30 agosto 2008

Conversas Soltas III - 3.ª parte.

O despertador tocou às 8 da manhã, por inacreditável que tal parecesse a Lourenço... Catarina que já havia acordado, comentou que lhe estava a saber bem aquela preguiça, pelo que decidiu calar o despertador e aguardar que ele tocasse novamente 10 minutos depois.


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Quando Lourenço conseguiu abrir os olhos, depois de alguns minutos a descolar remelas, apercebeu-se que Catarina tinha dormido praticamente em cima dele, apesar de ele ter adormecido de barriga para cima e acordado ao contrário...

- Custa-me sempre tanto acordar... – comentou.
- Descansa um bocadinho mais... está tão boa esta preguiça...
- Bem preciso de acordar devagarinho, senão fico com um humor de cão...
- Já somos dois... acordo sempre revoltada por ter de acordar... mas passa-me logo...
- És mais ou menos como eu...
- O pequeno almoço e o banho também ajudam...
- Mas hoje já estou bem disposto!
- Dormias profundamente até agora... deves estar cansado.
- Um tanto... ontem foi um dia de muitas emoções... algumas ansiedades!... mas dormi tranquilo e estou mesmo descansado... e bem disposto!
- ...também dormi muito bem...
- E... ias dizer qualquer coisa mais!
- Não ia nada...
- Ias, ias...
- ...pois! Confesso que gostei de dormir contigo... e soube-me mesmo bem acordar agarrada a ti.
- Queres dizer em cima de mim?!
- Pronto! Tinhas de estragar tudo!
- Estou a brincar... só estás um bocadinho em cima de mim... a cabeça... um braço... meio tronco... uma perna!
- Ehehe! Tens uma pele macia... mas para que não fiques já convencido pela manhã, deixa-me dizer-te que és um tanto duro!
- Se fizeres questão disso, posso engordar uns 10 quilos e já devo ficar mais balofo...
- Hihihi! Não obrigado... gosto mais assim!
- Também gostei muito adormecer, dormir, acordar contigo...
- Bem... como o menino está em competição, vou dar-lhe um privilégio: levantou-me eu primeiro!
- Eheheh! Que bom!!!

Catarina tomou um duche e mal saiu da casa-de-banho, enrolada numa toalha, pôs Lourenço fora da cama.

- Levanta-te preguiçoso!
- Estou espantado... – bocejava Lourenço enquanto se levantava lentamente – não me puseste na varanda!
- Como te portaste bem durante a noite, dou-te a intimidade de te cruzares comigo de toalha e cabelo molhado. Agora, já chega, casa-de-banho! Duche frio dorminhoco! Eheheh! – enquanto isso, batia-lhe com a toalha que tirara do cabelo.
- Frio... ainda por cima! Eheheh! És mesmo sádica!
- Deficiencia profissional! Hihihihihi!

Lourenço tomou um banho rápido e equipou-se directamente. Desceram os dois no elevador e dirigiram-se à sala de pequeno-almoço. Comentavam os dois que estavam esfomeados, mas que não o podiam demonstrar, caso contrário ganhariam a fama de terem passado por uma noite de sexo intenso, o que não era verdade. Lourenço recusava ter essa fama... sem o proveito! Caso contrário, poderia ser raptado pelas amigas de Catarina... Catarina perdida de riso é novamente interpelada por Mariana, que de imediato comenta:

- Vocês estão sempre à gargalhada... bom dia!
- Lourenço, está na altura de fazeres aquele comentário... – respondia engasgada Catarina, tendo voltado os dois a perderem-se em gargalhadas.

Lourenço ainda tentou cumprimentar Mariana, mas acabou por desistir. Tomaram os dois pequeno-almoço, passaram novamente pelo quarto e dirigiram-se para o court de ténis, onde os jogadores começavam a bater as primeiras bolas para aquecimento.

Catarina e Lourenço sentaram-se a assistir. O jogo foi interessante, mas João ganhou com facilidade (6-4, 6-4). O adversário tinha um bom serviço, mas era um tanto irregular; João, mostrando grande tranquilidade, foi contruíndo o seu jogo e manteve uma margem de conforto de início ao fim do jogo.

- Parabéns João! Muito bem jogado! Muito inteligente e bem construído o resultado! – congratulava-o Lourenço.
- E grande estilo de pancada! – comentava Gonçalo, entretanto chegado e ainda com cara de sono.
- Boa João! Ainda bem que já arrumou com este... é nosso convidado, mas é da concorrência! – todos se riram do comentário de um dos organizadores, e inclusivamente o jogador derrotado.
- Lourenço, já viste que vais jogar contra um dos candidatos ao título, o Augusto? – perguntava Gonçalo.
- Já! Parece que estou com sorte no sorteio... primeiro tu, agora o Hulk Augusto! – lamentava sorrindo Lourenço.
- Mas ele ganha desta vez, de certeza! Não tenho qualquer dúvida. – afirmava Catarina.
- Estás muito segura de mim, Catarina! – Lourenço espantado.
- Tratei-te bem, por isso, não há adversário que te pare!
- Também sinto isso... mas vindo de ti... estou banzado! Eheheh...

O horário dos jogos estava a ser cumprido e já outra dupla de adversários estava em campo a bater as primeiras bolas. Lourenço ficou por momentos sozinho, visto que Catarina havia sido solicitada no SPA para uma massagem de relaxamento ao derrotado elemento da “concorrência”, em simultâneo com Joana, que premiava João com alguns mimos...

Este jogo opunha dois ex-vencedores do torneio noutros anos. Curiosamente, o nível não pareceu muito elevado, quer a Lourenço, quer a Gonçalo. Quando Catarina regressou, encontrou-os com Mariana. Sentou-se ao lado de Mariana e começaram a conversar sobre as clínicas e as condições de trabalho, por comparação com o SPA. Rapidamente a conversa derivou para o reflexo do esforço muscular nos jogadores de ténis, especialmente logo após um jogo e a reincidência noutro, poucas horas depois. Trocaram impressões sobre como tratar os namorados logo a seguir aos jogos. Gonçalo jogava a seguir a Lourenço e tinham intervalos entre jogos de 4 horas.
Por momentos a “alergia” existente entre Catarina e Mariana parecia ter desaparecido... Catarina mostrava-se afável e Mariana mais terra-a-terra, como se descontraísse de algo. Talvez o bom relacionamento entre Lourenço e Gonçalo a isso levasse. Logo a seguir chegou Joana, que trazia o namorado com um ar totalmente relaxado. Lourenço aproveitou logo para o picar:

- Afinal, estava a contar contigo para aquecer antes de jogar e tu estás mais para dormir uma soneca do que outra coisa...
- Crava o Gonçalo! Afinal, ele joga a seguir a ti!
- Nem penses... se ele aquece comigo, ainda perde o jogo e diz que o culpado sou eu, que o cansei muito no aquecimento!
- Ou ao contrário... lesionas-te comigo e serve-te de desculpa para perderes com o vencedor do ano passado...
- Esse é o Augusto! – respondia Gonçalo – e cabe-te a ti eliminá-lo! Nem quero imaginar a cara do Augusto... derrotado e fora do torneio na 1.ª eliminatória!
- E não pode ser repescado? – perguntou Lourenço.
- Não... é puro “bota-fora”, ou “mata-mata”, como o Scolari diz! Eheheh! Só podes perder nas pré-eliminatórias, porque na verdade só servem para te posicionar no quadro de jogo.
- Boa! – sorria Lourenço, com ar de quem ia “jogar para matar”.

O jogo decorria empatado 1-1 em sets. Ambos os jogadores começavam a demonstrar algum cansaço. Estes 3 casais faziam algum esforço para não perturbarem a concentração dos jogadores; as piadas eram frequentes... Gonçalo e Mariana mostrava-me bem mais próximos e sinceros que no dia anterior.

Chegou a hora do tão esperado jogo. Lourenço levantou-se e os outros 5 fizeram questão de mostrar que estavam a torcer por ele. Claro que o beijinho da Catarina era tudo para Lourenço... Este entrou em campo descontraidíssimo e logo no aquecimento com Augusto, mostrou um excelente supless. Batia na bola com grande descontração, o que levou a algum espanto por parte de Augusto.

O jogo começou com o serviço para Lourenço e este não se fez rogado ao abrir o jogo com um às, para espanto de tudo e todos, e alguma raiva instalada em Augusto. Neste ritmo, o 1.º jogo terminou com apenas um ponto de Augusto e o 1.º set rapidamente chegou a 6-2 para Lourenço. Sem dúvida que a preparação para o Torneio com a Sofia Prazeres havia sido importante. As pancadas estavam mais abertas, com mais efeito e mais consistentes. O próprio Lourenço se surpreendia por vezes com alguns passing shots de direita e top spins de esquerda a duas mãos. No 2.º jogo, Augusto tentou equilibrar a partida que esteve ranhida até ao 4-4; depois Lourenço, com um break de serviço, conseguiu fechar em 6-4. Augusto estava incrédulo... havia sido eliminado na 1.ª ronda por um rookie, e pela primeira vez, não chegava ao 2.º dia de prova... Lourenço, tranquilamente, tentou explicar que teve muita sorte e que tudo lhe saíu bem desde o início. Augusto abandonou o court revoltado e sem se despedir do adversário... O silêncio era constrangedor... A organização pediu aos jogadores seguintes que entrassem em campo para iniciar o jogo seguinte, até porque já passava um quarto de hora do meio-dia, altura em que Gonçalo deveria iniciar o seu jogo.
O adversário era imponente fisicamente... não queria dizer nada... Lourenço apressou-se a desejar boa sorte a Gonçalo. Não ia ver uma parte do jogo, pois ia ter um miminho em forma de massagem e tomar um duche rápido.
- Joga rápido e ataca com alternâncias de jogo. Ele é demasiado pesado para jogar ténis!

Riram-se os dois e Lourenço foi directo ao duche, trocou de roupa, e mal chegou ao SPA, Catarina saltou-lhe para o colo com um grande abraço.

- Parabéns! Que grande jogo! Puxa... demolidor! Houve alturas que o Augusto até estava tonto... nem sabia por onde tinha passado a bola!
- É! Correu mesmo bem... Vamos pensar no próximo, agora!
- E a pensar nisso... vou dar-te muitos miminhos agora! Vais relaxar um bocadinho...

A massagem começou com um abraço enorme a Lourenço e alguns beijinhos nas costas... Entre suspiros de Lourenço, Catarina massajou-lhe lentamente os ombros e o pescoço, passando posteriormente para os braços, e terminando nas costas. Lourenço, quase a dormir ainda pediu um prolongamento, mas sem sucesso...

- Vamos ver como está o jogo do Gonçalo para depois almoçarmos... anda lá! – e deu-lhe um beijinho na face, afastando-se depois para lavar as mãos.

Chegados ao court, Gonçalo estava empatado 1-1 em sets. Mariana dizia que ele havia ganho o 1.º set folgado e que no 2.º entrou um tanto desconcentrado. A leitura de Mariana estava correcta, porque Gonçalo fechou o 3.º set de forma desconcertante: 6-1! Brilhante! Sempre muito aguerrido a atacar na rede e em passing shots bem jogados, pondo o adversário em contra-pé.

No fim do jogo houve tempo para congratulações. Até o adversário, no seu ar sisudo e corpolento entrou na brincadeira daquele grupo bastante animado.

- Pronto, agora já chega! Vai lá tomar um duche, para vires almoçar connosco. – comentava João.
- E a massagem? – apontava Catarina para Mariana.
- Vai ter de ficar para depois de almoço... – lamentava Mariana - ... se ele estiver tão esfomeado quanto eu, não há massagem que o segure!

Dirigiram-se todos para a esplanada onde o almoço volante estava a ser servido, excepto Gonçalo, que re-apareceu ainda de cabelo molhado 10 minutos depois.

O fim-de-semana corria da melhor forma. O tempo estava excelente e até havia vontade de dar um mergulho na piscina. A água é que parecia um tanto fria...

Do almoço aos courts foi um ápice. A 1.ª ronda já havia terminado e tudo estava a postos para a segunda ronda do dia. Eram já 18 horas... o torneio estava atrasado uma hora face ao previsto... isto implicava que Lourenço e Gonçalo começassem a jogar depois da 9 e 10 da noite... se não houvesse mais atrasos, ou seja, jogos disputados para lá de uma hora. Só que havia grande probabilidade de isso acontecer...
A organização comentava, que para o ano, se tivessem tantos interessados como este ano, iriam alargar a mais um dia de prova este evento: mais jogos, mais jogadores, mais terapetas, mais convivio.

João voltava a ser o primeiro a entrar em campo e tinha pela frente o vencedor de há 2 anos. O jogo foi bastante interessante. João conseguiu vencer o 2.º e 3.º set fruto de grande consistência no jogo. E se no 1.º havia perdido 3-6, passou por um 2.º set muito difícil, que só ultrapassou em tie break, beneficiando do nervosismo do adversário no 3.º set, que lhe permitiu um confortável 6-4. Como prémio, teve direito aos bons tratos de Joana em formato prolongado... mas antes, Gonçalo e Lourenço agarraram-no e atiram-no ao ar como congratulação. Havia que comemorar! Era um dos semi-finalistas de Domingo!

O jogo seguinte foi muito disputado. Três sets jogados ao limite e a terminarem em tie break. O nível de jogo era agora mais elevado. Consequentemente, quando Lourenço entrou em campo passava já das nove e meia da noite... Antes disso, o ambiente mantinha-se divertido...

