Dado o meu estado pós-operatório ando agora mais quietito por casa. Impedido dos meus habituais desportos e dos quais já tantas saudades tenho (a ansiedade do regresso às 4 linhas começou logo no dia seguinte à operação... em especial, ando com saudades de jogar ténis!), fico a giboiar no sofá em frente à tela a ver filmes e concertos.
Depois de ter assistido, in loco, ao concerto da Madonna, concluo que de facto, de um concerto muito fraco se tratou... Não só pelas condições do espectáculo, mas por se tratar de um espectáculo centrado na própria. Nestes dias, embora sentado no sofá, tenho visto muito melhor!
U2
ZooTv, Zooropa ou Vertigo Tour. São espectáculos muito centrados nas "estrelas" e repletos de tecnologia, tal como o de Madonna. No entanto, são muito mais intensos e "viviveis" que o de Madonna, onde tudo o que nos resta é assistir. Também em termos tecnológicos são muito superiores aos de Madonna. Nota-se que o espectáculo se tornou mais humano com o envelhecer da banda... mais afáveis e com menos "super-ego".
Divine Comedy - Live at the Palladium Theatre
Divinal a voz de Neil Hannon, especialmente neste caso, acompanhada por uma extraordinária orquestra sinfónica. O som tem uma presença e uma envolvência fora de série. É um encanto ouvir um som tão melódico, tão envolvente e com arranjos tão bem elaborados... nada, mas nada mesmo chega ao som de uma verdadeira orquestra sinfónica.
Quando comparado com os espectáculos anteriores, quase se pode perguntar "Como é que se pode gostar disto?!", tal é a simplicidade de um palco de teatro, com os músicos lá em cima (a maioria sentados) e algumas luzes a apontar para os mesmos... Se pudesse optar entre assistir novamente ao espectáculo de Madonna, ou a um espectáculo dos Divine Comedy acompanhados por uma orquestra sinfónica, não hesitaria em escolher estes. Até porque Neil Hannon é um cómico! E há diálogo com a plateia... e literalmente! Durante o "National Express", alguns dos espectadores são mesmo convidados a mostrar os seus dotes vocais.
Calexico - World Drifts In - Live at the Barbican in London
Ao mesmo estilo de palco de teatro e meia dúzia de luzes simples, estes apenas trocam a orquestra sinfónica por um grupo de mariachis. A sonoridade é realmente impressionante: potente, toca-nos na alma e bem no meio do peito!
É um delírio de reciprocidade entre os músicos e a assistência, onde pessoas simples tocam músicas repletas de sentimento e alma, que comovem e arrepiam quem os ouve. Intenso, sem dúvida, tanto quanto memorável.
A música dos Calexico é só por si única; acompanhada pelos mariachi que tanto influencia a sua sonoridade, torna-se ainda mais inédita.
O espectáculo é repleto de encores (quase como aconteceu no Hard Rock!!!) e até há tempo para os papeis se inverterem: ou seja, passam os mariachi a tocar com os Calexico a acompanhar! Único e imperdível!
Peter Gabriel - Secret World Live
A cereja no bolo vem agora... Quem algum dia pensou que Peter Gabriel no seu fim de carreira poderia fazer um espectáculo tão fabuloso?!
Dizem que os músicos quando vão aos EUA vêm diferentes... as suas carreiras transformam-se, crescem, amadurecem... Desculpem a minha opinião, mas para mim apodrecem! Foi o que quase aconteceu aos U2 com o álbum Joshua Tree (felizmente aqueles 4 são realmente uns iluminados e souberam reconverter-se numa fabuloso Achtung Baby). Curioso é observar o que sucedeu com Paul Simon e Peter Gabriel depois de passarem por África! A sua carreira musical levou uma volta de 360º!!! Eheheh! Sim, ficaram virados para o mesmo lado, mas ordem natural das ideias reordenou-se definitivamente! África deve ser, de facto, um continente muito intenso... altera as pessoas que já o viveram... altera a música dos que por lá passaram, a escrita dos que por lá respiraram... vi-a nos olhos do meu Avô quando falava de África... ficavam húmidos, distantes, estáticos...
Este espectáculo, apesar de desenvolvido numa sala de espectáculos e não ao ar livre, brinda-nos com momentos únicos de eloquência entre os músicos e excelentes gadjets de tecnologia. A tudo isto, soma-se a teatrialidade que Peter Gabriel imprime nas suas interpretações e muita dança! Dança, quer dele, quer dos músicos... nada de bailarinos! Mas não coreografias pré-definidas... dança de quem está a sentir a música que toca!
Acima de tudo, os músicos fazem aquilo que deles se espera: tocam vários instrumentos; cantam; dançam; divertem-se à grande... e tudo sem vedetismos! Um todo onde Peter Gabriel é apenas um dos músicos da equipa.
Também no fim do espectáculo, à banda de Peter Gabriel se junta uma banda de músicos africanos, com uma sonoridade única.
É um espectáculo que nos toca pela originalidade... acima de tudo, como se pode fazer um espectáculo tão grandioso, com coisas tão simples e fazendo, simplesmente, o que se espera de nós. Não é preciso ser-se uma estrela excêntrica para marcar e surpreender as pessoas... apenas fazer o que se espera de nós com mestria, com excelência.
É claro que quando se não a tem... recorre-se a outros artifícios...
Sérgio
3 comentários:
há realmente pessoas com dons especiais para falarem de música...com uma intensidade que mesmo em silêncio, se faz quase ouvir uma sinfonia!
parabéns, bom post;)
partilho inteiramente da opinião de que África é mesmo muito intenso...sente-se mesmo ao longe, nos olhos de quem lá nasceu, de quem só por lá passou, mesmo os que só passaram durante a guerra...ninguém regressou igual, mesmo os que lá deixaram/perderam muito...a saudade está-lhe nos olhos, nos sorrisos e nas lágrimas...e ainda muitos ouço dizer: "um dia ainda lá volto"...
África entranha-se aquele calor, o cheiro da terra e o dourado especial do sol...!!!
bem mas o post é sobre música...e boa música como este canto já me foi habituando!;)
Boa noite!;)
Ena ena ao vivo em casa.
Tá-se bem!
para quando é o tal convite de assistirmos na telinha ao concerto que tens novo??
e a recuperação vai indo??
vamos combinar para te entregar aquele "filme" que querias ver!! Ou consegues andar até mim ? lolol
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