26 setembro 2009

30 ANOS! PARA SEMPRE!!!

O nosso amor de sempre
Brilhará, p'ra sempre
Ai, meu amor
O que eu já chorei por ti
Mas sempre
P'ra sempre
Vou gostar de ti

Juro, meu amor que sempre
Voltarei, p'ra sempre
Ai, meu amor
O que eu já chorei por ti
Mas sempre
P'ra sempre
Gostarei de ti

Ai, meu amor
O que eu já chorei por ti
Mas sempre
P'ra sempre
Vou gostar de ti

(Xutos & Pontapés - Para Sempre, B.S.O. de "Tentação")



Parabéns à maior banda de rock português! 30 anos é a idade da maturidade.

Confesso que nem sempre fui fã deles... A sonoridade inicial dos Xutos valia pela irreverência... e muito pouco pela musicalidade. Os "desafinanços" eram uma presença constante, cobertos pela rudeza melódica e encabeçados por letras que não faziam grande sentido, nem em significado, nem como coexistência da parte musical. Por vezes nada combinava com nada... fazia-se barulho: muita bateria e guitarra com distorção; gritavam-se refrões fáceis. Era uma música imatura que encantava os mais irreverentes.

Ao contrário do que se fazia prever, a banda sobrevive ao passar do tempo. Fazer rock em Portugal há 30 anos atrás era só para homens de barba rija! E estes são sem dúvida homens duros, decididos e persistentes. Não foi fácil sobreviver... não pode ter sido fácil... os relatos de Tim são no mínimo surreais... as viagens na carrinha Peugeot do vizinho, carregar o material, contar o dinheiro para o gasóleo... mas mostram bem o que é acreditar e lutar pelo que se quer e gosta. Pelo caminho ficou Francis, um excelente guitarrista (talvez o melhor guitarrista português que alguma vez tive oportunidade de ouvir), que não resistiu a uma série de concertos no Rock Rendez Vous com pouca afluência do público (em especial a um dia de jogo da Selecção Nacional, acabando este por ser a gota de água que o levou a afastar-se da banda). Esta história foi-me contada por Tim, numa conferência de imprensa em Barcelos, pela altura da Festa das Cruzes em 1990, num dos concertos do lançamento de "Gritos Mudos". Até hoje pesa-me a consciência por ter feito aquela pergunta (...porque saíu o Francis da Banda?)... aquela maldade... ainda por cima, fui eu que abri a conferência de imprensa! Ingenuidades de um miúdo de 17 anos encantado por ser locutor de rádio da TSF... Caros Xutos & Pontapés, se algum dia lerem isto, é a minha oportunidade de vos apresentar as minhas mais sentidas desculpas pelo constrangimento que vos causei.

Mesmo o próprio Gui, veio mais tarde a abandonar a banda. As exigências familiares obviamente chocavam com o ritmo das tournées da banda, e especialmente, com a loucura vivida naqueles gloriosos anos de sucesso (sex, drugs and rock&roll).

No entanto, durante a tournée 88, os Xutos apresentavam melhorias musicais dignas de registo. "Estes gajos estão a melhorar..." dizia o meu pai ao ouvir "À minha maneira", espelho de uma sonoridade mais madura, mais consistente, com mais "mel" e definitamente patente em "Gritos Mudos", registo a partir do qual me tornei fã da banda!

Hoje em dia, esta banda é constituída por Senhores (dignamente distinguidos pelo Presidente da República), que viveram as loucuras do rock, mas souberam alterar os padrões de vida para algo mais consonante com a sua idade, garantindo um amadurecimento musical verdadeiramente notável (além da sua continuidade no mundo dos vivos!). O álbum acústico ao vivo na Antena 3 foi o primeiro sinal de que estes homens tinham muito mais para dar musicalmente, do que o tinham feito até à data.

Ver os Xutos & Pontapés ao vivo, hoje, é presenciar um espectáculo de excelência musical. Tim tira partido de uma voz poderosa, de um timbre único e de um registo dificilmente igualável. A bateria e a guitarra ritmo estão tão ligadas que mais parecem o prolongamento uma da outra. Na minha opinião, a verdadeira excelência está em João Cabeleira. É para lá de surpreendente na sua arte de fazer solos deliciosos e arrepiantes. Sou capaz de arriscar dizer que ele andou a ouvir com muita atenção os discos do Joe Satriani, pois encontro muitas semelhanças... e se a inspiração no Mestre Satriani é de um "pupilo" português, parece-me que em matéria e rock, estamos perante um daqueles casos em que o aluno superou o professor.

Os Xutos são uma banda para ouvir ao vivo e aos saltos no meio de uma plateia atestada de malucos como nós. Raramente os ouço em casa... Quando tenho saudades de os ouvir, levo os cds para o carro.

Olho para esta banda e sinto orgulho. Muito orgulho! Por serem Portugueses. Por ter crescido ao som deles... Por serem hoje uma referência e um exemplo. Por fazerem musica realmente boa! E rock como eu gosto!

Não tenho tema favorito... À minha maneira, Chuva Dissolvente, O Mundo ao Contrário, O Homem do Leme, Para Sempre... são tantos... Se calhar "Prisão em Si" é o favorito dos favoritos...

Gosto do último trabalho deles. Curiosamente chama-se "Xutos & Pontapés"... digo curioso, porque é habitual dar ao 1.º album o nome da banda. Neste caso parece-me que a banda ao final de 30 anos "encontrou-se" consigo mesma... daí o nome do album... mas é só uma leitura minha...

Vi-os em Agosto nas Festas de Esposende no dia 22 de Agosto. Já não os via há anos... desde que perdi a paciência para "regressar" às Noites das Queimas no Porto (o Queimodromo é demasiado pequeno para tanta gente). Concerto bombástico quer no alinhamento, quer na boa disposição da banda, quer nas condições sonoras. Nada a ver com o concerto que assisti há 19 anos atrás... ainda guardo cuidadosamente a cassete onde gravei as entrevistas que simpaticamente me concederam... nem o João Cabeleira escapou na altura, apesar de logo a seguir ter "fugido" para o quarto com um prato de comida. Pareceu-me que tinham acordado para a conferência de imprensa... às 18h00... concerteza precisavam de descansar para o concerto às 22h00 no Pavilhão Desportivo de Barcelos (onde a sonoridade era tão má, que nem se percebia a voz de Tim). Lembro-me ainda de um relato do Zé Pedro e do João Cabeleira sobre um concerto que recentemente tinham visto: Sepultura! Na altura era som novo e poderoso!

Tinha bilhetes para o Restelo logo à noite e ofereci-os a quem muito os merece e me fez muito feliz por os ter aceitado logo com grande alegria (e até vive lá pertinho!). Na verdade, não tive companhia para ir do Porto ao Restelo... e não me apeteceu ir sozinho... Depois vejo o DVD!!!

SALTA TIM, SALTA TIM, OLÉ! OLÉ!

Sérgio

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