- Ouve, vais entrar em campo, vais ganhar o jogo depressinha, porque isto está muito atrasado... É que eu não quero começar a jogar às 11 da noite! Aliás, vou ter de ir comer qualquer coisa, que estou cheio de fome! – brincava Gonçalo.
- E tu achas que eu já não fui assaltar o buffet do jantar?! – respondia Lourenço.
- Não... ele vai atrasar o jogo ao máximo, para o teu terminar tarde e amanhã estares cansado! – Catarina espicassava Gonçalo.
- Não é justo! – Gonçalo incrédulo...
- Não te preocupes, amor, recupero-te durante a noite! – Mariana intervinha em jeito de piada.
- Prometo fair play! – despediu-se Lourenço e foi para o court.
- Não esperava de ti outra coisa... – respondeu ainda Gonçalo, gesticulando a Lourenço, como quem diz que ia tratar do estômago.

Na verdade o jogo não foi fácil. Lourenço ganhou o 1.º set com muita dificuldade para fechar em 6-4. Perdeu o 2.º set 4-6, e o derradeiro set foi mesmo a 7-5, que estranhamente fechou com dois jogos muito curtos. Terão sido os jogos mais fáceis do set, visto que o adversário aparentemente ter caído muito em frescura física.

À saída do court e ao cruzar-se com Gonçalo ainda trocaram algumas impressões.

- Grande jogo! Jogaram mesmo muito... impressionante!
- Olha, eu bem queria terminar o jogo mais cedo... já são onze e um quarto... parece que te cabe a ti ser o demolidor e recuperar o atraso do torneio!
- Nem que seja, porque senão ainda fico sem jantar! Ehhehe!
- Tranquilo... Guardo-te umas munições e uma garrafa de tinto! Além do mais, vais jogar com o adversário mais fraco da 2.ª ronda... lembraste do jogo da manhã, a seguir ao do João?
- Sim lembro... não foi grande coisa, não...
- Então já sabes! Tens meia hora para jogar 2 sets!
- É louco! Ehehe!

Despediram-se, e logo a seguir, Catarina esperava por Lourenço com um sorriso do tamanho do mundo, acompanhada de Mariana e Joana. Deu-lhe um abraço enorme, mesmo apertado!

- Parabéns!!! – gritaram as 3 terapeutas trajadas a rigor.
- Vai tomar um banhito rápido, que eu quero ver esse ombro... – dizia Mariana.
- Não Mariana, eu vejo isso, fica a ver o Gonçalo. – comentava Catarina.
- Vamos lá as 3 num instante, e depois ficas tu a tratar dele. – interveio Joana.
- Meninas! Calma... está tudo bem! Há muitos anos que sou assim... volta e meia, resolve estalar um nadinha... Não é nada.
- Pois, mas eu vi-te várias vezes a levar a mão ao ombro... vamos ver isso! Banho rápido! Vá lá!

Quando Lourenço regressou, já Gonçalo ia no 2.º set.

- Incrível! Ele está imparável!
- Está sempre a jogar na rede e tem ganho muitos jogos mesmo a zero! – Mariana comentava enquanto já agarrava Lourenço por um braço e as outras duas o empurravam para o SPA.

Depois de ter levado alguns esticões e ter sido bem amassado e torcido pelas 3 terapeutas, concluíram que, de facto, não havia sinais para alarme, deixando Catarina a tratar do seu namorado. Mariana voltou logo a seguir, mas já acompanhada de Gonçalo...

- Não foi meia hora, mas foram 40 minutos! Eheh!
- Parabéns! Estás imparável! – aplaudiu Lourenço.
- Vou tomar um banho ao quarto e regresso já, já!
- Até já!
- Campeões merecem bons tratos! Portanto, prepara-te!

Este último grito de guerra de Mariana, significava que se ia juntar a Catarina para massajar Lourenço. Catarina, se inicialmente, não reagiu muito bem, acabou por concordar com a utilidade da ideia. Terminava a massagem mais depressa de Lourenço; a seguir, as duas tratavam também o Gonçalo, o que lhes permitia passarem pelo quarto, também elas tomarem um duche rápido e irem jantar os quatro.

Já ao jantar, ainda que ligeiro dado o adiantar da hora, Lourenço e Gonçalo davam o seu melhor para conseguirem que os empregados do hotel lhes servissem uns petiscos extra-buffet.

- Bem, parece que o convenceste! – comentava Gonçalo com Lourenço.
- Foi fácil! O homem é simpático. Resta saber se o cozinheiro também é e nos prepara aquela espetada de caça deliciosa de ontem!
- Se não vais ter entrar mesmo na cozinha para falar com ele.
- Hoje consigo tudo! O meu charme natural está exponenciado pelo gel de mentol que estas duas nos puseram!
- Eheheh!
- És mesmo palerma! Só não levas outro cacete, para não estragar o trabalho que tivemos com o teu ombro. – estas palavras de Catarina eram ditas num tom sedutor de Catarina enquanto se aproximava de Lourenço.
- Pois é! O que tu não sabes, Gonçalo, é que podes ter tido duas massagistas mais tempo do que eu... mas eu tive 3 no inicio da massagem! Ehehhe!
- Contenta-te com isso, porque vai ser a única coisa que me vais ganhar! Ehehhe!
- “Não ignore uma ciência que à partida desconhece”!!! Carmo Sunday Power!
- Isso tem nome de chocolate!
- Logo é bom! – intervem Mariana.
- Ele acha que ao Domingo tem melhor desempenho, só porque costuma jogar futebol ao Domingo de manhã. – comenta com ar descrente Catarina.
- Pois, mas a final é à tarde! – acrescentou Gonçalo.
- Lá isso é! Mas eu tenho como adversário alguém, teoricamente pelo menos, mais fácil do que tu... ehehe!
- Pois é Gonçalo! É que quem vai estar na final sou eu! Não passas por mim de manhã... nem penses! – João juntava-se ao grupo, já de chávena de café na mão. – E a primeira vantagem que tenho, é que já vou à frente no jantar! Eheh!
- Hihihihi! Quando eramos miúdas é que fazíamos corridas para ver quem acabava primeiro. – ria-se Joana.
- Então conta lá, que tal massajar o Lourenço?! – Gonçalo tentava corar Joana.
- É pá, está calado que até a mim, me deixas constrangido... isto de ser massajado pelas namoradas dos meus amigos não dá pica... deviam ser inteiramente desconhecidas!
- Eheheh! Tens toda a razão! Isto de ter a tua namorada a massajar-me as costas, não está com nada!
- Olha que tu levas?! – Catarina ameaçava Gonçalo de faca na mão. – Ou vais dizer que não gostaste?! Hihihih! Ok, não digas à frente da Mariana! Hihihi!
- Ahahahah! – entre as gargalhadas de todos, Joana intervem – E tu Lourenço, quem é que te massajou melhor o ombro de nós as três?!
- Massagem?! Aquilo foi tortura! Estica, aperta, torce... estava a ver que a certa altura iam buscar as agulhas da Catarina e fazer de mim boneco vodu!
- Ahahahaha! É tão palerma!!! Curei-te ou não com as agulhas?!
- Catarina... até curaste... mas agradável não é!
- Pois é Mariana, mas estás tão calada... não gostaste de massajar o Lourenço?! Ahahahah!
- É mesmo do piorio... Joaninha, devo dizer-te que só tive a honra de massajar o lado direito. Agora que ele tem umas pernas impressionantes, tem!!! Hihihih!
- Ahahah! Acredito... eu ainda tive esperança que a Catarina me pedisse para a ajudar, mas ela preferiu ficar sozinha... eheheheh!
- Isto é um bando de gente depravada... – comenta João. – estão aqui a levar a asta pública se a namorada de um gostou de massajar as pernas do namorado da outra... e se esse namorado gostou mais das massagens da namorada dele ou da do amigo... isto está tudo perdido! – e nesse instante tirou o copo de vinho à namorada e pediu ao empregado – ...por favor, não traga mais vinho para aqui... coca-cola, sumo de laranja, ou mesmo água, está bem?! – o empregado sorriu e até corou entre as bem sonoras gargalhadas daquela mesa.

O jantar continuou enfórico e Lourenço resolveu não deixar cair a conversa, instaurando um processo de interrogatório sobre as massagens nos possantes braços de Gonçalo. O tom jurídico e irónico, no qual João servia de escrivão, interrompendo para pequenos comentários e esclarecimentos, sempre irónicos, levou à continuação de um jantar em que muito se riu e pouco se comeu ou bebeu... o que até foi adequado dada a hora... já passava da uma da manhã e a 1.ª meia-final que opunha João a Gonçalo estava marcada para as 11.

Depois de um passeio à volta do hotel, todos recolheram aos quartos. Os três jogadores estavam nitidamente cansados... dois jogos num dia só são mais que suficientes para que a casa dos 30 se faça sentir. Apesar de não o reconhecerem, culpabilizaram o vinho do Dão pela moleza instaurada.

Quando chegaram aos quarto, Lourenço, bem humorado, perguntou:

- E agora, tenho de ir para a varanda?...
- Hihi... vai para onde quiseres, mas para já, desaperta-me o vestido nas costas... estou cansada para me torcer e encontrar os botões...

Ainda que espantado, Lourenço dirigiu-se até ela, que com um olhar malandro lhe virou costas para este lhe desabotoar os vestido.

- E já está!
- Obrigado... agora podes optar entre o quarto e a varanda! Porque eu vou ocupar a casa-de-banho! Hihihi! – e rapidamente o fez, entre saltinhos e risos, já descalça.

Quando Catarina apareceu já pronta para se meter na cama, reparou que Lourenço estava na varanda.

- Hihihi... não acredito que estás aí fora!
- Sabes como é! O hábito faz o monge... está mais fresquinho aqui fora!

Mesmo em camisa de noite, Catarina veio até à varanda e abraçou Lourenço pelas costas.

- Não sei se está! Hihihihi! És tão quente!
- Eheheheh!
- A sério! Tens sempre uma temperatura elevada...
- É de ter uma brasa por perto!
- Ohohoh! Palerma... Não te vens deitar?!
- Ia... mas estava a gostar do abraço!
- Não seja por isso... dou-te mais... na cama...

E com isto correu para o quarto voando para cima da cama como se Lourenço a tentasse apanhar. Lourenço entrou e dirigiu-se até à casa de banho. Veio logo a seguir e encontrou Catarina sentada na cama à espera dele.

- Deita-te aqui...
- Queres que feche já as cortinas?
- Deixa estar... sabe bem o vento fresquinho!

Lourenço sentou-se na cama e arrastou-se até Catarina, que encostada às costas da cama o abraçou de braços e pernas, apertando-o contra ela.

- Que bom!
- Também acho... apetecia-me mesmo apertar-te... é a continuação do abraço da varanda...
- Sabes... tenho gostado de estar perto de ti noite e dia... já estamos juntos há quase 36 horas! Eheheh!
- Hihi! Também tenho gostado... muito... e acho que te devo um pedido de desculpas...
- A mim?! Não andaste outra vez no vinho?...
- Oh! Estou a falar a sério... Há muito que tenho vontade de me aproximar de ti... Mas vêm-me sempre à memória coisas que me desmotivam e... não sei bem... mas quando estou contigo, é como se soubesses tocar nesses pontos e mudá-los em mim.
- Uau! Estou impressionado comigo mesmo!
- Lourenço, estou a falar a sério contigo... estou a esforçar-me... ajuda-me por favor... não brinques agora... isto não é fácil para mim...
- Catarina, eu estou a brincar mesmo para desanuviar essa carga toda... esse tom pesado. Eu sei que isto não é fácil para ti... já deu para te conhecer bem nesse aspecto!
- Então não gozes...
- Não gozo! Mas se um assunto é sério, porquê torna-lo ainda mais pesado... mais sério... mais frio... se mudares o tom e o ambiente, ajuda a desanuviar... ou não será?
- Sim... visto dessa forma... tens razão. – Catarina intervalava as palavras com beijinhos no pescoço de Lourenço, que estava meio encostado às costas da cama e meio enrolado por Catarina de pernas e braços.
- Catarina, pelo que me parece, evitas-me para não te envolveres muito comigo... Podes aproveitar para me chamar de convencido! Mas eu acho que nós os dois temos muito em comum e todas as características para estarmos felizes juntos... O que sinto quando estás por perto é quase mágico. Estes dois dias para mim têm sido surpreendentes! Cada vez tenho mais certeza do que sinto por ti e de que não te sou indiferente. Combinamos e complementamo-nos lindamente em cada palavra que dizemos...
- ...eu também acho... – Lourenço fazia carinhos numa das pernas destapadas de Catarina que lhe cruzava a barriga. – ...mas acho sempre que nos devíamos conhecer mais... tudo o que eu não quero é ter de passar outra vez pelo fim de um relacionamento, que estou certa que a acontecer, vai ser muito bom, vai-me supreender muito, vai-me marcar-me muito e deixar óptimas recordações...
- Pequerrucha...
- Hihihi!
- Que foi?!
- Pequerrucha!
- Eheh! Olha, saíu... Pequerruchinha, diz-me uma coisa...
- Sim!
- Já sei que tiveste outros relacionamentos que te marcaram... toda a gente tem! Eu também já tive... Mas, essas memórias são-te agradáveis?!
- Sim, sem dúvida... mas as recordações do fim...
- Pára! Para aí... Guardas boas recordações, não guardas?!
- Sim, claro que sim...
- Então... com base nessas recordações, vês-te a ter excelentes momentos de felicidade com outra pessoa?!
- Sem dúvida!
- Ora, isso mostra que tens uma apetência para viveres e partilhares a tua vida com outra pessoa... Ou pelo contrário, as melhores recordações da tua vida vêm de momentos e conquistas tuas sozinha, em momentos de solidão, introspecção ou mesmo isolamento?
- Claro que não... tenho noção que sou mais feliz se tiver ao meu lado alguém que me complemente, que partilhe comigo a vida.
- Óptimo! Eu também... Agora repara... Se a felicidade que tu queres para ti, implica teres uma pessoa com determinadas características ao teu lado, porque é que evitas essa proximidade?... Não te parece um contra-senso... Tens é de procurar essa pessoa! Ou não será?!
- Pois... deixaste-me sem argumentos... parece que tenho feito tudo ao contrário...
- Ehehe! Nem para ti és boa!
- Eheheheh! Toma lá uma ferradela!
- Au!... Podes dar outra! Eheh!
- Hihihi! Parvo!
- Mas percebeste o que te disse... Percebeste acima de tudo quanto é inútil esse sofrimento? Que só te bloqueia...
- Tens umas ideias controversas tu... fogo! Sempre achei que o amor não se procurava... que se encontrava por acaso... por destino...
- Então a solução seria ir para a igreja rezar pela vinda do príncipe encantado!
- Hihihihi! Ou do lobo mau?!
- Eheheh! Mas é isso... Temos de procurar e criar um contexto propício para aquilo que queremos aconteça. Sou muito pragmático nesse aspecto... Não acredito que a minha felicidade dependa dos outros. Pelo contrário, decorre das minhas acções... E acho que é aplicável a tudo: vida profissional; vida afectiva; hobbies; sonhos... sei lá!
- Sempre te admirei por isso... és uma pessoa que transmite segurança e tranquilidade... apesar de encarar a vida de uma forma totalmente distinta da habitual...
- Sabes... algumas pessoas contentam-se com o que lhes sai na rifa... seja muito ou pouco, ou mesmo uma desgraça... há outros que são mais inconformados!
- Que é mais o teu caso!
- O nosso caso... também te acho assim. Gosto de bater os meus records.
- E o que é que te conformaria a dormires, porque já é tarde?

