original dos anos 60. E sabem que mais: adorei! A moto é simples, leve e ágil, potente q.b., a travagem não compromete, a estabilidade até aos 130 kms/h é imperturbável (apesar do muito vento que se sentia na VCI no Sábado) e o chassis permite curvar para lá das nossas expectativas.
O motor bicilíndrico é progressivo e honesto no desempenho a qualquer rotação (os restantes modelos eram tricilíndricos, excepto a Speed Master) e tem um som muito agradável. Tem 900 c.c., mas a sensação de leveza que transmite a moto é a de uma 250 c.c..
A moto transpira serenidade, calma e nostalgia... mas dá-nos vontade de ir até ao fim do mundo!
Muito peculiar a posição do canhão de ignição: na forquilha dianteira, ao lado do farol.

Foi uma manhã muito bem passada e que será relembrada muitas vezes. Quanto a trocar de moto... neste momento se o fizesse, a minha escolha cairia na Speed Triple.
Agradeço aos meus amigos Francisco, Vítor e Zé Alexandre a quem arrastei... mas pelos vistos também gostaram.
Um agradecimento muito especial ao Carlos Ruivo pela amabilidade com recebeu os meus amigos (e a mim...); congratulo ainda a Motorcycles World por esta iniciativa. O Test-Drive Day repete-se no próximo Sábado e espero por lá aparecer, desta vez só para acompanhar alguns amigos numa incursão pelo Universo Triumph... é claro que se me deixarem andar com aquela Daytona usada que lá estava, eu não recuso mais uma voltita!


Sérgio

12 dezembro 2005

Passeio ao Caramulo do Fórum Motonline - 2.ª Parte.


O almoço para alguns, piquenique para outros foi calmo e permitiu descontrair os músculos. A paisagem era excelente. Houve tempo para conversar, dar umas boas gargalhadas e até para fotografias artísticas...

Como o passeio sofreu alguns atrasos, houve que encurtar o regresso e optar entre ir ao Miradouro do Caramulo ou ao Museu do Caramulo. Como a segunda opção seria mais demorada, eu fui dos que sugeri o regresso a casa mais cedo... é que tinha combinado um jogo de futebol às 19h00; e como eu jogo muito bem futebol (gargalhada geral)... tal como guio moto (muitos mais risos)... não queria penalizar a minha equipa com a uma ausência (até porque não há mais ninguém para me substituir).
Nesta altura os participantes começaram a separar-se... os do centro do país tomaram o seu percurso, outros tiveram de ir embora directos.

A paisagem do Miradouro era fantástica e o frio começava a espreitar. Era hora de nos equiparmos para o regresso com o anoitecer.

Com um grupo menos volumoso, o ritmo tornou-se mais interessante e alguns talentos “vieram ao de cima”. Foi altura da nossa amiga “Texe”, a única “mulher ao guiador”, mostrar como se desciam as curvas do Caramulo sem tocar nos travões e a um ritmo que alguns dos homens presentes tinham dificuldade em acompanhar (aplausos). Eu pessoalmente, o “Curvas Lentas” em algumas curvas optaria por entrar mais lento (assobios)... valeram-nos as rectas (muitos mais assobios). Entramos no IP5 e a “Texe” não se fez rogada... a cauda do Plutão rodou entre os 160 e os 180 kms/h, enquanto lá na frente alguém queria chegar os 300! (palmas). Houve até alguém que afirmou que a Hornet da nossa amiga chegou a rodar acima dos 180... no entanto, parece-me que se tratam de “japonesisses” (assobios); os velocímetros japoneses têm um marketing “próprio” (mais assobios). Eu não vi mais de 180, e antes que comentem, não tenho o conta-quilometros em milhas (assobiadela geral)!

Já na A1 houve alguém que se esqueceu de para em Antuã, o que nos obrigou a parar depois da portagem na saída para Estarreja e telefonar a avisar os mais rápidos parados na área de serviço, que nos encontrávamos ali à espera deles. Enquanto esperávamos descobri que a “Texe” tem carta e moto há pouco mais de um ano (palmas)... quem quiser, que tire ilações do que acabou de ler e da próxima que pense muito bem antes de se gabar dos seus feitos ao volante (aplausos e gargalhadas).

