O dia começou animado com a notícia de que estava sol no glaciar de Kaprun. Havia também muita curiosidade em conhecer esta parte da estância, devido à sua elevada altitude (mais de 3000 m) e às imagens que tínhamos visto no site. Neste dia a temperatura estava um bocadinho melhor: -17ºC! Mas havia pouco vento.
Depois de um pequeno-almoço substancial, lá fomos nós para a paragem do autocarro (o glaciar não tem acesso por meios mecânicos a partir de Zell Am See... pena...). Chegados lá, há que efectuar uma subida de teleférico (sinonimo de cantar o hino nacional); a vista é impressionante!
Finalmente com os skis nos pés, a neve é promissora. As pistas parecem fáceis: são largas e a inclinação não é muita... há que arranjar uns fora-de-pista para animar a coisa... e uns saltos...
(Apetecível no mínimo!)
Comecei bem o dia... ao saltar a divisória de um teleski, os skis prenderam no gelo e fui cuspido, aterrando de cara no chão 3 metros à frente... grande gargalhada de quem subia no teleski! E minha também... Era o 2.º tombo com os skis novos; já no 1.º dia tive um salto imprevisto numa lomba mal avaliada e aterrei de rabo no chão.
Esquiar com sol é muito mais animado. O sol tem esse efeito em nós! A visibilidade é perfeita e o calor que nos envolve o rosto dá-nos outra disposição. Mesmo assim quando há vento, o frio continua a atingirmo-nos... Mas o frio no ski resume-se à cabeça: nada que um gorro e uma gola não possam resolver. Já quando nos atinge as mãos ou os pés é mais complicado...
(Por detrás da ORG espreitam foras-de-pista deliciosos... foram o meu prato favorito em Kaprun.)
Tudo bem disposto e a esquiar a grande velocidade. Os roockies não nos acompanharam ainda neste dia, tendo ficado nas aulas em Zell Am See. O grupo hoje esquiava praticamente todo, o que tornou o dia ainda mais animado que o anterior; e só se separava, momentaneamente, quando as pistas proporcionavam momentos impares de ski, a que nem todos se querem aventurar!
(A pausa para almoço é sempre relaxante e animada!)
A paisagem de Kaprun é árida, mas impressionante pela imensidão do branco... é de ficar estarrecido só de olhar. Os níveis de adrenalina acompanham os valores da altitude: as pistas têm poucas pessoas e permitem esquiar descontraidamente; há muitos foras de pista para fazer; várias pistas com obstáculos, lombas, saltos e pista de slalon!
(Muito espaço para cada um empreender o tipo de descida que lhe apetece.)
(Em Kaprun a paisagem é sempre impressionante!)
(A formação preparava-se para uma nova descida.)
O dia foi alucinante! Ski de manhã à noite. Os meus skis novos mostraram-se surpreendentes e permitiam esquiar a velocidades elevadas com grande descontracção nas pistas, além de demonstraram uma excelente agilidade, mesmo atolados em neve fofa nos fora-de-pista.
(O Bono enveredava um penteado, moldado pelo vento, digno dos anos 80!).
(Um esquiador a alta velocidade e apenas no seu 2.º ano da modalidade; é claro que os meus skis do ano passado, campeões em título, a isso ajudam!)
Regresso ao hotel de autocarro com direito a hino nacional e explicação aos austríacos e alemães da nossa nacionalidade angolana! De seguida, incursão na piscina e banho turco. Tivemos oportunidade de nos cruzar com um sósia do Mister Scolari, que habitualmente se apresentava nu... quer no banho turco, quer cá fora! O homem ouviu tantas vezes a palavra Scolari, que no último dia acabou por nos perguntar porquê! Gargalhada e muito galhofa... o “exibicionista” até era simpático!
Um particularidade dos europeus “centrais” é fazerem sauna nus. Nus mesmo... nem uma toalha... Sem querer parecer pudico, porque não sou, mete-me um bocado de confusão por questões de higiene... é que ao menos podiam levar a toalha para dentro da sauna/banho turco e coloca-la onde se sentam... Mas não. É claro que nós, Portugueses, não o fizemos nus... pelo menos aparentemente... mantivemo-nos enrolados em toalhas. É claro também, que os “nus” comentavam entre eles o facto de estarmos de calções ou enrolados em toalhas.
Este assunto deu origem a muitos comentários; não teria problema nenhum em fazer sauna nu (mas sentado em cima da toalha!), caso não estivesse na presença de pessoas amigas (e vice-versa)... mas não consigo vencer o preconceito de me por nu à frente da mulher de um amigo meu! O contrário também seria complicado de enfrentar... O mesmo se aplica ás minhas amigas solteiras; não é concebível para a nossa mentalidade encarar a nudez de quem nos é conhecido... no entanto se não for, tudo bem! É muito estranho...
Mas pelos vistos para os nossos congéneres da Europa Central não é... e toda a gente se cruza nua: família, casais amigos, etc. Conclusão, ou sou muito retrógrado, ou o sentido de sociedade mais evoluída é assexuado...
O jantar é sempre um momento alto do dia; estamos todos juntos (os 26). As refeições do Hotel Latini foram sempre muito boas, na sua maioria buffets de excelente qualidade. O tema “Nus no Turco” (mais tarde abreviado como “mit turken”) alimentou bastante a conversa e a galhofa. Tivemos ainda direito a uma apresentação de toda a equipa do hotel com popa e circunstância, música épica a acompanhar, seguida de um discurso em “austríaco”, que percebemos perfeitamente (!!!). Como não poderia deixar de ser, a nossa mesa brindou os simpáticos empregados com fortes aplausos e com a “onda”, por várias vezes!
(Os cisnes dormem sem qualquer resguardo no lago gelado.)
(A comitiva Portuguesa em visita à vila.)
(Momento efusivo: Eu, estou aqui... by BCP ou BPI?! Quem OPA quem afinal?!)
Mas o melhor estava para vir. Quando regressávamos ao hotel, tínhamos combinado depois de jantar, arranjar uns táxis que nos levassem ao centro da vila de Zell Am See; isto porque estávamos relativamente afastados e queríamos conhecer o local e beber uns canecos para fazer a digestão. Entramos num bar e invadimos a pista de imediato, ao som de Madonna e do sampler dos Abba (que nos acompanhou as férias todas). Daí para a frente, a loucura apoderou-se de nós e terminamos a noite com as outras pessoas que estavam no bar a dançaram no meio de nós. Pelo meio houve ainda episódios cómicos, comboinhos pelo bar dentro e personagens caricatos.
(Loucura na pista de dança, perante um DJ apático... austríaco...)
(Estes holandeses faziam snowboard com estes chapéus e camisolas.)
Tivemos de regressar à meia noite, pois assim o tínhamos combinado com os taxistas. Chegados ao hotel já a sermos vencidos pelo sono; era urgente descansar... o dia seguinte ia ter muito se lhe diga... afinal, tem sempre!
Sérgio