Lourenço afastou-se ligeiramente de Catarina e olhou-a nos olhos. Em simultãneo, tocava-lhe numa perna fazendo carinhos suaves, enquanto que com a outra mão, agarrava uma das mãos de Catarina. Catarina massajava-lhe suavemente o ombro direito...

- Se me adormecesses com beijinhos, eu não ofereceria resistência...
- Se é teu desejo, assim será!

Aproximou-se de Lourenço e deu-lhe um beijo leve nos lábios. Depois empurrou-o, deitando-o de barriga para baixo. Em seguida, deu-lhe inúmeros beijos nas costas... Lourenço adormeceu rapidamente e sem oferecer resistência, esboçando aquele sorriso de quem está em pleno paraíso!

Lourenço acordou às dez da manhã. Reparou que Catarina já estava acordada e ambos sorriram...

- Bom dia Princesa!
- Bom dia Sapo! Hihihi...
- Eheheh! Já estavas acordada há muito tempo?! Podias ter-me acordado... da mesma forma que me adormeceste... Não resmungava de certeza...
- Hihi! Acredito que sim... mas achei que já estavas excitado que chegue! Ehehhe! Não precisavas de mais contributos! Hihihihi!
- Oh... estás a gozar com o meu corpo e a envergonhar-me... O que é que queres que te faça... Não é algo que se controle... É fisiológico... De manhã...
- Pois... São resistentes esses boxers! Ahahahahah!
- Agora quem vais levar és tu! – e atirou-lhe com a almofada.
- Hihihihihi... até me doi a barriga! Hihiihihi!

Nessa altura batem à porta e soa uma voz: “Pouco barulho! Mesmo que não soubesse, pelas gargalhadas não me restaria qualquer dúvida que este quarto é o vosso!”. Era a voz de Mariana que se ouvia através da porta. Olharam um para o outro e riram-se ainda mais!

- Bem, pelo menos, de tanto rir, já me posso levantar para ir à casa-de-banho sem passar vergonhas à tua frente!
- Hihihihi! Então... hihihihi... não era suposto o contrário... Rir... excitado...
- Rir descontrai!
- Hihihihi!!!

Lourenço regressou da casa de banho já desperto e dirigiu-se a Catarina:

- Adorei adormecer com os teus beijinhos...
- Também me soube muito bem... a nossa conversa agarradinhos – e com isto agarrou-o e ficaram os dois deitados na cama – os teus miminhos... dar-te aqueles beijinhos e ver-te adormeceres a sorrir! Adormeci e acordei agarrada a ti... caso não tenhas notado...
- Pronto, está explicado o meu estado de há pouco...
- Hihihihi! Não comeces com essa conversa! Hihihihi! – Lourenço fazia-lhe cócegas e Catarina ria descontroladamente. Quando se acalmou, levantou-se ainda meia zonza e rir-se. Aproximou-se de Lourenço e disse-lhe:
- Bem... vou para a casa de banho e quando regressar, levantaste... senãhhooo... ei... perdemos o pequeno almoço. – mas antes de se dirigir à casa de banho, deixo-lhe um beijinho nos lábios!

Lourenço ficou deitado na cama a preguiçar; estava feliz porque o relacionamento com Catarina estava cada vez mais interessante... e os dois estavam muito tranquilos e felizes.

Não tardou estarem os dois a tomarem pequeno almoço. João e Gonçalo já se dirigiam para o court, para começarem a aquecer. Enquanto os empregados começavam a levantar as mesas, os dois conversavam calmamente, e deliciavam-se com um pequeno-almoço generoso.

No court, o jogo já havia começado. Ambos os amigos estavam a jogar bem, mas Gonçalo mostrava mais eficácia a fechar os pontos. O 1.º set terminou com 6-4 para Gonçalo. O jogo continuava competitivo mas também descontraído... os amigos trocavam uns comentários e brincadeiras entre eles, sob um ar de reprovação da equipa de arbitragem. A assistência, essa, ria-se abundantemente! O 2.º set foi favorável a João num 7-5 tirado a ferros! Já no 3.º set, Gonçalo voltou a impor-se por 6-4. O 4.º set acabou por ser o derradeiro para João, que não conseguiu contrariar a maior eficácia de Gonçalo, tendo perdido novamente por 4-6. O jogo foi muito aplaudido e todos congratularam o excelente nível técnico de ambos.

Já fora do court, as brincadeiras começavam:

- Ehehe! Vocês estão condenados a jogarem um contra o outro! – dizia João.
- Se tudo correr bem... lá vai o Gonçalo perder pela 1.ª vez... – sorria Lourenço.
- Pois, pois... o torneio vai terminar da mesma forma que começou: connosco no court e comigo a ganhar! Eheheh!
- Não sei... não sei... – Lourenço mantinha o mesmo sorriso.
- Bem, então dá lá cabo desse gajo e depois vemos isso!. Vou-me para o duche...e vou tentar dar um mergulho na piscina, depois da massagem.
- Ok! Mas há outra coisa... quem ganhar, paga um jantar no Porto!
- Combinado!
- Mas o jantar é a 6 e não a 4! – lembrava João entre gargalhadas. – Ainda nem te dei os parabéns...

O jogo começou muito bem e logo com vantagem para Lourenço. Na bancada Catarina mostrava-se algo ansiosa... No entanto, Lourenço impôs o seu primeiro serviço desde cedo e rapidamente o adversário começou a baixar os braços. Com o sorriso de Catarina a acompanhar, rapidamente os sets de sucederam com 6-4, 6-2, 6-2. Um jogo relativamente fácil, em que Lourenço aproveitou para por em prática um jogo mais ofensivo e de risco, com muitas subidas à rede, muitos voleys cruzados e smashes, para delícia da assistência presente. O adversário, simpático, congratulou Lourenço e saíram juntos do court. Lourenço aconselhou-o a ir ao SPA experimentar as excelentes massagens de que poderia desfrutar. Seguramente, não estaria massacrado fisicamente no dia seguinte. E de facto, ambos se encontraram no SPA.

Já ao almoço, e depois de terem desfrutado de um mergulho gélido na piscina... afinal estavam em Maio, Gonçalo continuava optimista com a sua vitória como certa. Lourenço ria-se... e ia-lhe explicando, que lhe convinha não entrar o torneio a ganhar, etc., entre argumentos estranhos e hilariantes.

- Sabes... o primeiro milho é para os pássaros!
- Ehehehe! Não vais ter hipótese! – Catarina ajudava agora à festa.

A final estava marcada para a 5 da tarde, mas a organização foi logo advertindo que às 7 todos os praticantes estavam convocados para uma futebolada! Ao que os dois jogadores imediatamente aderiram.

- Já agora – perguntava Lourenço – o que acham de ficarmos cá para amanhã? Em vez de irmos hoje à noite depois de jantar, dormimos cá, aproveitamos melhor o jantar... o bar aberto... ehehe! E amanhã, podíamos ir dar um passeio, em vez de irmos directos para o Porto... o que acham?!
- Olha – referia Joana – honestamente, nós já tínhamos decidido isso. Faz todo o sentido... portanto, marquem mais uma noite, quartos não faltam, e amanhã passamos o dia os seis a passear por aí!
- Que dizes Catarina?!
- Não é nada que não me tenha passado pela cabeça... afinal, amanhã nenhuma de nós trabalha, verdade?! E tu podes baldar-te?!
- Sim... não marquei nada... faço um telefonema só a avisar que não vou e o meu people aguenta aquilo!
- Então está combinado!
- EIA!!!

Tudo decorria de vento em popa. O fim de semana tinha-se revelado excelente para Gonçalo; ele e Catarina estava cada vez mais próximos. O torneio corria bem. Estavam a ser tratados princepescamente. Tinha conhecido pessoas que se revelavam excelente companhia. As perspectivas para este dia de Domingo eram excelentes: tencionava ganhar o torneio e o jogo de futebol (sobre o qual já toda a gente discutia mais do que sobre a final de ténis). Ia passar mais uma noite com Catarina (que minuto a minuto se tornava mais promissora!). E amanhã, ia ainda passear por Portugal. Vida de sonho!

Finalmente chegava a hora de voltar a vestir o equipamento. Confiantes os dois jogadores aguardaram um pelo outro à saída do quarto. Caminharam até ao court os dois, entraram em campo desejando boa sorte mútua.

O serviço saiu para Lourenço. Com uma confiança inabalável fez vários ases nos primeiros jogos e conseguiu o primeiro break de serviço ao 4.º jogo, repetindo ao 6.º. Fechava assim o 1.º set com 6-4. No 2.º set, entra ainda mais forte e faz 2-0. Já no 3.º jogo, faz um passing shot de esquerda impressionante para delírio da assistência... no entanto... fica com um ar desconfiado... A explicação surgiu no ponto seguinte com a rede a rebentar... Desolado, dirigi-se ao saco e troca de raquete. O problema é que trocar uma Volkl V10, por uma Prince Classic em magnésio com 20 anos, implica mudar toda a forma de jogar...

Lourenço regressou ao court inseguro... e nesse set não conseguiu ganhar mais nenhum jogo. Gonçalo pressionava-o muito bem a imprimir um ritmo rápido, situação em que Lourenço acabava por fazer bolas demasiado compridas... Resultado: 2-6 para Gonçalo e jogo empatado.

O 3.º set começou bastante mal, tendo estado Lourenço a perder por 3-0. Não estava a conseguir colocar efeito na bola e esta ia sempre fora... Depois de muito meter as mãos à cabeça, passou a optar por um jogo mais agressivo de rede, com voleys muito curtos e rápidos. Não hesitava em fazer smashes e nas pancadas mais longas, havia que imprimir uma forma brutal, para que aquela raquete conseguissem realmente aninhar a bola. O resto do set equilibrou-se, mas mesmo assim, Gonçalo fechou com 6-3; vencia neste momento por 2-1, deixando Lourenço no fio da navalha.

O 4.º set começou com os dois jogadores muito concentrados. No entanto, o facto de Lourenço ter feito um break logo no 1.º jogo (já nas vantagens) e ter ganho o 2.º jogo a zero, tendo inclusivamente terminado com 2 ases, enfureceu Gonçalo que bateu com a raquete no chão e esta partiu! Não se contendo, os dois jogadores desatam à gargalhada. Lourenço aproxima-se da rede, enquanto Gonçalo ia buscar outra raquete ao saco:

- És mesmo um copião! Não podias só ganhar o jogo e pronto... Não, queres também jogar com a raquete de reserva!
- Eheheh! Não gozes, não gozes... ehehe!
- Ainda por cima tens outra raquete quase igual?! Tens patrocínio da Wilson?!
- Eheh! Não, esta é antiga!
- Wilson é a marca dos meninos queques!
- Já vais levar com um queque na tromba... ahah!
- Ehehe!

Esta brincadeira para descontracção levou a uma advertência da arbitragem a ambos os jogadores.

O jogo seguiu equilibrado. Gonçalo ainda conseguiu recuperar algum ritmo, mas Lourenço parecia já estar mais habituado à raquete e acabou por fechar com 6-4.