Despedidas feitas, aí vamos nós em direcção a casa. Já na A29, altura em que achei por bem, momentaneamente, abandonar a posição de “moto-vassoura” e esticar o andamento um bocadito (assobios; voam tomates maduros e ovos podres). No entanto, depois de passar a saída da Feira, voltei para a cauda do Plutão (aplausos)... é que eu detesto aquele troço até Gulpilhares (assobios)...

Foi um dia muito bem passado, estivemos em sítios fantásticos, a companhia foi excepcional e mais uma vez o prazer de andar de moto esteve em alta. Nas melhores coisas que andar de moto tem, está o facto de nos tirar do enclausuramento Inverno-caseiro e promover um convívio são e confortante.

Parabéns ao César pela organização (muitos aplausos) e espero que este grupo se reúna muitas mais vezes (aplausos). Até ao dia 9 de Janeiro vou estar desaparecido (aplausos), regresso quando o estudo acalmar (assobios). Beijos e abraços!

... consegui chegar a horas ao jogo!

Sérgio

Passeio ao Caramulo do Fórum Motonline - 1.ª Parte.


Ontem, Domingo 11 de Dezembro fui pela 1.ª vez passear com alguns dos intervenientes deste fórum, os quais conheço mais pelo nick (e é cada um...), do que pela cara!
O César, numa organização SEM TRAVÕES BAR, fez os contactos e pôs o pessoal na estrada.

Com hora marcada para as 9.00h e saída efectiva às 10h00, lá nos fizemos ao caminho, começando por nos perdermos logo no quarteirão do SEM TRAVÕES BAR. É que eu fiquei com a “arriscada” tarefa de ser a “moto vassoura”... sim, e que outra moto que não a minha se dignaria a tão sublime tarefa sem retaliar com embrulhanços, soluções, rateres e engasganços... só uma elegante “senhora inglesa”!

Já agrupados a descer a VCI para o Freixo, seguimos em ritmo lento pela estrada de Entre-os-Rios. Depois de atravessar a ponte, fizemos a 1.ª paragem. Fotografias, cigarrinhos, bolos, etc.. Tempo para tudo e volta para a moto, porque muita estrada há pela frente.


Seguimos em direcção a Castelo de Paiva e Vale de Cambra; nessa altura o ritmo tornou-se alucinante dadas as características da estrada e os dotes de condução dos vários participantes. Tenho-vos até a dizer, que me vi envolvido num despique duríssimo com um ciclista que teimava em tentar ultrapassar-me e meter-se no meio dos meus companheiros de viagem... (risos!).

Depois de Vale de Cambra a estrada melhorou consideravelmente e voltamos ao ritmo de passeio até Vouzela (com uma estrada normal não dava pica...). Tempo ainda para uma paragem rápida e reabastecimento de algumas motos.

Chegados ao IP5, tempo para alguns dos nossos amigos esticarem (as pernas, os braços e sabe-se lá que mais...) até aos 260... ou por aí perto.

Paragem em Vouzela: local idílico, calmaria, música suave no ar... e PASTEIS DE VOUZELA! LOUCURA! O local onde estacionamos as motos era fantástico: arcadas de pedra, rio... estava um sol esplendoroso! Tivemos uma sorte incrível com o tempo. Aliás o fim-de-semana todo esteve fantástico.


(entra o Velho do Restelo)

Uma nota aqui para os verdadeiros protótipos que participaram neste passeio: desprovidos de piscas, matrícula, retrovisores entre outras peças... além de outras alterações... estes veículos altamente dotados mostraram o que era realmente andar depressa em determinadas alturas... só não percebi o que é que o Francisco VFR, com a sua moto civil e não RR, andava a fazer no meio deles? Parece que nas rectas ficava para trás... Não posso deixar de assinalar também a coragem de outros participantes, cujas motos estavam equipadas com “slicks” em vez dos tradicionais pneus com rasgos... Outras formas de coragem demonstradas traduziram-se em conduzir sem equipamento apropriado... ora isto demonstra muita segurança na condução, já que “ir ao soalho” está fora de causa para estes motards.

