27 setembro 2005

O Eterno Descrédito nas Gerações Mais Novas.




«Não deixa de ser fascinante matéria de estudo comparar o vigor e a tenacidade posta na compra dos bilhetes dos U2 pela mesma geração de jovens cujos professores dizem que eles não lêem porque os livros são caros. Que, pelo menos até ao passado ano lectivo, tinham de abandonar as faculdades porque não podiam pagar as propinas. E cujos corpos e almas segundo nos andam a garantir há anos psicólogos e pedagogos ficariam profundamente traumatizados caso tenham de se esforçar pelo que quer que seja. Nem sei o que seria se tivessem de dormir ao relento a noite mais fria do ano para obterem, por exemplo, uma bolsa de estudo.
Felizmente que foi para os U2. Assim ninguém se traumatizou.»

(Helena Matos, no Público)


Aquando da venda dos primeiros bilhetes dos U2 surgiu este artigo, que não deixa de ser curioso por conter duas vertentes opostas.
Por um lado, uma crítica mordaz à cada vez maior condescendência para com os mais novos em relação a tudo. Os miúdos não podem ser postos à prova, não podem ser contrariados, não podem ser sujeitos a esforços violentos de âmbito psiquico, etc. Tudo os pode traumatizar! Podem até entrar em depressão... será que os psicólogos não têm mais nada para fazer?! De facto é grave que não se habituem os mais novos a que quando falham são excluídos; e não há mal nenhum nisso... tenta-se outra vez... toma-se uma opção diferente... Não se pode é dar-lhes tudo de bandeja! É essa pressão e exigência que nos amadurece, endurece e prepara para desafios cada vez mais exigentes que a vida nos coloca à medida que a idade vai avançando. É preciso ser o melhor e no momento exigido. Sim, porque não tenhamos dúvidas que a vida é sempre a complicar... e, ou aprendemos a dominar essa complexidade crescente, ou seremos uns infelizes, desgraçados, coitadinhos... É como uma larva: não adianta ajuda-la a sair do casulo. É preciso que se desenvolva e cresca, para que tenha asas capazes de a fazer voar; caso contrário, não sobreviverá.
Por outro lado, não deixa de ser engraçado observar o conflito de gerações quanto às motivações e prioridades de uma nova geração. Para começar, não há filas para as bolsas de estudo, porque a relações oferta/candidatos é obviamente muito distinta da que abrangia o n.º de bilhetes dos U2 e dos desejosos candidatos a vê-los. Depois, porque a história repete-se... as prioridades e motivações das geração dos anos 20 era distanta da dos anos 50, que por sua vez é distinta da dos anos 80, e não me parece que vá mudar (como estou no meio entre a geração que faz a observação e a observada, acho que sou neutro!). São formas diferentes de encarar a vida em condições socio-económicas totalmente distintas; sujeitas a condicionantes, exigências e formas de educação cada vez mais distintas. Já para não falar na forma como cada geração busca a sua própria adrenalina de vida... E quem não entende o que eu quero dizer, é porque não este em Alvada a 14/08/2005. The Generation Gap is Alive!

Sérgio