06 setembro 2008

Le Moulin Rouge!

Este é um dos meus filmes favoritos e ontem foi o meu serão.

A crítica classificou-o como um musical... e não passou disso para os experts do cinema. Mas há muito mais neste filme... Claro que para isso é preciso saber viver música. E os críticos de cinema, pelos vistos não sabem...

Aliás, o trabalho de Craig Armstrong passou ao lado destes experts, o que pessoalmente não entendo: o que dá alma ao filme é a música... como pode passar anónimo o grande maestro de tudo isto?! Vá-se lá entender os críticos...

O que mais me impressiona no filme é a capacidade de criar emoções muito fortes e antagónicas. Joga com o amor, a paixão e a felicidade que todos sonhamos e desejamos; e contrapõe o sofrimento, com a fatalidade do destino, a solidão, o desespero e o ciúme. Estas alternâncias constantes mantêm-me arrepiado e a transpirar o filme todo. Junta-se a isto muito humor! Ritmo, dança, coreografias, cores, vozes e coros, guitarras, tambores... uma imensidão de sons... toda esta diversidade surpreende de início ao fim. O ritmo e a velocidade com que as imagens se sucedem em alguns momentos é inebriante e contrasta com outros bem mais pacatos e melódicos... é um jogo de contrastes e emoções de início ao fim.

As interpretações de Ewan McGregor e Nicole Kidman são tão brilhantes, quanto vocalmente soberbas. Entre outros, bem acompanhadas por John Leguizamo, Jim Broadbent e Jacek Koman.

Há momentos um tanto difíceis de entender... em simultâneo com o humor, toda a carga emocional, e nostálgica até, que nos trazem temas como "up where we belong", "Pride (in the name of love)", "Your song", "all you need is love", "we can be heroes"; ou logo ao início "mad can can", "voulez vouz cochez avex moi", "here we are now, irritainous", "material girl". Mas o efeito final é único, e por isso, imortaliza esta obra.

Your Song, o medley de temas no elefante e Come What May dão-nos uma perspectiva da vida tão poética quanto adrenalizante. São os meus favoritos. Depois de assistir e viver tudo isto (com o volume a níveis capazes de abalar a estrutura da casa), só dá vontade de sair para a rua e fazer loucuras. Mas a final, para que serve a vida senão para exponenciar a nossa capacidade de sentir?

Por tudo isto também, não ouçam a banda sonora do filme... ouçam sim, as interpretações gravadas nas filmagens. As primeiras estão desprovidas de sentimentos e repletas da intervenção de produtores musicais que acham que sabem o que o público gosto de ouvir... removeram-lhes os sentimentos e alisaram os tons e ritmos. São agora mais "easy listening".

O senão do filme é ter de assistir sozinho... como acabo sempre por chorar... embora de felicidade! O filme tem o dom de me tocar em emoções fortes e violentas.

Curiosamente as partes que mais me abalam não são as dramáticas... Neste campo o tango recreado a partir de "Roxane" está incrível... a brusquidão e rudeza argentina no seu melhor, desenhada numa coreografia imponente. O ambiente torna-se também bastante pesado em "The Show Must Go On", especialmente agora que conhecemos todo o contexto em que Freddie Mercury o escreveu.

Outro dos factos mais fantásticos deste guião, está na cena final. Há uma constante oscilação em que não se distingue o guião da improvisação, que sendo estes contrários quanto ao seu fim, a improvisação ganha um senso de realidade; parecendo assim pré-concebida para o público (que está longe de imaginar o que ali na realidade se passa). Mas a realidade da representação nas improvisações é mais fidedigna do que a própria representação pré-escrita, tal é a violência dos sentimentos que tomam conta dos actores naquele momento. E daqui revemo-nos em muitos dos nossos actos mais felizes no dia a dia: a felicidade de fazer aquilo a que os nossos sentimentos nos impelem, e não o que deveríamos... E viva a Loucura!

A mensagem final é sem dúvida: a melhor coisa do mundo é amar alguém e ser correspondido. E pensado bem... que outro sentimento tão grandioso e enaltecedor podemos viver? Não o desperdicemos, até ao último dos nossos dias...

Sérgio

11 comentários:

Gisela FFale disse...

obrigada pela dica das Lágrimas de Felicidade...assim já não o verei só...tentarei ter com quem partilha-las!!!;)

beijinho

Anónimo disse...

Concordo contigo! Já faz um tempão que não vejo esse filme! Não consegui conter as lágrimas também!! É muito intenso, mexe com os nossos sentidos! E a Nicole realmente esteve muito bem no papel a ela destinado!

Agora...

Que "crime" ver esse filme sozinho!!! Desperdício!! É sempre bom ter alguém por perto para partilhar vivências e para nos apoiar quando as nossas defesas vão abaixo e deixamos rolar uma lágrima de emoção!...

Quando pretendes voltar a fazer um "remember again"?? hihihi...

CARMO disse...

Ahahah! Aceito convites! Ahahaha!

Jorge Castro disse...

Tal como tu, não o considero apenas como um "musical".
O filme é muito bom, as músicas e as intrepretações de ambos os actores são fabulosas.

MTOCAS disse...

Serginho,

se gostaste deste o outro vais gostar mais ;-) é mais actual e o som divinal !

CARMO disse...

Martuxa, estou ansioso por ver esse filme! Especialmente se o convite incluir uma quiche e uma cervejola! Eheheh!

Anónimo disse...

Ah ah ah... Humm... Não me desafies!!
No teu próximo post deixo-te o convite... Tens é que colocar um post "à medida" do convite que pretendes que te faça!!!

Está nas tuas mãos!! ;)

CARMO disse...

Pois... isso cheira-me a sacudir a água do capote!
Escrever é fácil...

MTOCAS disse...

mas afinal quantas somos ? lolol

quiche, setas e cervejola ;-)

Trouble disse...

E além de tudo o que escreves-te... é um excelente puzzle montado por um génio... contar uma história com excertos de músicas... eu adorei, e não aprecio musicais....

bjs

Unknown disse...

olá...
ainda esta tarde vi o filme pela milésima vez...
adorei a descrição que fizeste do filme porque realmente está muito bem conseguida...não gosto quando te referes a um musical como "só um musical" porque um musical é o unico capaz de nos transmitir todas essas sensações de que falas..
seja como for...amo este filme, ja perdi a conta as vezes q o vi e sempre q o revejo encontro um novo detalhe q amo...
sortudos akeles q amam e são amados...não sabem a sorte q têm...

cumprimentos