Depois da chegada do Satan e dos seus amigos, voltamos para cima das motos e fomos a caminho do nosso local de almoço. E à saída de Vouzela perdemo-nos outra vez. Depois de uns telefonemas para o Porto... sim, o César deixou o telefone no Porto e valeu-nos a Alexandra! O reencontro foi rápido e finalmente, hora de almoço!

(continua)

Sérgio

09 dezembro 2005

Almoço de Natal da Via Romana - Parte II.

(continuação)

Já sentados à mesa, fomos brindados com um magnífico cabrito assado e papas de sarrabulho acompanhadas com rojões.
Na fotografia em cima, o nosso anfitreão e a sua esposa (ou ao contrário...). Aliás este casal é o exemplo perfeito de que a atitude motard mantem a juventude de espírito (e não só...). Digam lá que estes 2 não parecem ter menos uns bons 15 anos?!
Do outro lado da mesa (em baixo), entre os colunáveis, Carlos Ruivo (o verdadeiro gentleman), Presidente do Triumph Motoclube de Portugal, do Moto Clube do Porto e responsável pela nova concessão da Triumph no Porto (Motorcycles World... mais fácil de escrever do que pronunciar!!!).

O brinde de Natal não podia faltar... mesmo com água para alguns!


Já no fim do almoço (e que almoço), estando todos de estômago bem confortável, em tom informal e descontraído em pleno parque de estacionamento (fotografia em baixo), Armando Costa e Carlos Ruivo esclareceram o contexto da nova concessão Triumph, da posição da Via Romana e da Motodinâmica. Põe-se assim fim a alguns mal entendidos que criaram falsa polémica e comentários desagradáveis sobre a Motorcycles World, devido à participação do Grupo A.S. Motorrad, cuja fama de praticar preços altos de revenda e manutenção tem sido um entrave ao maior (ainda) crescimento das marcas que representa. Tive oportunidade de, perante os presentes (onde se incluiam 2 sócios da Motorrad), pedir desculpa pelos meus comentários publicados no fórum Triumph; como referi na altura, dou o benefício à dúvida e desejo o maior sucesso ao Carlos Ruivo e o merecido reconhecimento da Triumph em Portugal. Outras vozes interviram, mais pela negativa que pela positiva... o que se entende, porque a mudança "mexe" com os nossos amigos... e nestas alturas o coração fala sempre mais alto, independentemente da razão que se tem.

De animos mais calmos e coração mais tranquilo seguimos até Vila Verde, onde era dia de festa com procissão e banda de bombeiros a desfilarem pelas ruas. Podemos observar o centro da vila e passear para ajudar à digestão...

Um fim de dia bonito...

Na fotografia 2 distintos motards na rua príncipal de Vila Verde, que tive o prazer de conhecer e conversar.

A presença feminina dá sempre mais cor a estes passeios e mais uma vez esteve muito bem representada.

A agitação à volta da igreja típica dos dias de festa.

Tempo ainda para tomar um café (ou outra coisa) no Cadillac Bar.

Infelizmente eram horas de regressar a casa. O percurso foi feito já de noite e também em ritmo moderado, embora com um ligeiro sobressalto para mim, durante uma curva de acesso à variante de Braga, enquanto apertava o casaco: mau timing; massariquices de quem retomou as motos num passado recente... Espero que ninguém tenha reparado numa trajectória pouco comum, comparada com a excelência da condução do Carlos Ruivo, que seguia à minha frente na nova, linda, fabulástica Sprint ST.

De regresso à Área de Serviço de Santo Tirso era a "hora da despedida". Peço desculpa por ter tido de me ausentar imediatamente, mas um jogo de squash aguardava por mim e não gosto de chegar atrasado.

Foram 140kms e um dia muito agradável que só me faz ansear pelo próximo passeio. Até lá, fica a fotografia da minha "companheira" ao lado de uma lindíssima R6.


Sérgio

Almoço de Natal da Via Romana - Parte I.

Ontem fui a almoço de Natal no qual não conhecia quase ninguém... eu explico: tratou-se do Almoço de Natal da Via Romana, concessionário Triumph no Porto.