Entrados no derradeiro set, vivia-se a atmosfera do tudo ou nada. Lourenço arriscava tudo; batia na bola com quanto força tinha. Desde que tinha trocado de raquete, evitava as esquerdas, porque a direita saía melhor, com a bola a bater no chão e a aninhar bastante.

Já com o resultado em 3-1, Lourenço falha um smash e imediatamente põe a mão no ombro... Meio anestesiado vê Gonçalo a ganhar mais um jogo. Jogava-se literalmente o “vai ou racha”. O serviço era de Lourenço e com esta raquete parecia que o serviço saía ainda mais forte; no entanto, os arcos pronunciados que com a raquete anterior a bola desenhava, eram bem mais difíceis de receber e não conseguia fazer ases agora. O jogo tornou-se estonteante em velocidade, e os pontos eram maioritariamente decididos na rede.

O jogo chega a um ponto crucial: 5-4 para Lourenço e jogam-se as vantagens. Lourenço perde e Gonçalo pula e alegria. Tinha conseguido empatar ao 10.º jogo. Tudo estava em igualdade outra vez.

Numa troca de campo, Lourenço dizia: “...eu nunca gostei de piso sintético!”. Riam-se agora mais discretamente, não fosse o árbitro adverti-los outra vez.

Os dois jogadores tinham um ar tenso agora... E na assistência imperava o silêncio. Catarina e Mariana até tinham medo de ver.

Bola em jogo novamente e Lourenço voltava a surpreender. Recuperara a sua esquerda a duas mãos. Cruzava bolas rapidíssimas, que batia em aceleração para rede, para se antecipar à jogada seguinte. Estava literalmente a encostar Gonçalo às redes do fundo do court. Quando Gonçalo conseguia ainda jogar a bola, surpreendia-o com amorties na rede. 6-5 para Lourenço. Tudo restava saber agora se o serviço de Gonçalo os levava a tie break, ou se seria insuficiente.

Gonçalo abre o jogo com um às e colhe sonoros aplausos. Na jogada seguinte é Lourenço que responde com um passing shot muito rente à rede e a bater em cima da linha lateral, totalmente inalcansável para o adversário. Os pontos seguintes conduziram-nos às vantagens e foram os mais longos dos jogo. Algum cansaço e medo de arriscar por parte dos jogadores, levaram a jogadas embora rápidas, cautelosas. Com vantagem nula, Gonçalo consegue surpreender Lourenço, sobe à rede depois de o ter encostado ao canto direito com um fortíssimo passing shot; no entanto, este surpreende-o com um loob impressionante em altura. Gonçalo ainda recuperou a bola, que devolveu-a lenta, permitindo a Lourenço uma aceleração incrível e impossível de alcançar.

O árbitro dizia pela 5.ª vez “vantagem da resposta e match point”. Gonçalo serve forte, resposta cruzada de Lourenço mas ao cento, a qual Gonçalo responde facilmente. Os jogadores posicionam-se novamente para lá da linha de fundo, onde se mantiveram por mais de 10 pancadas entre esquerdas e direitas, drives e passing shots. Até que numa esquerda, Lourenço corta repentinamente a bola que cai poucos centímetros depois da rede; Gonçalo, incrédulo corre e bate a bola na última. Mas Lourenço já bem posicionado e perto da rede limita-se a empurrar a bola para o outro lado do court, totalmente fora do alcance de Gonçalo, saindo esta pela lateral.
Era o delírio da assistência. O jogo terminava ao fim de duas horas e uma quarto e com os dois jogadores nitidamente desgastados.

- Então, achas que ainda consegues jogar futebol? – perguntou Lourenço a Gonçalo, levantando-lhe o braço.
- Só se for na tua equipa!
- Eheheh! Foi um jogo espectacular. Acho que nunca joguei tão bem como hoje...
- Parabéns! Tomo isso como um elogio...
- Claro que sim! É mesmo isso.

Logo a seguir Catarina saltava-lhe para o colo, dando-lhe o primeiro beijo em público... Ninguém se apercebeu! Excepto Lourenço...

A seguir tembém decorreu uma pequena brincadeira, ao melhor estilo de entrega de prémios, e que terminou com a apresentação de um placar com as equipas a defrontarem o jogo de futebol. Irónicamente, Lourenço e Gonçalo estava nas balizas! Algo que foi logo contestado, e por mútuo acordo, João, Gonçalo e Lourenço ficaram na mesma equipa.

Quase ainda sem forças, o jogo começou e a equipa adversária ganhou vantagem de 3 golos no marcador.

- O primeiro milho é para os pássaros... – relembrava Lourenço, acalmando a equipa e fazendo re-ajustes nas posições dos jogadores.

Ao intervalo já só perdiam por um golo.

- Gonçalo, agora que já descansamos, vamos pressionar forte. Ficas a ponta de lança e eu jogo a lateral esquerdo. Mantem-se no meio!
- Combinado.

O jogo começou e logo a seguir, num contra-ataque com troca de lado dos laterais, Lourenço remata forte de pé esquerdo, a bola faz um arco a meia altura à frente do guarda-redes e entra bem rente ao poste. Jogo empatado com delírio no campo.

A partir daí, esta equipa dominou totalmente o jogo. As desmarcações pelo lado esquerdo eram frequentes, seguidas de cruzamentos de Lourenço para Gonçalo que irremediávelmente davam em golos. A cereja no bolo veio com o 3.º golo de vantagem, em que João fez um belíssimo livre directo por cima da barreira da defesa.

No final, ainda tiveram direito aos títulos de Melhor Jogador em Campo para Lourenço; Melhor Marcador em Campo, para Gonçalo com 6 golos; e Melhor Guarda-Redes para João, o único que passou pela baliza sem sofrer golos.

Á rebelia da gerência do hotel, as duas equipas atiraram-se para a piscina vestidas.

Dada a proximidade da hora de jantar não houve tempo para massagens... mesmo com reclamações! Havia uma pequena cerimónia para agradecimentos e divulgações técnicas dos novos produtos do patrocinador, pelo que os horários eram mais rígidos naquele dia.

O jantar foi tão animado quanto delicioso. A cerimónia em causa uma vez terminada deu origem ao maior convívio entre todos os convidados, até porque eram poucos os que iriam regressar naqueles dia.

Já a noite ia longa e devidamente regada por um bar aberto, quando os nossos amigos resolveram recolher aos quartos:

- É boa ideia! Já bebemos que chegue, precisamos de descansar, ainda quero fazer uns miminhos aqui à patroa, e amanhã, se vamos passear, não podemos dormir até ao meio-dia. – reclamava João.
- Até porque amanhã o pequeno-almoço é só até às 10 horas... e sem pequeno-almoço, não vou a lado algum! – reclamava Catarina.

Despediram-se e cada um foi para seu quarto.

- Catarina, foi um fim-de-semana e tanto...
- Ainda não acabou!
- Tenho de te agradecer... adorei tudo!
- Tudo?!
- Sim, tudo! E não vou para a varanda...
- Hihihihi!
- Não precisas... hoje podes ir tu primeiro para a casa de banho.
- Ahahaha! Olha que eu venho depressa!
- Óptimo!

Quando Lourenço regressou, Catarina já estava de camisa de noite.

- Uau! Que inovações por aqui andam...
- Um minuto e já regresso! – e entrou na casa de banho.

Mal apareceu, saltou para cima de Lourenço, agarrou-o e deu-lhe um beijo apaixonado.

- Não imaginas o bem que me tens feito neste fim-de-semana! E hoje, fizeste-me sentir uma privilegiada. Ganhas o torneio, o futebol, melhor jogador, toda a gente te acha simpático e gosta de ti... Até as minhas amigas te elogiam constantemente...
- Antes demais, adorei esse beijo – Catarina beija-o novamente interrompendo-o – e a pergunta que te queria fazer era se querias prolongar esse bem-estar?!
- Essa é uma forma muito original de propor alguma coisa...
- No fundo, a mesma coisa que te queria propôr há já algum tempo...
- Sim... mas só agora é que tal foi possível concretizar...
- A minha proposta é a de tornar este fim de semana extensível aos nossos dias... todos... Claro que não de uma vez só... Claro que podemos ter momentos muito melhores do que estes já de si muito bons...
- Achas mesmo que é possível compatibilizarmo-nos todos os dias e superar este fim de semana?
- Claro que sim!
- E prometes ter paciência para aturar aqueles momentos em que eu não vejo as coisas com o teu pragmatismo e simplicidade?
- Aos poucos, lá chegaremos... além do mais... se não tentarmos, nunca saberemos se conseguimos...
- E se ou outros conseguem...
- Não interessa o que sabes, mas sim o que fazer com o que sabes...
- Sabes uma coisa...
- Ainda não...
- Hoje, quem quer muitos beijinhos sou eu!

Lourenço abraçou Catarina carinhosamente, enquanto procurava os seus lábios com beijos na face. Enrolaram-se um no outro e ternamente foram soltando as poucas peças de roupa que tinham. Amaram-se como se um só fossem, longa e intensamente durante a noite. Adormeceram exaustos e donos de uma felicidade que poucas vezes somos capazes de sentir e viver.

No dia seguinte, foram acordados por alguém a bater à porta. Nús como estavam, não podiam abrir... Lourenço perguntou com uma voz enrolada quem era. Do outro lado, a voz meiga de Joana dizia: “Sou eu dorminhocos! Passei aqui e como não ouvi barulho nenhum no vosso quarto, vi logo que estavam na dorminhoquice! Toca a levantar! Já são nove e meia...”. Lourenço agradeceu a Joana e riu-se... tal como Catarina e Joana.

- Bom dia Princesa! Que despertar tão violento...
- Podes crer!
- Ainda por cima, vamos ter de acelerar...
- Oh não... e eu que ainda te queria mais um bocadinho...
- Também eu... mas ficamos sem pequeno-almoço...
- E rabugentos... e esfomeados...
- Catarina... vamos a um 2 em 1!
- Como?...
- Já para a banheira que eu já te explico!
- Eheheh! Anda daí!

Chegaram ao pequeno-almoço em cima da hora de fecho. Vinham com um sorriso descontraído, mas não escondiam umas boas olheiras!

- Olha-me para estes... atrasados ao pequeno-almoço!
- Que terão estado eles a fazer Gonçalo? – acrescentava Mariana.
- Ainda tens dúvidas... olha para aquelas olheiras! – observava Joana.
- Tchi... vocês não querem ficar cá! Nós vamos bem sozinhos! – ria-se João.

A animação começou logo ao pequeno-almoço, com o planeamento da viagem. Lourenço sugeriu ainda que jantassem todos juntos no Porto, à chegada. Afinal, cabia-lhe a ele oferecer um jantar por ter ganho a Gonçalo.

Estava um dia fantástico de Primavera, pelo que Catarina e Lourenço não hesitaram em vestir um casaco e abrir a capota. Os Divine Comedy deram lugar aos Rolling Stones, Cousteau, Amy Winehouse e De Phazz.

Seguiam em direcção a Aveiro para aí almoçarem, e depois conhecerem algumas praias.

Já ao final da tarde, havia que recolher a capota por causa do frio... Este acto tornou o convívio entre Catarina e Lourenço ainda mais aconchegante. Agora sim, sentiam-se realmente a cara metade um do outro... mas descontraídos e sem medos... seguros, gostando de si mesmos e sabendo que o outro apenas poderá melhorar a vida de ambos, complementando-se, nestas circunstâncias.

O dia terminou com um jantar num restaurante pequeno e acolhedor em Leça, escolhido por Lourenço, onde se poderam deliciar com uma especialidade de peixe. Este grupo de amigos havia conseguido muito boa sintonia entre si; seguramente tinham muito pela frente para conviver. Despediram-se já com saudades e planos para um novo jantar.

Quando Lourenço deixou Catarina em casa, a despedida foi dolorosa. No entanto, ambos se sentiam leves... quase que descomprometidos com o futuro. Os desafios comuns são a melhor união de duas pessoas, por isso, ambos estavam seguros de si e em relação ao outro.

Apesar da profunda incógnita, a felicidade do momento fazia parecer que nem o céu seria o limite...

Sérgio

28 agosto 2008

Chamar a Música.

Longe vão os tempos em que Herman José fazia programas televisivos que me levavam a explodir de gargalhadas: Tal Canal, Hermanias, Humor de Perdição (só podia ser censurado num país como o nosso... com tradições ditaturiais e complexos de inferioridade em relação ao seu passado), Casino Royal, etc..

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Este programa acaba por trazer o melhor do que resta de Herman José. A verdade é que se formos ao Café Café, Herman é profissional de excelência.

Já o programa tem para mim um interesse muito baixo... Estamos a dar tempo de antena a quem acha que sabe cantar, ou acha que conhece muita música dos outros. Continuo a defender que há inúmeras pessoas por este Portugal fora, que realmente são bons músicos; e a esses, ninguém apoia. Ainda por cima, a tónica do programa continua a assentar na "imitação" e não na criatividade.

Os temas escolhidos são também (apenas na minha opinião) de qualidade média-baixa. Bem sei que o objectivo é facilitar o conhecimento das letras por parte do público... mas não me parece que descer a qualidade musical seja uma solução. Para isso, escolham pimbalhadas de início ao fim!

