04 setembro 2008

São Poucas as Verdades Absolutas.

Este poderá ser até um final para Catarina e Lourenço (ver letra em baixo). O facto, é que são poucas as pessoas que conseguiram escrever e definir certezas... algo que depois de analisado, possamos concluir: não há como falhar!

Tenho um bocado a mania das verdades universais, e se há tema em que os dilemas se multiplicam, é este: a Amor! O relacionamento de duas pessoas, desde o momento que se atraiem, até ao momento em que têm de gerir as suas vontades numa vida a dois.

Admiro a Mafalda Veiga pelo texto que escreveu e que considero como parte dos melhores textos que já li. Admiro-a também pela capacidade de converter em música os textos que escreve. Mas nunca a considerei muito... muito menos o seu parceiro do último álbum, João Pedro Pais, sobre o qual, quem me conhece, já me ouviu dizer cobras e lagartos (até porque associo sempre a ele aquela palhaçada do Chuva de Estrelas: às vezes era um concurso de imitação, outras vezes era interpretação... deixei de assistir ao concurso exactamente na sessão em que participou... depois a hipocrisia do juri do público... enfim... acabei por deixar de ver televisão)!

Desde que ouvi este último trabalho a dois, dou o braço a torcer e reconheço a injustiça. Todos as minhas críticas deveriam ter sido dirigidas às equipas de produção dos respectivos álbuns e não a eles. Este último trabalho revela a qualidade de ambos. Não sei o quê ou quem é que mudou... mas os arranjos deixaram de ser aquela imbecilidade que há 30 anos domina a música ligeira portuguesa, abafando a originalidade dos músicos novos e tornando o som nacional uma pasta sem cor, cuja sonoridade dá náuseas e vómitos. São sempre as mesmas pessoas... ainda por cima desprovidas de qualquer originalidade a fazerem arranjos sem vida e a limar tonalidades sobre acordes menores... possivelmente todo o rock português foi composto sobre um teclado Yamaha DX-7 ou Korg K1. Por isso é tudo soa igual e soa mal... Foi assim que Adelaide Ferreira nunca brilhou... junta-se-lhe Rita Guerra, Lena d'Água e tantos outros, como os In Loco, que ficaria aqui o dia todos a enumerá-los.


Para sermos excepcionais há que fazer o que gostamos, mas com alma... com tudo o que temos! É o que está espelhado neste texto.

Sérgio





Cada Lugar Teu

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

(Mafalda Veiga, Tatuagem, 1999)

7 comentários:

Gisela FFale disse...

...
um dia disseram-me "nenhuma verdadeira história de amor tem fim..."

"Mesmo que a vida mude os nossos sentidos(...)Eu Vou guardar cada lugar teu (...)" e isso é mesmo só para "não tem medo de naufragar"...aqueles a quem "às vezes ainda se vê alma"...

http://picasaweb.google.com/omeuespacotambemeteu/Jonas#5166637291785956914

beijinho ;)

Trouble disse...

Uma vez...saía eu do paraíso... mas foi muito bom de passar, em que apenas vivi o presente e toda a minha vida se centrava naquele sentimento muito forte ... ele aproximava-se e eu brilhava de forma indiscritível... alguém me disse "nunca esqueces, mas arrumas no teu coração"
...nunca se repetiu, nunca se repetirá foi diferente, não amava, mas flutuava...
mais atrás no tempo também senti algo, talvez amasse... e outros mais amei, apaixonei-me... mas todos diferentes...
... nenhuma história de amor/paixão tem fim porque todas são diferentes e todas têm um lugar especial no nosso cantinho das alegrias e tristezas, bastou um minuto de brilho que logo ficou guardado....
a todos os que passaram na minha vida apenas posso dizer que estão guardados num cantinho com as tristezas e com as alegrias! :)

CARMO disse...

...e são esses momentos que pintam a nossa vida com tons fortes, que reluzem quando olhamos para trás, e cujo brilho nos faz sorrir...

Não gosto de perder tempo a olhar para trás... é inutil... a recordação fica e é muito boa, mas o caminho da vida é para a frente... e o desafio é superar a felicidade passada! Esse sou eu.

Anónimo disse...

Muito inspirado que o Sérgio está!! Dedico-te a ti a seguinte música. Aposto que conheces! Talvez até aprecies...

Foi em setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio,
Nas mãos o calor de Agosto e um sorriso
Um sorriso tão grande que nunca tinha encontrado
Ouve, vamos ver o mar...
Foste o 30 de fevereiro de um ano que inventaram
Falamos, falamos coisas boas e acabamos, em silêncio,
Por unir as nossas bocas e eu aprendi a amar

Foi em setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio,
Nas mãos o calor de Agosto e um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar...
Foste o 30 de fevereiro de um ano que inventaram
Falamos, falamos coisas tão loucas e acabamos, em silêncio,
Por unir as nossas bocas e eu aprendi a amar


Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu e recordar é viver
Só tu e eu

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos um mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu que queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não me digas adeus, quem sabe talvez um dia...
Como eu tremia de inverno, amei como nunca amei
Fui louco? Não sei, talvez! Mas por pouco, muito pouco,
Eu voltaria a ser louco com o amor de ti e o tremer

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos um mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu que queria ser forte, disse-te que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus, quem sabe talvez um dia...
Como eu tremia meu Deus, amei como nunca amei
Fui louco? Não sei, talvez! Mas por pouco, muito pouco,
Eu voltaria a ser louco amar-te-ia outra vez


Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda historia de amor
Que um dia me aconteceu e recordar é viver
Só tu e eu!

CARMO disse...

Olá Luna!
Por acaso... não estou a ver a coisa...

Anónimo disse...

"superar a felicidade passada"
porquê superar se foi felicidade?
"Não gosto de perder tempo a olhar para trás..."
Nem sempre olhar para trás é perca de tempo... às vezes há que rever e até voltar a sentir!
"mas o caminho da vida é para a frente..."
quem disse? o caminho não é certo... é aquele que escolhemos e nem sempre andamos em frente...
ou serás tu um ser perfeito com um único e certo caminho traçado?
não creio...
não há que ficar preso a passados, mas vale sempre a pena recordar.

"A vida é maluca! Nós nos apressamos em busca de intimidade e envolvimento pessoal, apenas para morrer de medo quando a possibilidade aparece…"
(Carl Whitaker)

toda a gente é gente! e admiro essa gente, que se envolve intensamente sem ter medo voar!

Pássaro que voa

CARMO disse...

Superar, porque mesmo em matéria de felicidade há que evoluir... parar é morrer em todos os aspectos.
Ficar a olhar para trás é acima de tudo, inutil... águas passadas não movem moínhos!
O caminho é para a frente, porque é para a frente que eu quero que seja. Não tem nada a ver com perfeição.
Por último, recordar não é ficar a olhar para trás.

O problema em voar não é o medo... aliás não há problema nenhum em voar, desde que para onde queremos e com o vento que queremos.

Sérgio