07 junho 2008

Manifestações...

Sempre fui a favor da livre manifestação de ideias, mas quando esta se torna um acto de vandalismo, passo de adepto a opositor.

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A marcha lenta de ontem organizada pelos camionistas no Porto, na minha opinião foi mais um acto de arrogância e cobardia que tão bem caracteriza a classe, que tem na imponencia dos seus camiões, o inverso dos seus cérebros.

Gostava que me explicassem o porquê de prejudicar pessoas (o cidadão comum), que nada tem a ver com os problemas empresariais dos camionistas, e muito menos, poderão contribuir de alguma forma para a resolução de um problema que também os afecta enquanto consumidores finais. É um acto de força cobarde, porque o comum automobilista não pode, pura e simplesmente, abalrroar um pesado (algo que os camionistas não hesitariam em fazer se a manifestação estivesse no lado oposto!). Se são tão poderosos, dirijam-se a Lisboa e bloqueiem as saídas do parlamento! Concerteza desta forma poderão interagir com os interlocutores que têm o poder para alterar as situações alvo de reinvindicação. Ou será que estão com medo das forças políciais?...

É engraçado como este país se movimenta... por corporativismo! Camionistas, pescadores, professores, etc.. Esta semana houve uma manifestação de 200.000 desempregados em Lisboa e nem a comunicação social lhes ligou! Se calhar o desemprego e a subsistência das famílias não é um assunto importante...

Querem causas nobres pelas quais é preciso lutar: lutem pelo fim da fome e da falta de assistência médica nos países desfavorecidos; ou lutem pelo fim do encerramento constante das empresas em Portugal, que lançam centenas de pessoas por dia para o desemprego...

É inadmissível que num mundo onde tantas pessoas morrem à fome, e em que cada vez mais se fala na escassez de recursos, os pescadores por pura manifestação de força, destruam uma tonelada de peixe num dia, e entrem em conflito com outros colegas que não aderiram à sua causa! Mas o que é isto! Não há liberdade de manifestação? Então porque raio é que não há de ser respeitada a vontade de não-manifestação a causas com as quais não concordamos?

Um dos maiores culpados de tudo isto são os próprios meios de comunicação social, pela forma mediática e indiscriminada com que tratam a informação. Só publicam aquilo que outros interesses entendem por importante...

O caso dos professores é outro que tal... porque é que não hão de ser avaliados?! Todos somos... especialmente pelos nossos clientes finais!

Manifestações e liberdade de expressão sim! Agora, prejudicar os outros é que não! Sejam corajosos e enfrentem aqueles que realmente podem alterar aquilo que acham tão importante e primordial.

Sérgio

p.s.: aqui entre nós que ninguém nos ouve... a marcha lenta nem complicou muito o trânsito habitual de sexta-feira ao final da tarde na VCI do Porto, já de si caótico!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois...

Se fosses dono de uma empresa transportadora com alguns funcionários ao teu encargo... e estivesses na eminência de ter que encerrar portas e manda-los para a rua... Talvez tivesses uma prespectiva diferente da situação! Talvez a atitude seja um pouco radical. Mas para grandes males, Grandes remédios... Não se pode é ficar parado á espera que as coisas aconteçam...A letargia das pessoas é que fomenta situações como esta!!

CARMO disse...

Pois é caro amigo! Por acaso até sou sócio de uma empresa de transitários e tenho de pagar transportes cada vez mais caros... independentemente dos contratos que tenho com clientes! E nem por isso me passa pela cabeça incomodar os outros... Porquê? Porque outros tantos, tal como eu, são empresários (noutros ramos que nada têm a ver com transportes), ou empregados por conta de outrem, pagam os seus impostos e têm todo o direito a usar as estradas em perfeitas condições, para que possam ao final do mês pagar os ordenados aos seus empregados, o empréstimo da casa, a escola dos filhos e a conta do supermercado... tudo coisas que têm subido muito, e nem por isso justificam que se barriquem as estradas... os condutores não têm culpa e não podem fazer nada por nós.
Para cada acção há um interlocutor apropriado: é a diferença entre comunicar e fazer barulho!