Ontem, assisti pela primeira vez ao programa inteiro. Há que reconhecer que o vencedor era de facto alguém com um conhecimento musical incrível e fora de série. E até cantava! Apesar de eu jamais conseguir conhecer aquelas letras todas, porque não são do meu género, invejo aquele homem pela alegria com que o fazia! Realmente vibrava com poder cantar aqueles temas.

Apenas um facto me revoltou... é no melhor pano que se faz a mancha. Já para não dizer, que ao longo do programa os temas brasileiros igualam os portugueses em quantidade, parece-me inadmissível que no final se convide uma banda brasileira para actuar; ainda por cima em playback... ainda por cima de qualidade tão baixa...

Somos um país incrivel, com música de originalidade e qualidade deslumbrante. Matamos a nossa qualidade para exercitar a falta de qualidade dos estrangeiros... A mim, revolta-me que a prata da casa nunca se reconheça; especialmente, quando é tão superior!

Tempo houve, em que para actuar num programa de Herman José, havia que ter qualidade... e saber tocar ao vivo, porque playbacks não eram possíveis...

Sérgio

26 agosto 2008

E Não Só Porque Hoje É Terça...

...Mas também porque é das melhores músicas de sempre, tocada por uma das bandas mais emblemáticas e cujas composições são realmente bem construídas e consistentes em termos melódicos. Soma-se o facto de Justin Howard ter, na minha opinião, a voz masculina mais completa da história do rock sinfónico.
Tuesday Afternoon dos Moody Blues não é uma música... é uma obra de arte! Pena, que poucos têm sensibilidade para a conseguirem apreciar...



Tuesday Afternoon - Moody Blues - Nights in White Satin (1967)

Tuesday afternoon
I'm just beginning to see, now I'm on my way.
It doesn't matter to me, chasing the clouds away.
Something calls to me,
The trees are drawing me near, I've got to find out why
Those gentle voices I hear, explain it all with a sigh.
I'm looking at myself reflections of my mind,
It's just the kind of day to leave myself behind.
So gently swaying through the fairyland of love,
If you'll just come with me you'll see the beauty of
Tuesday afternoon, Tuesday afternoon.

Tuesday afternoon,
I'm just beginning to see, now I'm on my way.
It doesn't matter to me, chasing the clouds away.
Something calls to me,
The trees are drawing me near, I've got to find out why
Those gentle voices I hear, explain it all with a sigh.


Sérgio

22 agosto 2008

Gin Tónico ao por do sol!

Para descontrair do último post, aqui fica uma sugestão... Há que descontrair e relativizar as coisas... nem tudo no mundo é mau!

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Sugestão: experimentem fazer o vosso gin tónico com lima em vez de limão! Divinal...
Não mais de 3 segundos de gin, 3 pedras de gelo, uma rodela de lima e completar o copo com água tónica bem fria.

Resultado fabulástico!

Já agora, recomendo-vos o gin White Satin (desculpem a publicidade...)... e bebam o resultado final ao som de Nights in White Satin, dos Moody Blues!

Sérgio

21 agosto 2008

Ainda dá direito a Jogos Olímpicos...

Não quero saber se são só os chineses que fazem isto...


Pledge to go fur-free at PETA.org.

Seguramente quem faz disto deveria vir parar às minhas mãos... Teria muito prazer em me mostrar o mais sádico dos seres... em bater-lhes com a cabeça no chão, dar-lhes pontapés nas várias partes do corpo, arrancar-lhes a pele com toda a minha força e violência depois de os amarrar de cabeça para baixo. Fazê-los sentirem-se mais insignificantes do que lixo, arrependerem-se de terem nascido e de tudo o que fizeram desde então...

Com a imaginação fértil que tenho, concerteza encontraría mais algumas técnicas para os fazerem sofrer para além do impensável, entre agulhas e fogo... Para que gritassem até as próprias gargantas rebentarem...

Há três coisas que me predispõem a tudo para lhes por fim: o choro de uma criança, o ataque ao indefeso inocente, e o maltrato de animais (que não é mais do que a repetição da anterior).

Vejam a página de internet:

http://www.peta.org/feat/ChineseFurFarms/index.asp

Se não são hipócritas, assinem a petição pela defesa dos direitos dos animais.

Já vos enviei uma petição por email para assinarem também. Podem também fazer chegar o V/desagrado ao email: PETA2@peta.org

Sérgio

18 agosto 2008

Conversas Soltas III - 2.ª parte.

Os dias seguintes sucederam-se entre sms frequentes e algumas conversas curtas ao telefone.

Só se voltaram a encontrar 15 dias depois. Lourenço estava um tanto inquieto... parecia-lhe que Catarina estava a evitá-lo ou a fugir dele... até tinha em mente propor acabar com aquela brincadeira; a pressão de passarem um fim-de-semana juntos estava a afastá-los ao contrário do que seria de esperar... Quando Catarina chegou, com um sorriso pôs-lhe a inscrição em cima da mesa da esplanada.

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- Esta ofereço eu!
- Não posso...
- Posso eu!
- Não acho justo... eu é que vou jogar e divertir-me...
- Não vamos começar já com as nossas discussões; já está e acabou!
- Mas tu vais estar em trabalho e eu é que queria mesmo jogar. Já é um privilégio permitires-me aceder ao torneio e passares o fim-de-semana comigo...
- Então dá-te por feliz e não discutas! Além do mais, também me vou divertir... por estares por perto!
- Espero muito perto...
- Brinca! Brinca com o fogo! Depois ainda te queimas com uma raquete na cabeça!
- Ahahahah!
- Ri-te, ri-te!
- Queria mesmo falar contigo sobre isso...
- ...mas isso o quê?!
- Sobre o fim-de-semana...
- Então...
- Desde que saímos, tenho-te achado fugidía... acho que este fim-de-semana está a pressionar-nos... Naquela noite senti-me muito bem contigo... e não te voltei a sentir tão próxima desde aí...
- Também não voltamos a estar juntos!
- Também por isso... sempre que falámos parece que estavas a evitar-me...
- Lourenço... eu trabalho mesmo muito... a minha situação profissional ainda é um tanto precária... por isso aproveito tudo o que surge... não te estive propriamente a evitar ou fugir...
- Mas também não te esforças-te por te aproximares...
- Lourenço... aquela noite foi especial... senti-me muito próxima de ti... precisei de avaliar isso... também!
- E?!
- E... não está aí a inscrição?!
- Sim, até está... e não devia...
- Não vamos começar... para ajudar às despesas, vamos no teu carro!
- Eheheh! Não te importas de chegar despenteada ao pé das tuas amigas?!
- Vamos sem capota até ao Caramulo?!
- E estás com sorte que não é Vale do Lobo!
- Alternativas?!
- Podemos ir de moto!
- Esquece! Vamos no bólide olhudo descapotável... – o tom foi irónico em relação aos faróis escamoteáveism que segundo Catarina, tornam impossível fazer manobras quando estão levantados.
- Mas não te estiques na bagagem... a mala é pequena!
- Ainda por cima...
- E eu tenho de levar muita roupa! Ehehhe!
- Bem... importante é marcares os treinos depressa. De hoje a oito temos de sair a meio da tarde para o Caramulo. Vais ter o primeiro jogo às 19h00 de sexta-feira.
- Tranquila! Vai correr bem... E hoje, que fazemos?! Muito ocupada?!
- Não... livre...
- Gostava de ver um filme...
- E que filme?!
- Surpresa...
- Assim é complicado...
- Não digas que não confias em mim para escolher um filme, e confias para dormir contigo?!
- Fala baixo palerma...
- Eheheh!
- Diz lá que filme é?!
- Um dia de surf!
- Oh!
- In To The Wild.
- Que filme é esse?!
- Vais gostar!

Com um sorriso de desespero, Catarina puxou Lourenço da cadeira, movimento que este aproveitou para a abraçar sob o pretexto de cair.

Entre sorrisos e pequenas sapatadas de Catarina lá foram até ao Centro Comercial Cidade do Porto, visto lá ser o único sítio onde o filme era exibido. Jantaram rapidamente. O filme foi impressionantemente comovente... de facto, o mundo está cheio de herois que nascem e morrem anónimos, enquanto o mundo idolatra aqueles que fazem sempre a mesma coisa... ou o que se espera deles.

No caminho até ao carro de Catarina, ainda embalados pelo filme e pela soberba banda sonora composta por Eddie Vedder dos Pearl Jam, ambos divagavam sobre a vida, o mundo e o que os outros esperam de nós. Catarina era uma pessoa muito interessante na forma como entendia a nossa “missão” no mundo. Daquelas pessoas que são difíceis de conhecer, mas que quando conseguimos quebrar o vidro de protecção, são capazes de nos brindar com um ser muito mais completo do que se imagina num primeiro contacto. E se Lourenço já a achava muito interessante, mais envolvido ficava dia após dia.

Durante o fim-de-semana não se viram... e durante a semana, Lourenço telefonava para por Catarina ao corrente dos treinos. Lourenço falava das evoluções e Catarina avisava-o dos cuidados que deveria ter com o relaxamento e extiramento muscular. Catarina parecia agora especialmente saudosa, e até num dos telefonemas, relembrou um beijo que Lourenço lhe dera na mão, em pretexto de brincadeira... Lourenço reconheceu que também sentia saudades da companhia de Catarina, e que havia se sentido muito bem por ter a mão de Catarina entre as suas durante o filme. Nesse momento, Catarina “travou” a fundo novamente e desculpa-se com o precisar de desligar... Enfim, é preciso ter cá uma paciência, pensou Lourenço... Quem espera, desespera e é bem verdade!

Finalmente sexta-feira, 15 horas, Lourenço chega à porta de casa de Catarina. O tempo primaveril convida mesmo a um passeio de capota aberta. Lourenço não conseguia esconder alguma ansiedade sobre as próximas horas. Catarina trazia um sorriso de quem vai de férias. Bagagem esmagada para caber na curta mala do automóvel, portas fechadas, cintos de segurança, música, 1,2,3, partida!
O som grave do motor servia de fundo aos Divine Comedy, que embalaram a viagem, especialmente, depois de sair da A1 e entrar no IP5. Até ao Caramulo, o cheiro a férias estava presente e toda a boa disposição estava patente naqueles dois. O sindroma de aventura e de total desconhecido que pairava sobre aquele fim-de-semana e estimulava um ambiente de boa disposição, ajudado pelo encanto da paisagem, cada vez maior, à medida que o destino se aproximava.

Chegados ao Hotel do Caramulo e estacionado o carro no parque do hotel, o silêncio abateu-se sobre os dois aventureiros...

- Como é que se abre a mala?
- Deixa estar que eu levo o teu saco.
- Não. Abre que eu levo. Não precisas de ir carregado...
- Não custa nada... além do mais tens de ser tu a tratar do check-up.
- Check-up?! Hihihihi!
- Check-in!
- Ok, vou tratando… ihihihihi!

Já no hall do hotel, Lourenço entra com os sacos e encontra Catarina com as chaves e uns papeis na mão, acompanhada por duas amigas.

- Olá!
- Lourenço, estas são as minhas colegas, Joana e Mariana.
- Olá! – cumprimentou a Joana com um sorriso simpático.
- Tudo bem?! – sorriu a Mariana.
- Vocês deviam ter chegado mais cedo... o João e o Gonçalo já estão a aquecer para a eliminatória às 19h00... – comentava a Joana, mostrando alguma pena por não termos chegado tão cedo quanto eles.
- Pois... talvez! Como vim sozinho, não pensei nisso... aqueço a bater umas bolas contra a parede uma meia hora antes... deve chegar!
- Sozinho, não... Vieste comigo!
- Ehehe! Sim, mas não conheço nenhum dos adverdários para aquecer antes do jogo.
- Nesse caso, vamos ao quarto para te equipares e descemos já.
- Sim, porque também tens de estar connosco às 19h00 no SPA, Catarina – dizia Mariana.

Já no elevador, Lourenço comentava que as colegas da Catarina eram muito simpáticas, ao que esta reagiu com um soco na barriga de Lourenço em jeito de aviso: não sejas demasiado simpático com elas... e ambos se riram!

Chegados ao quarto, Catarina entrou primeiro e incrédula:
- ...não acredito! Calhou-nos uma cama de casal!
- Ahahaha!
- De que te ris, palerma?!
- Hihihihi! Eu não durmo no chão! Ahahah! Nem na banheira! Ahahaha!
- Raios... vou ter de ir à recepção pedir outro quarto...
- Ahahahahahahaha!
- De que é que te estás a rir?
- Ehehehehe! E que desculpa vais dar para querer outro quarto?! Ehehehhehehe! Que não queres dormir com o teu namorado?! Ahahahahahah!
- Que engraçadinho...
- Ahahahahahaha! Não aguento mais... ahahahahahah!
- É mesmo um anormal! Hihihi! Fica aí a rir-te que eu vou à recepção... não preciso dizer nada... apenas que quero outro quarto!
- Ahahahaha! Ok! Ahahahah! Eu vou-me equipando! Hihihihii...

Passados alguns minutos, Catarina regressa com vontade de se rir...

- Então?! Trocamos de quarto ou não?! Eheheh!
- Palerma... praga tua!
- Eheheh! Não há mais quartos?! Eheh!
- Não sei... A Mariana e a Joana estão na recepção e não posso falar com o empregado à frente delas, não é?!
- Eheheheheheheh!
- És mesmo palerma...
- Ahahahaha!
- Estou com uma vontade de te bater... hihi!