O encontro foi marcado para as 10.45h na Área de Serviço de Santo Tirso na A3, mas quando lá cheguei deparei com estas motos... não deveriam ser só Triumph's?!

Logo o Armando Costa (o nosso anfitreão) me apresentou os presentes e continuaram a chegar outros convidados. Desde logo deparei com pessoas educadas e de agradável trato, o que poderá chocar quem não conhece de perto o mundo motard, mas desde sempre conheci pessoas assim entre os apaixonados da motos, especialmente das marcas mais requintadas. Uma espécie de elite diria... mas isso poderia ser mal entendido, pois estamos a falar de pessoas simples e acessíveis: verdadeiros gentlemen do asfasto (o mesmo se pode dizer das senhoras que os acompanham).

Depois de todos terem chegado (e a esmagadora maioria conduzia Triumph), arrancamos em direcção a Vila Verde. A ironia do destino levou a que o nosso anfitreão e proprietário de 3 motos, seguisse de automóvel... supostamente por ter uma moto avariada, a outra sem bateria e a outra na revisão! A viagem prosseguiu a ritmo moderado e quando chegamos ao restaurante (O Torres), próximo de Vila Verde, as dificuldades em estacionar tantas motos no parque do restaurante foram evidentes.


De imediato houve espaço para a troca de impressões sobre os 2 monstros do Lockness presentes... desculpem, sobre as duas Rocket, porque existiam algumas diferenças entre ambas.

(continua...)

07 dezembro 2005

COLDPLAY - X&Y


Este é o último trabalho dos Coldplay e já está no mercado há alguns bons meses.

Escrevo hoje sobre ele, porque apenas ontem tive oportunidade de o ouvir em casa. Já o tinha ouvido na rádio, no carro, no emprego... mas perante uma audição cuidada, tive uma surpresa... muito desagradável...
Esta é uma banda que admiro. Têm mais trabalhos do que os três álbuns de originais que a maioria de nós conhece (façam uma busca na amazon, no site da banda ou em http://www.pleasureunit.com/coldplay/, por exemplo). Começaram por um pop alternativo bem patente em "Parachutes", mudando para um rock mais usual a partir de "A Rush of Blood to the Head". Neste último "X&Y", mais se trata de um pop easy leastening. Não quero com isto desprestigiar o trabalho da banda; antes pelo contrário. Mesmo dentro dos enquadramentos mais comerciais há espaço para a diferença e os Coldplay souberam muito bem criar o seu estilo, som e espaço.
"X&Y" tem temas fantásticos como "Fix You", "A Message", "Talk", "White Shadows", ou "Swallowed in the Sea". O próprio som do piano que inicia "Speed of Sound" é inebriante e cada vez mais é a imagem de marca, ou melhor dizendo, o "som de marca" dos Coldplay (à semelhança com "Clocks" do álbum anterior).
A somar à qualidade dos trabalhos, a atitude da banda em palco e a associação a movimentos e causas de solidariedade e caridade (Make Trade Fair; Live 8, etc.), e a própria presença de Chris Martin, tornam esta banda tão única e original como mediática.
O que não faz sentido absolutamente nenhum é comprar este "X&Y" (que na versão cd até vem protegido... como se não o conseguissemos copiar assim!) e quando o vamos ouvir, deparamos com um som enlatado, abafado, sem definição... Nos temas com maior número de instrumentos e vozes (por exemplo, na parte final do fantástico "Fix You") , a definição perde-se e mais parece que metade dos altifalantes das nossas colunas se desligou. A diversidade de definição de sons dá lugar a uma massa homogénea e monocordica de dissibilância onde nada se distingue, nem se identifica. A mim só me dá vontade de por o som mais baixo dada a dor de cabeça que me provoca. Isto não é música... é ruído! Espanta-me que uma banda deste calibre, que apregoa principios e valores sociais louváveis, e edita um trabalho tão bom, não tenha cuidado com algo fundamental quando se grava um disco: qualidade de som. Isto só teria igual se comprassemos um livro escrito à mão e não conseguissemos compreender os "gatafunhos" do escritor...

Este é daqueles cd's que de facto não vale a pena comprar... copiem-no! Não perdem nada...