Enquanto Lourenço ria descontroladamente e agarrado á barriga, Catarina saltou para cima dele, dando-lhe pequenos socos e fazendo-lhe cócegas, até Lourenço cair da cama abaixo.

- Ai!... hihihihihi! Já vou começar o torneio lesionado... hihihihii!
- Agora é que estamos bem! – respirava, aliviada, com a cama toda para ela.

Entre pequenas gargalhadas descontroladas, Lourenço subiu para cima da cama de novo e deitou-se ao lado de Catarina.

- Vês, mesmo atravessada na cama, cabemos bem aqui os dois... não há stress... vamos dormir bem os dois!
- Eheh! Isto complica-se a todo o momento...
- Porque?
- Esquece! Obrigado por teres vindo... dá-me um abraço!
- Dou-te todos os que tu quiseres! Eu é que agradeço o convite... – e agarrou Catarina dando-lhe um abraço enorme e puxando-a para cima de si.
- Nunca te tinha abraçado... és muito maior do que eu imaginava... pareces tão elegante, mas quase não te consigo abraçar...
- Vês... é só coisas boas!
- Por acaso até é! Gosto do teu abraço... e de me deitar em cima do teu peito...
- Também gosto de te abraçar...
- ...bem, vamo-nos deixar de brincadeiras. Já estás equipado e temos de descer! – e com isto levantou-se repentinamente, ao que Lourenço respondeu puxando-lhe um braço, o que a fez aterrar novamente na cama de barriga para cima. Lourenço rebolou por cima dela entre um abraço e um beijinho na testa.
- Vamos lá! – Lourenço já estava de pé, enquanto Catarina ainda estava meia abananada com aquele movimento tão rápido...

Desceram no elevador e atravessaram a recepção em direcção aos campos de ténis. Foram interceptados pelas colegas de Catarina, que os acompanharam:

- Vocês os dois vêm com um sorriso... – comentava Mariana com um ar malicioso!
- E só fomos 10 minutos ao quarto! – respondeu Lourenço.
- Lourenço! – respondeu Catarina corada e com as habituais sapatadas nas costas de Lourenço, perante as gargalhadas escancaradas das outras duas.
- Onde é o guichet de inscrições? Tenho que ver com quem jogo e conhecer as pessoas.
- É mesmo ali perto do court. – respondeu prestavelmente Mariana. – Vais jogar com o Gonçalo.
- Com esse sorriso, depreendo que o Gonçalo é o teu namorado?
- É! Começamos o torneio logo em família!
- Sim! E ainda bem... independentemente do resultado de hoje, podemos sempre recuperar amanhã e estar presentes nas meia-finais, no Domingo de manhã. Hoje é só para ordenar o quadro.
- Aí sim... pensava que podiam ficar eliminados já hoje...
- Um derrota ainda dá... duas, difícil. Mesmo assim, há que ter cuidado com os parciais...
- O João diz que não chega a Domingo... nunca jogou grande coisa, mas gosta de participar. – comentava Joana.
- Não quer dizer nada... às vezes quem joga menos, tem mais calma... e consegue ser mais regular. E isso, faz uma grande diferença no ténis...

Chegados ao court, o jogo de Lourenço e Gonçalo era mesmo o 1.º do torneio. Jogo de abertura! Uau! Conhecendo os dois adversários, percebia-se que Gonçalo tinha um ar um tanto de galo emproado. Já João, bem mais humilde e afável. Lourenço comentava com Catarina, que por vezes, a tensão pré-competitiva deixava as pessoas um tanto mais tensas e antipáticas... mas que depois, ao jantar, iríamos ter oportunidade de conhecer melhor todos. Catarina dizia que tinha tudo a ver com a Mariana... que era também um tanto intratável... com a mania que é boa!

- ...honestamente, Catarina, até agora foi simpática. E lá boa é!

Claro que isto custou-lhe mais uma sapatada e um amuo de Catarina. Estava-se a ver a picardia ali bem patente entre as duas.

Num breefing rápido entre todos os participantes, houve oportunidade de conhecer toda a organização, assim como os vários jogadores, as fisioterapeutas, e as equipas de arbitragem, constituídas pelos quadros da empresa patrocinadora.

Ficaram também apresentadas as regras do torneio. As eliminatórias eram à melhor de 3, as meias-finais e finais à melhor de 5. Portanto, as marcações dos jogos eram espaçadas de uma hora na sexta e sábado, enquanto no Domingo de duas. Horário muito apertado, fazendo-se prever atrasos óbvios. Ficou também esclarecido que o dia de sexta apenas inclui 4 jogadores, visto funcionar como pré-eliminatória para ordenar os novatos no ranking. Lourenço e Gonçalo estavam incluídos, enquanto João não, visto já ter jogado no ano anterior. A equipa de fisioterapeutas poderia assistir aos jogos se assim entendesse; só precisava de estar no SPA com marcações, ou intervenções de recurso.

Lourenço tinha meia hora para aquecer e entrar em campo. Um tanto ansioso, bateu algumas bolas contra a parede, mas quando percebeu que já estava demasiado transpirado parou; fez alguns estiramentos e entrou no court, onde Gonçalo o aguardava.

19h00 em ponto, começa o jogo com Gonçalo a servir. O 1.º set demonstrou um nível interessante por parte de ambos os jogadores, sem grande falhas de ambos. No entanto, Lourenço não conseguia fazer um break a Gonçalo, acabado por perder em tie-break, por 7-5.

O 2.º set foi mais fácil, conseguindo Lourenço vencer por 6-4.

No entanto, um volte de face no jogo, e apesar do 3.º set ter sido absolutamente espectacular, com jogadas de alto recorte técnico de ambos os jogadores, Gonçalo impôs um ritmo mais forte e venceu justamente. Foi mais forte em campo, mais rápido e tal como o seu adversário, praticamente não falhou.

A abertura do torneio não podia ter sido melhor para a organização, que comentava abundantemente “...este ano isto promete!!”. Aliás, durante o jogo, havia-se criado um ambiente de grande emotividade à volta do corte.

Lourenço cumprimentou e aplaudiu o seu adversário. De facto, nada mais podia ter feito. Tinha jogado o seu melhor ténis de sempre; até se tinha surpreendido a ele mesmo... mas não havia sido suficiente! Havia que ter esperança de o dia seguinte correr melhor para conseguir, pelo menos, ir à semi-final de Domingo.

Já fora do court re-encontrou Catarina, que o saudou com um beijinho.

- ...deixa lá. Não fiques triste... jogaste lindamente e surpreendeste todos ao teres aplaudido o Gonçalo durante o jogo.
- Na verdade não estava triste... até me ter lembrado que o Gonçalo é namorado da Mariana e que tu não ias ficar contente com a minha derrota, teu suposto namorado, face ao namorado da tua “amiga”...
- ...oh! Então... se fosse ao contrário, até acredito que a Mariana estivesse amuada a esta hora! Agora eu estou surpreendida contigo... um Senhor em campo! Um gentleman... nem discute com o árbitro nem nada!
- Eheheh! Eu confesso que vejo mal... não posso discutir se é dentro ou fora! Ehehe! Não vejo...
- Hihihi! Anda daí... ofereço-te uma massagem para amanhã estares novo!
- Eia! Disto é que eu gosto! – é claro que estes excessos de animação custavam-lhe sempre uma sapatada carinhosa...

Depois de uma massagem de relaxamento surpreendente, especialmente nas costas e pescoço, Lourenço rejuvenescido foi para o quarto tomar banho. Aproveitou ainda para descançar na varanda do quarto, perante uma paisagem tranquila, enquanto Catarina esperava pelo final do 2.º jogo para poder, também ela, vir ao quarto preparar-se para o jantar.

Quando chegou ao quarto, encontrou já Lourenço pronto no seu habitual ar elegante, atlético e descontraído.

- Como agradecimento da massagem excepcional, fui buscar uma flor para ti!
- Eia! Obrigado!
- E então?! Pronta para o jantar?! Estou a ficar com fome...
- Nem pensar! Preciso de um banho... portanto, o senhor, rua! Vá tomar uma bebidita ao bar enquanto espera por mim!
- Não acredito... expulso do próprio quarto, pela própria namorada, porque ela quer tomar banho! A tradição já não é o que era...
- ... mas já agora... e qual era a tradição?!
- Num primeiro fim-de-semana juntos, a namorada aproveitava todos os momentos que tinha para saltar para cima do namorado...
- Vais ver como a tua raquete salta em direcção à tua cabeça!

Catarina salta por cima da cama de raquete em punho, enquanto Lourenço foge pelo quarto fora à gargalhada.

Já no bar, Catarina surge por trás de Lourenço que conversava com mais dois participantes do torneio e comentavam, que havia um grande gap entre o nível do 1.º e do 2.º jogo das pré-eliminatórias. Tapou-lhe os olhos, ao que ele respondeu:

- Ehehe! Denunciada pelo perfume!
- Bolas...
- Também... quem é que me poderia fazer uma coisa destas... não conheço mais ninguém!

Riram os 4 e Catarina sentou-se ao lado de Lourenço. Continuaram a falar dos jogos e do que havia ocorrido noutros anos. Catarina, com a sua simpatia habitual, imediatamente cativou aqueles dois jogadores, que afirmaram quererem experimentar os seus tratos! Lourenço avisou que era um tanto dolorosos, mas sem dúvida eficazes... E tive direito a mais uma sapatada da praxe! Um daqueles participantes, Augusto, já havia ganho um dos anos e este ano mostrava-se em excelente forma. Queria, sem dúvida, repetir o feito.

Entretanto, outras pessoas foram chegando, até que se levantaram e dirigiram-se à sala de jantar.

- Malandreco! Estás em competição! Que história é essa de beber gin tónico?!
- Eheheh! Eu posso beber alcool... desde que pouco. Até me descontrai... Tu é que não...
- Porque não?!
- Por causa da tua medicação...
- Que medicação?!
- Os teus calmantes.
- Calmantes?!
- Sim! Presumo que a tua calma aparente, por contra-posição à euforia inebriante de há pouco, se deva a algum fármaco, quem sabe oriundo do patrocinador, para te acalmares!
- Hihihihi! Não tens emenda!
- Eu sei que ansiedade de dormires comigo dá cabo de ti!
- Parvo! Pelo menos fala baixo... ihihihi!
- Eheheh!

O jantar foi agradável. Com oportunidade de conhecer mais pessoas, de comentar vários aspectos do hotel e dos jogos. Já no final do jantar, a voz da organização apresentou-se, agradeceu a presença dos participantes e elogiou os primeiros jogos como bastante competitivos. Na altura de saudar os primeiros vencedores, Lourenço levantou-se da mesa e em passos decididos foi ao encontro de Gonçalo, para lhe levantar a mão, ao melhor estilo boxer. Aplausos gerais para todos. A organização desejou a continuação de uma boa estadia e convidou todos os participantes a dirigirem-se ao bar, para café e digestivos, algo que Catarina se apressou a avisar Lourenço:

- Nem penses!
- Não digas que não posso tomar um cafézito?!
- Claro que sim. Mas copos nada!
- Uau! Tenho uma namorada, fisioterapeuta e agora também treinadora, a dormir no meu quarto!
- Não tens emenda mesmo... eheh!
- Vá lá... Descontrai! Estamos aqui para nos divertirmos.
- Sem dúvida!
- Até te quero ver a mandar-me para a cama cedinho!
- Hihihihihi! És mesmo terrível! Mas vou fazê-lo!
- Que bom!
- Mas é para dormires... cedo! Já viste que jogas de manhã?
- Sim, mas só às 11 horas.
- Como convem que durmas no mínimo 8, já não tens muito tempo... contando com a digestão é claro...
- Aceleramos a digestão com um digestivo!
- Batoteiro!
- É só uma forma de ganhar tempo...
- Para que queres ganhar tempo?
- Para ter mais tempo para ti... a dois.
- Ahahah! Quando formos para o quarto é para dormir!
- Nem um bocadinho de conversa?!
- Conversamos cá em baixo!
- Sobre nós os dois... precisamos de alguma privacidade...
- Não sei para quê!
- Sabes, sabes... e muito bem! Não te faças de sonsa!
- Sonsa?! Eheheh! Não sou seguramente!
- Então... assume!
- Assumo o quê?!
- Que também queres conversar comigo com a devida privacidade...

Entretanto são interrompidos por Mariana:

- Então?! Estão a gostar?! – com um tom histérico a condizer.
- Até ao momento de tudo... mesmo de ter perdido com o teu namorado!
- Eheheh! Não acredito... – intervinha Gonçalo entretanto chegado também.
- Pelo menos perdi com alguém com quem podia apreender alguma coisa!
- Bem... na verdade, cometemos pouquíssimos erros...
- Sem dúvida. E se tivesse falhado bastante, estava aqui que ninguém me aturava!
- Não duvido! – acrecentou Catarina. – Do pouco que te conheço...
- Do pouco que te conheço?... – Mariana estava baralhada. Lourenço solta uma gargalhada escancarada, que acabou por salvar a situação, até porque Gonçalo o acompanhou.
- Eh... No que diz respeito a competições, é a primeira vez que acompanho o Lourenço. Normalmente estou a trabalhar ao Sábado.
- ... mas afinal há quanto tempo é que vocês estão juntos? – Mariana continuava sismática.
- 2 meses! – respondeu Lourenço repentinamente - ...faz dia 15! Já lá vão 2 meses! – Catarina estava calada e corada.
- Pois... porque não tinha ouvido falar de ti... ainda! Só hoje! Não sabia que a Catarina tinha namorado. Sabia que já não estavas com o Pedro há algum tempo...
- Também não nos temos encontrado muito...

A conversa continuou casual e depois com outras pessoas a cruzarem-se. Num primeiro instante em que ficaram a sós, olharam um para o outro e desataram à gargalhada os dois. Já tinha passada mais de uma hora, mas aquela gargalhada estava ali encravada...

Perante tal alarido, Joana e João aproximaram-se deles. A Joana comentava com o João, que já era a segunda vez hoje, que os encontrava perdidos de riso:

- Bem, acho que não é do alcool então! Não me parece que tenham vindo a conduzir “animados”!
- Seguramente que não! – Lourenço chorava já de tanto rir.
- E quase não bebo... – perante esta afirmação de Catarina, Lourenço começou a rir ainda mais, contagiando os dois recém-chegados.

Com Joana a relação de Catarina era bem diferente da de Mariana. Não havia chispas nem picardias passadas. Por seu lado, Joana era uma pessoa bem mais simples e honesta. A verdade é que Mariana era um tanto falsa e espalhafatosa. Durante a noite, de facto reconhecia Lourenço, parecia pavonear-se com o seu namorado, exibindo-o a todos os presentes com grandes abraços, e com o ego muito em cima, até pela vitória do namorado. Gonçalo entrava bem naquele jogo; aquela sensação de ser desejado agradáva-lhe. Por seu turno, João era bem mais recatado e até um pouco tímido. Preferia os ambientes mais sossegados e evitava as multidões, muita gente ao mesmo tempo a falar, sem se conseguir ter uma conversa “completa” com ninguém.

Ficaram na conversa os quatro algum tempo, se bem que por vezes, uma ou outra pessoa se juntava a eles.

Era já meia-noite e Joana sugeriu que se fossem deitar. Afinal, João tinha o primeiro jogo às 9h00... E convinha que ganhasse! Espantosamente Catarina disse o mesmo... entre-abrindo a boca, para depois se aperceber que tinha acabado de dar um tiro nos pés! Lourenço só jogava às 11h00, pelo que poderia ter minimizado o tempo no quarto. No entanto, ela também tinha de estar pronta às 9h00, caso houvesse alguma necessidade de tratamento a fazer. Subindo no elevador, Lourenço desejou boa sorte a João e prometeu-lhe assistir ao jogo dele; como também não conhecia os adversários, convinha-lhe saber como jogavam.

Uma vez dentro do quarto, Lourenço já com vontade de rir, perguntou:

- Diga-me, excelência... para onde quer que vá agora até se deitar? Posso sugerir a varanda? Sempre fumo um cigarrito antes de dormir...
- Estás a brincar?!
- Em relação à varanda ou ao cigarro?! Claro que não vou fumar... bem me apeteceu a seguir ao jantar... Mas estamos em estágio! E já bastou o álcool!
- Mas olha que a ideia da varanda até foi boa!
- Muito bem! Chama-me quando estiveres deitada... e não te esqueças de apagar a luz! Não vá eu ver alguma coisa que nunca tenha visto... além do mais, eu sou como os morcegos! Vejo no escuro!
- Só me faltava agora um vampiro! – gritou Catarina da casa-de-banho.
- Aliás, esqueci-me de algo muito importante...
- Preservativos queres ver?!
- Não... mas obrigado por me ilucidares quanto às tuas intenções... ehehe!
- Palerma!
- Bem... até nem mereces o que te vou dizer, dado o último elogio da noite... mas vou-te dizer na mesma...
- Ora diz lá! - A voz de Catarina estava mais próxima; já teria saído da casa-de-banho pensava Lourenço, que continuava a apanhar ar fresco e admirar a paisagem nocturna, com poucas luzes e ao longe.
- Estavas incrivelmente bonita hoje! Ficas mesmo bem com aquele vestido...
- Obrigado! – a voz voltou a soar mais abafada.
- De livre vontade...
- Sempre tão engraçado! Mas também tenho a dizer uma coisa... – a voz estava muito próxima. Lourenço olhou para dentro do quarto e Catarina aproximava-se da varanda. - Também estavas muito elegante! Gostei de te ver e de estar ao teu lado. E reparei como certas pessoas olhavam para ti...
- Quem?
- Não interessa... – Catarina, dentro de uma camisa de noite branca e justa, tinha um ar incrivelmente sensual. – Vai-te lá arranjar para te deitares!
- Uau! É a segunda vez em menos de uma hora que me mandas para a cama!
- E se não te portares bem, mando-te uma segunda vez também para a varanda!
- Eheheh! Terrível!

Lourenço pegou nas suas coisas e foi para a casa de banho. Quando voltou, a luz estava mesmo apagada.

- Estás com medo de me ver nú?!
- Presumo que durmas de pijama... além do mais, era para perceber se vias mesmo no escuro.
- Wrong! Durmo só de boxers... tenho muito calor. – De facto, Lourenço parecia mexer-se muito bem sem luz.
- Não acredito... nem por dormires comigo vestes alguma coisa!
- Porque haveria? Devemos sempre mostrarmo-nos como somos...
- No teu caso, levaste isso à letra...
- Pelo menos tenho os boxers vestidos... se dormisse sozinho, nem isso!
- Inacreditável...
- Posso deitar-me?!
- Sim... bem nessa pontinha...
- Ok! Está bem assim?!
- Lindamente! Agora é preciso que te mantenhas aí até o despertador tocar.
- Não digas que puseste o despertador para as 6 da manhã?
- Porque faria isso?...
- Para poderes estar comigo antes do pequeno-almoço!
- És mesmo um palhaço! E convencido! Ihihihi!
- Não seria nada de anormal entre dois namorados...
- Ai sim?! E o que mais seria normal entre dois namorados?! – Catarina havia-se aproximado de Lourenço.
- Dares-me um beijinho de boa noite e adormeceres agarrada a mim...

E foi exactamente o que Catarina fez. Aproximou-se mais dele, abraçou-o e puxou-o mais para o meio da cama, deu-lhe um beijo profundo na cara, voltou a abraça-lo, aconchegando-se a ele. Adormeceram os dois abraçados, rapida e profundamente.

(continua)

Sérgio

11 agosto 2008

Old and Wise.

Este é um dos meus temas favoritos desde sempre, que ontem recordei após ter passado no blog da Lover.

Longe vai o ano de 1982 e os meus 10 anos, altura em que "Eye in the Sky" aparece lá em casa pelas mãos do meu Pai (só podia) e me dá a conhecer uma banda de quem havia outros registos anteriores (lá em casa), e com um nome inédito: Alan Parsons Project. Desde logo fiquei a saber também, que este senhor e o vocalista principal dos seus trabalhos, tinham uma longa história no mundo da música; nomeadamente, tinham colaborado com os Beatles e os Pink Floyd, entre outros notáveis.

Estas foram as minhas referências na altura! Hoje, o som tão próprio acompanha-me. Especialmente em "Old and Wise" é-me impossível ouvir e seguir a letra, sem aparecer uma lagrimazita no canto do olho... enfim, podia dar-me para pior... mas cada um reage de forma própria a sons, vozes, melodias, ritmos e letras...





"As far as my eyes can see
There are Shadows approaching me
And to those I left behind
I wanted you to Know
You've always shared my deepest thoughts
You follow where I go

And oh when I'm old and wise
Bitter words mean little to me
Autumn Winds will blow right through me
And someday in the mist of time
When they asked me if I knew you
I'd smile and say you were a friend of mine
And the sadness would be Lifted from my eyes
Oh when I'm old and wise

As far as my Eyes can see
There are shadows surrounding me
And to those I leave behind
I want you all to know
You've always Shared my darkest hours
I'll miss you when I go

And oh, when I'm old and wise
Heavy words that tossed and blew me
Like Autumn winds that will blow right through me
And someday in the mist of time
When they ask you if you knew me
Remember that You were a frined of mine
As the final curtain falls before my eyes
Oh when I'm Old and wise

As far as my eyes can see"


Sérgio

09 agosto 2008

Triumvirat - The Deadly Dream of Freedom (Spartacus).

Esta é, provavelmente, a imagem sonora mais forte que guardo da minha infância. Este tema é, provavelmente, o grande responsável pela minha paixão e eloquência pela música desde sempre. Tenho-o perfeitamente presente... devia eu ter 4 anos... o meu pai, na cave lá de casa, depois de jantar, punha diversos vinis a tocar e eu deliciava-me com o que ouvia e observava... com a magia do gira-discos a rodas e dos rótulos colados no centro dos vinis. Fixava as capas dos discos e o nome das bandas. Tudo para mim era magia na altura... hoje é paixão! Na altura, aqueles momentos eram saboreados ao limite, visto que não tardaria aparecer a minha mãe para me ir deitar... Antigamente, as crianças deitavam-se cedo!

Os alemães Triumvirat têm um som jazz rock épico, quente e arrepiante... não, não conseguirão aperceber-se ou senti-lo a ouvir no you tube! É preciso uma aparelhagem a sério! Com amplificador, colunas grandes, gira-discos, e é claro, o vinil! A magia é reforçada neste álbum, Spartacus, cuja capa preta com a fotografia de um hamster dentro de uma lâmpada encanta pela originalidade, num ambiente típicamente anos 70. Aliás, o disco é de 1976!





"In the night, we lie awake
And see the hazy shades of dawn
There's no rest for those who die
The deadly angel greets the morn

I have a dream that we can change it
You need just a glimpse of hope and I
Will be your leader in the fight against Rome
We're united, so you don't stand alone

In the night, you hear the drums
The last and longest fight begins
Your knife is sharp and in your mind
You know this time we got to win

I can see the face of fate is turning
We can throw the ball and chain away
We can make it happen just as long as you believe
Together we stand up for our peace".


Enfim... Como diria a Lover "I was born like this, I had no choice...".

Sérgio

06 agosto 2008

The Lover Speaks - No More I Love Yous...

Quem se lembra do Rock Futurista? Daquela corrente musical pseudo-electrónica, que degenerava num pop comercial, e que surgiu na década de 80 com os Duran Duran, Classic Noveaux, ABC, Spandau Ballet, Talk Talk e tantos outros...

Como sempre, há bandas que aparecem, fazem um single e desaparecem para sempre... No entanto, fazem temas verdadeiramente imortais e alguns de grande qualidade. Um dos exemplos perfeitos recai sobre The Lover Speaks, neste inédito e muito original No More I Love Yous, imortalizado 20 anos depois, por uma bem trabalhada mas bem menos inovadora versão de Annie Lennox.

Aqui fica o original para recordar... sonhar... e sorrir!



Sérgio

05 agosto 2008

Renderfly - Theme 4

Pessoalmente, acho que os jogos olímpicos na China foram a pior ideia do Comité Olimpico nos últimos 10 anos...

Trata-se de uma país que não respeita nem os direitos humanos, nem o planeta, o caso do Tibete... Como é possível dar-lhe tal honra e privilégio?! Selvagens... comem cães!

Só espero é que com aquela poluição toda, nenhum dos atletas seja vítima de doenças respiratórias...

Apesar disso, não quero deixar de prestar a minha homenagem aos atletas Portugueses e desejar-lhes a melhor sorte e sucesso do mundo!

De preferência, ao som da excelente banda sonora escolhida pela televisão portuguesa, também ela Portuguesa!




Força Portugal!

Sérgio

Conversas Soltas III - 1.ª parte.

Como de uma conversa entre dois amigos, durante um café numa esplanada antes de jantar, se dá uma grande salgalhada... ou apenas se resolve algo que já há muito deveriam ter tido a coragem de enfrentar...