Sérgio

06 dezembro 2005

Manuel Alegre - O Candidato.


Ontem tive a oportunidade de assistir ao primeiro debate entre os candidatos a Presidente da República, que opôs Manuel Alegre a Cavaco Silva.
Manuel Alegre não era mais, para mim, do que um bom escritor e poeta. Razão pela qual nunca o imaginei candidato a um lugar de grande relevo na cena política. Pela mesma razão, não valorizei a sua candidatura a PR e até entendi que tivesse sido relegado para segundo plano pelo PS (o que não entendi foi a opção desactualizada que Mário Soares constitui).
Já Cavaco Silva, é alguém que todos conhecemos muito bem quanto ao seu carácter, personalidade, competência, rigor e experiência. Era para mim este o candidato a eleger; pois reúne um conjunto de características que mais nenhum outro candidato conseguia. Era para mim um mal menor, pois não sou adepto de políticas previligiadamente fiscais tão defendidas pelo próprio e por Manuela Ferreira Leite, para os quais um déficit só pode ser reduzido por aumento da carga fiscal e diminuição da despesa pública (política que alías, o governo de José Sócrates tem dado continuidade apesar de ter prometido o contrário... mas é mais fácil e não exige pessoas competentes). E este é para mim o maior entrave a eleger Cavaco Silva: sabemos que pela sua personalidade, fará fortes pressões (e bloqueios!) para que o Governo prossiga com esta perspectiva demasiado economicista e keynesiana de encarar a crise que o país atravessa. Só que todos nós (mesmo não sendo especialistas) sabemos que cortar despesas implica necessariamente cortar receitas (algumas significativas); sabemos ainda que aumentar impostos aumenta a tendência de fuga aos mesmos. Somos cidadão informados (?!) e sabemos que numa economia capitalista cada vez mais competitiva, a única fuga possivel é para a frente... todas as outras opções implicam morte lenta. Parece-me óbvio, olhando para os outros países e para a nossa hístória económica que o caminho é no sentido oposto: diminuição da carga fiscal para um nível que a fuga ao imposto deixe de ser compensador (pequenas diminuições nas taxas, disparam acréscimos das receitas fiscais); investimento e incremento da despesa publica no sentido de exponenciar o rendimento nacional. É claro que estas medidas trazem o aumento significativo do deficit a curto-prazo; também é claro que o caminho actual implica perda de competitividade acelerada e crítica a médio/longo-prazo... pois... mas os mandatos dos governos são só a 4 anos...
Neste contexto, foi com muita satisfação e surpresa que ontem vi um candidato realmente válido. Educado, elegante, correcto, conciso, pragmático e extremamente bem informado. Manuel Alegre, candidato a PR, descolou da figura do poeta de ideias enevoadas... e deu 10 a zero a Cavaco Silva. Fez opor ideias de progresso, investimento e motivação económica às habituais ideias de contenção, sacrifício do poder de compra e retracção; fez prevalecer pessoas sobre números; acreditou num país válido em prol de negócios fiscalmente válidos. Mostrou uma mente aberta e um discurso concreto, por oposição a ideias pré-concebidas e um discurso vago.
Provavelmente a minha decisão de voto final será a de Manuel Alegre... Quanto aos outros candidatos?... Não me parece que representem opções... Sobre Mário Soares já me pronunciei. Francisco Louçã é o dono da razão em todo e qualquer assunto; representa uma minoria esclarecida sobre a generalidade da população ignorante; logo, nem deveria ter lugar num sistema democrático. Jerónimo de Sousa é alguém apagado por ideias que já há muito morreram... Gárcia Pereira é um intelectual respeitável, mas parece-me que a sua ideologia padece de rejuvenismento... terei de assistir aos seus debates e saber mais sobre as suas propostas actuais; mas a sua candidatura tem-se mostrado apagada e não tem grande acolhimento perante a opinião pública.
Sérgio

05 dezembro 2005

ELEGÂNCIA NO COMPORTAMENTO.