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Lourenço: ...foi bem escolhida a esplanada! Está um final de tarde incrível... para Maio!
Catarina: Sem dúvida! É para veres como eu sei escolher bem o dia para o nosso jantar!
- Sim, ao tempo que andas para jantar comigo... em vez da Primavera, estava a ver que ia ser no Outuno... no Dia de São Nunca! Ou seja, o de todos os santos a torcerem para o jantar acontecer! Eheheh!
- hihihi! Parvo!
- Pois... andas a adiar um jantar comigo... e eu é que sou o parvo!
- Ah... convencido...
- Tinha que ter um defeito!
- Um não... vários!
- Claro! Uma desgraça nunca vem só...
- Bem... o que é que isso interessa?! Não estamos aqui?! Não vamos jantar a seguir?!
- ...se entretanto não te arrependeres...
- ...a não ser faças por isso!
- Claro... por alguma razão, a culpa haveria de vir para à minha porta!
- É pá! Que melga! Agora percebo, porque é que estás sem namorada! Levaste com os pés, não foi?!
- Ehehe! Não... desta vez foi uma opção minha... Mas também não podes falar muito...
- Ei! Não tem nada a ver...
- Claro, nunca tem nada a ver...
- Claro que não! O João foi fazer um douturamento para Dallas e optamos por terminar a relação... foi de mútuo acordo. É a melhor opção para os dois... afinal ele não virá cá frequentemente... e eu também não posso ir lá...
- Isso para mim só prova que vocês não eram assim tão um para o outro como me querias fazer ver...
- Oh! Não há relações perfeitas...
- Nota-se! Eheheh!
- Eheheh!
- E dá-te por cheia de sorte! Se assim não fosse não estarias aqui comigo, provavelmente!
- Pois não... mas poderíamos estar aqui os quatro...
- Sim... mas pouco provável... Para te ser sincero, sinto-me bem melhor assim... tem-me feito bem estar sozinho... acho que me saíu um peso de cima... E tu? Como tens andado?
- ah... o pior já passou... já lá vão 3 meses, também! Mas por acaso, agora precisava mesmo de um “namorado”...
- ahahahah! Explica-te, porque não estou a entender... para dares uma queca não precisas de um namorado!
- É sempre a mesma coisa! Porque é que a conversa tem de sempre aterrar na cama?!
- Porque de outra forma, sobe-nos à cabeça!
- Não será ao contrário?!
- Eheheheh! Também tens razão!
- Ahahaha... Mas não, palerma... Se bem que não passe de uma palermice de menina do liceu...
- Entende-se, vindo de ti... ainda não fizeste 30 anos sequer...
- És mesmo estúpido!
- Puxa! É a 3.ª vez que me insultas em 5 minutos! Fiz-te algum mal?
- Fazes! Estás sempre a gozar comigo e a fazer trocadilhos com o que eu digo...
- Olha quem fala! Quem é que brincou ainda agora com aquela história da cama?
- Não interessa! Foste tu que começaste! E tu?! Não sentes falta da tua namorada? Ou só das quecas?
- Não... não sinto... já te disse... por vezes sinto falta da amiga... mas o mau estar que se estava a gerar em matéria de sentimentos ia acabar por destruir a amizade, portanto, assim é melhor para ambos... Quanto às quecas sou auto-suficiente!
- Convencido! Mr. Sex Simbol, queres ver?! Martini Man, olha?! Deves meter-te com todas... porco...
- Precipitada e palerma! Se eu fosse assim, gostavas da minha companhia? Eras minha amiga? Estarias aqui agora?
- Claro que não...
- Então porque é que dizes essas coisas? Não sabes que ofendes? Que magoas? Fiz-te uma confissão, que nunca fiz a ninguém... o que eu disse é que trato de me “acalmar” em vez de vir para a rua armado em predador! Já devias conhecer-me o suficiente para saberes, que além do mais, sou criterioso com as pessoas com quem partilho a minha intimidade... se calhar porque sou também um tanto tímido... Olha, se queres saber, chateaste-me com esse comentário, portanto, vamos mudar de assunto... O que é que estavas a dizer há um bocado?... Precisavas de um namorado?... Capricho colegial?! Que história é essa?!
- Sabes, tenho umas colegas de curso irritantes... desde a altura da faculdade que querem competir comigo em tudo: nas notas, nos amigos, no desporto, nos hobbies... às vezes parecia perseguição! Houve uma altura que até assediavam um ex-namorado meu... Sempre a olharem... Sempre com cochichos... Não sei se era inveja ou só estupidez... Vou estar a trabalhar 3 dias de apoio a um torneio de ténis; elas vão lá estar... com os namorados... inscritos no torneio... e eu vou estar sozinha... Como vez, é uma estupidez! Como se estivesse em inferioridade... tipo, passados estes anos, elas estão mais realizadas do que eu... uma estupidez de miúdas!
- Acho que te entendo... é daquelas coisas que não fazem sentido, nem entendemos o porquê do que estamos a sentir... mas estamos!
- É mais ao menos isso... basta chegar lá, não lhes dar confiança, falar com as pessoas que conheço e aproveitar ao máximo o fim-de-semana. Vai ser no Hotel do Caramulo! Conheces? Depois da obras ficou fantástico!
- Conheço... Joguei lá um torneio de squash... tem SPA e tudo! Vai ser um bom fim-de-semana de certeza!
- Também, tinhas logo de jogar squash! Não podia ser ténis?! Mania de ser elitista!
- Eu jogo aquilo que me apetecer! E ténis também...
- Eu sei que tu jogas tudo... e volei, e andebol, e futebol, e rugby, e praticas até coisas que eu nunca ouvi falar... Há algum desporto que não faças?!
- Eu estou a falar a sério... eu jogo ténis, a sério! Jogo torneios com alguma regularidade...
- ...e onde queres chegar com isso?
- Gostava de jogar esse torneio!
- Não podes! É promovido por uma empresa farmaceutica e a inscrição é por convite... é oferta...
- Fácil! Tu inscreves-me... sugeres o meu nome.
- Como assim?
- Da mesma forma que as tuas amigas inscreveram os namorados delas...
- Estou em estado de choque!
- Deve ser da fome! Vamos jantar e falamos sobre isso ao jantar.
- Falámos sobre o quê?
- Sobre juntar o útil ao agradável! Anda daí...
- Não posso...
- Anda lá! Estou a ficar esfomeado!...

Catarina atordoada com toda aquela trapalhada, entrou no carro de Lourenço, que havia estacionado mais perto. Para trás ficava o Douro que corria veloz e a luz amarelada que ilumina a Ribeira e as pontes do Porto. O cenário de fim de dia havia sido encantandor... Não menos encantandora havia sido a forma como Lourenço lidava com ela naquele dia... Apesar da trapalhada em que a conversa havia descambado, havia ali algo de entusiasmante que a surpreendia.
Lourenço parecia uma pessoa ligeiramente diferente do que Catarina estava habituada... em simultâneo, reconhecia que nunca lhe havia dado grande atenção... Ele agia, falava e comportava-se de forma muito segura... como se estivesse em casa e com tudo à mão... Conhecia-o mal... Quando o conhecera na clínica onde trabalha e onde Lourenço recorreu para tratamento de uma ruptura muscular, ela tinha sido a fisioterapeuta que lhe calhara... De facto, Lourenço era admirado por todas as colegas e clientes; era bonito, educado e elegante, tinha um sentido de humor seco, mas muito oportuno, e por inúmeras vezes pôs toda a clínica à gargalhada com os comentários mais simples, mantendo sempre o seu ar sério. Era sem dúvida um gentleman... já se tinha apercebido disso quando havia saído com ele por duas vezes para tomar café. Até a forma como conduzia e o carro que conduzia, só podia ser dele... já para não falar no ar rebelde que impunha quando aparecia de moto. Era um homem imponente, uma presença marcante... daquelas pessoas a quem ninguém fica indiferente... para o bem ou para o mal. Infelizmente, nessa altura, Lourenço nutria um “carinho” especial por ela, que crescia de dia para dia. Catarina, ainda amargurada por uma relação mal terminada, não conseguiu lidar com aquela curiosidade crescente de Lourenço em conhece-la mais e melhor... E optou por se afastar, deixar de retribuir as chamadas ou responder aos sms... Algo que não se orgulhava, mas na altura, não conseguia lidar com a situação de outra forma, ou enfrentar Lourenço... Quando os tratamentos acabaram, deixaram de se ver; em simultâneo, Catarina abandonou o ginásio onde Lourenço jogava squash, e onde por coincidência, Catarina praticava Savat. Descobriram-no por coincidência, numa altura em que Lourenço explicava que praticava Viet Vo Dao desde miúdo.
Passaram-se 2 anos sem se verem ou falarem. Entretanto, Lourenço reapareceu na clínica, vítima de uma tendinite na mão direita. De início, fazia um esforço grande por ignorar Catarina e falava com ela o mínimo possível... Esforço que não durou muito; preferia passar por cima do seu orgulho a ser indelicado com alguém... Especialmente com Catarina, que definitivamente o atraía... por muito que ele não se quisesse envolver... outra vez... Entre muitos jogos de palavras e brincadeiras, acabou por assumir que Catarina lhe era muito especial e deu o seu melhor para conseguir que se encontrassem fora da clínica; o encontro ao final da tarde seguido de um jantar fora perfeito. Definitivamente, iria poder privar com ela descontraidamente durante algumas horas.
A viagem até Matosinhos foi curta e a conversa meramente casuística. Chegados ao restaurante, esperavam-nos um lugar de estacionamento à porta (sorte de campeão) e uma mesa reservada por Lourenço... com um ramo de girassois, as flores favoritas de Catarina.

- És sempre a mesma coisa!... deixas-me corada e sem saber o que dizer...
- Agradecer não te ficava mal!
- Pois... desculpa... obrigada! Não queria ser rude...
- Mas foste... e se queres saber, não foi a primeira vez...
- Como assim?
- Quando te envio flores nos anos e te telefono a dar-te os parabéns, não te fica mal sorrir enquanto falas comigo ao telefone. Afinal, nunca te pedi, nem peço, nada em troca... apenas gosto de ser gentil e retriuir bons momentos a quem me faz sentir bem!
- Se estou ao telefone, que te interessa o sorriso?
- Noto-o! Mas tudo bem! Não quero falar disso... o que faço ou deixo de fazer é a meu belo prazer! Se fosse ao contrário, ia gostar... e se não gostasse diria-o. Portanto, depreendo que gostas... mas não reconheces!
- Porque é que me fazes isto?...
- Para te fazer sentir bem... feliz... especial... acarinhada... Mas se não gostas... tudo bem... afinal há gostos para tudo...
- Não é isso... é que...
- Não quero nem saber! Quando não quiseres a minha atenção é só dizeres... eu prometo que desapareço. Já o fiz uma vez e faço-o novamente sem hesitar desta vez. Portanto, fala-me é do torneio! Fiquei interessado de repente!
- Lourenço...
- Catarina, agora o assunto é o torneio!
- Já não posso falar do que quero?
- Depende se eu também quero falar... Já te concedi várias vezes esse privilégio; podes conceder-mo uma vez? Obrigado! Vamos ao torneio; inscreves-me?
- Como é que queres que te inscreva? Como meu namorado?
- Foste tu que o disseste...
- Mas não há outra forma de o fazer... É muito restrito! Como vou estar em trabalho, posso inscrever uma pessoa... mas não um amigo! Terias de ficar comigo no quarto... Porque com todos os outros inscritos é assim. É um fim-de-semana “social”; a divulgação dos produtos farmaceuticos daquela marca utiliza muito esta estratégia das pessoas mais próximas...
- E a ti até te dava jeito ter um namorado para aferroar as tuas amigas...
- És tão parvo!
- Foste tu que disseste!
- Que não ia gostar de estar sozinha! É diferente de aferroar alguém! Isso é o que elas me querem fazer a mim...
- Ok! E então?! Sirvo ou não sirvo para fazer de teu namorado?...
- Ihihihi!... Serves... Claro que serves... Até para bem mais do que isso...
- Prometo que me porto à altura!
- À altura de namorado, ou de acompanhante que faz de namorado?
- De acompanhante que ninguém vai perceber que não é namorado, e que vai ganhar o torneio! Podes sossegar que eu porto-me bem.
- Eu sei que tu te portas bem... Sei que posso confiar em ti... Não sei é como é que me estou a meter nisto?...
- Porque eu te estou a pedir para me inscreveres num torneio que eu quero muito jogar. E até vai ser divertido passar por teu namorado! Um privilégio para mim!
- ...mas não exageres com a encenação em público!
- E em privado?!
- Aí... menos mal! Ahahahahah!
- Ahahahahah!
- Sugiro um brinde... para comemorar este momento crucial! Eheheh! E para te agradecer o fim de tarde, as flores e o magnífico restaurante que escolheste!
- A tudo isso e muito mais! Vamos escolher o jantar?!
- Vamos a isso! O que sugeres?...

O jantar decorreu animado entre histórias e partilha de vivências. Por momentos, ambos esqueceram o mundo, a vida do dia-a-dia e dreambularam entre sonhos, histórias de férias e planos para um futuro próximo. Lourenço estava encantado, pois finalmente tinha a oportunidade de conhecer uma pessoa que tanta curiosidade lhe suscitava. À medida que conhecia Catarina, mais encantado e envolvido se sentia.
Já Catarina teve a surpresa da vida dela. Aquele homem era tudo o que ela nunca tinha visto... e admirava... não dava pelo tempo passar... e tudo o que não queria era que a noite acabasse.
Quase sozinhos no restaurante, era altura de aterrar e acordar para a realidade. O momento em que o empregado trouxe a conta fez a ruptura temporal; já há algum tempo que não havia uma “discussão”, na qual Lourenço de forma pragmática pôs termo ao assunto: pagou o jantar, porque tinha sido ele a convidar, desafiando Catarina a convidá-lo para outro jantar... Nessa altura poderia pagar!
De regresso ao carro, optaram por passar por um bar e beber algo... não conseguiam ir dormir de barriga cheia! No caminho Catarina voltou ao assunto do torneio:

-...sabes que tens direito a 3 treinos com a Sofia Prazeres?!
- Eia!
- Amanhã confirmo as datas e ligo-te!
- Eheh! Vamos divertir-nos à grande!
- E dou-te o contacto para marcares os treinos. Mas atenção às expectativas!
- A minha única expectativa são as tuas massagens no final dos jogos!
- Ahahaha! E se te calhar outra massagista? Ou um massagista?
- Fácil! Não aceito... exijo a minha fisioterapeuta pessoal! Eheheh!
- Eheheh! Ok! Por aí temos acordo!

Já no bar, conversaram mais uma hora sobre amigos, sitios onde costumam passar tempo de lazer, música, livros, filmes e sobre os desportos que gostam de praticar. Lourenço era um expert em música. Já cansados, saíram e até ao carro de Catarina, fizeram contas às poucas horas que iriam dormir... afinal, no dia seguinte era dia de trabalho!

(continua)

Sérgio