Admiro as pessoas que têm "bom ar" independentemente da situação em que se encontram: podem ter acabado de acordar; estar no meio de uma ventania, ou terem apanhado uma chuvada; estarem vestidos formal ou descontraidamente; terem acabado de tomar banho ou estarem completamente transpirados depois de um jogo. Neste campo o sexo feminino tem nota máxima! É de louvar que as mulheres mantenham sempre aquele ar fresquinho e perfumado, mesmo ao fim de um dia árduo (de ski ou de trabalho) e que mantenham uma graciosidade em tudo o que fazem e na forma como fazem.
Mais do que isso: há pessoas que têm sempre um gesto, uma palavra, um sorriso simpático perante tudo e todos. Gentileza, delicadeza, elegância, graciosidade e educação são cada vez mais difíceis de encontrar e de reunir na mesma pessoa. Fácil é depararmos com o "quero lá saber"...
Se tudo tem uma forma correcta de ser feito (achamos nós); se todos temos (ou deveríamos) ter os nossos valores e prioridades, porquê abdicar deles em prol de um "quero lá saber" cada vez mais generalizado perante quase tudo e todos? Só porque é mais fácil? Será que cada vez mais, menos coisas têm valor para cada um de nós, ao ponto de por e simplesmente não querer saber... o esforço está cada vez mais ausente da nossa sociedade (a sociedade do "...não estou para me chatear..."), que sobrevaloriza tudo o que é fácil. Os desafios não motivam os amantes do sofá e do comando da tv cabo...
A desculpa para grande parte destas situações em que menosprezamos aquilo que acreditamos ser o correcto e optamos por nem querer saber (que se lixe...), advém dos outros não serem correctos connosco; de situações injustas; ou até de "azares" que acabam por comprometer o nosso desempenho... Mas isso justifica?!
É especialmente quando tudo corre mal que se vê o verdadeiro carácter e o íntimo de cada um. É especialmente nessas situações que o pior de cada um de nós vem ao de cima... É em situações dessas que achamos que todos os meios justificam os fins e que o importante é, só e só, resolver as coisas a nosso favor, de qualquer maneira, custe a quem custar... sim, porque o importante é que não nos custe a nós!
Na minha opinião nada justifica proceder desta forma. Deveríamo-nos comportar com os outros, sempre e sem excepção, como gostariamos que os outros se comportassem connosco. Não é esse o princípio de vivência em sociedade? Não termina a nossa liberdade onde começa a dos outros? Não seria mais fácil e mais feliz a nossa vida em sociedade desta forma? E qual seria o preço disto tudo? Se repararem bem, muito baixo... na maioria das vezes, o tempo de contarmos até três e respirar fundo...

Deixo-vos um texto sobre este tema, que me enviaram há uns tempos atrás... não me lembro quem foi, nem sei quem é o autor (mas acho que foi o Scarpelli!).

Sérgio

"Há coisas que são difíceis de serem ensinadas e que, talvez por isso, sejam cada vez mais raras. Um delas é a elegância no comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correcto dos talheres e abrange muito mais do que dizer um simples "obrigado" perante uma delicadeza.
É a elegância que nos acompanha desde a primeira hora da manhã até a hora de nos deitarmos, e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há nem festas, nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que ouvem mais do que falam; e quando falam, passam ao lado da futilidade e das “mesquinhices” do dia a dia. É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz quando se dirigirem aos líderes, chefes, patrões, autoridades, etc.; nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la nas pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete. Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não nos tornarmos demasiado “espaçosos”, nem disformes. É elegante não mudar a nossa imagem apenas para nos adaptarmos à de outra pessoa ou situação. É muito elegante não falar de dinheiro; é elegante retribuir carinho e solidariedade. É elegante agir descontraidamente, independentemente da situação em que nos encontramos.
O sobrenome, as jóias e/ou o nariz empinado não substituem a elegância do gesto. A solução passa por desenvolvermos em nós mesmo a arte de conviver, independentemente do “status social”. Pedir “por favor” mesmo a quem acha que entre amigos não se aplicam esses “salamaleques”. Não é pelos teus amigos merecem uma certa cordialidade, que os teus “inimigos” irão desfrutá-la... e se desfrutarem, em nada isso te afectará a não ser pela positiva.

A educação enferruja por falta de uso. E um detalhe: ser educado e elegante não diminui a personalidade de ninguém."