14 janeiro 2009

Austrália.


É um dos países que mais curiosidade tenho em conhecer e sobre o qual roda em mim uma imagem paradisíaca, mas também cheia de magia e sobrenaturalidade. Os próprios animais tão característicos como o canguru, o koala ou o ornitorrinco, demonstram o misticismo desta região, além de tudo o que ouvimos os nativos arborígenas. Sobre estes há muitas histórias e lendas... dizem que conseguem manipular as forças da natureza, como por exemplo a chuva ou um raio no meio de uma tempestade. Sobre os seus poderes espírituais muito mais se conta... por exemplo, diz-se que conseguem absorver a força de um animal, podendo saltar como um canguru, ou serem fortes como um gorila... É concerteza este contexto tão indefinido quanto misterioso, que levou (talvez pelo medo) a que os neozelandeses lançassem o preconceito sobre estes nativos... Um tanto ao estilo do que a igreja fez na Europa há séculos atrás em relação a outros inimigos que não conseguia vencer.

Austrália é também o nome da recente produção cinematográfica norte-americana. Daquelas que está condenada ao sucesso mesmo antes de estar terminada... e que me cria alguma alergia, fazendo perder qualquer vontade de ir ver o filme... Mas a verdade é que fui... ao fim de alguma insistência, acabei por ir... Não há nada como um bom convite!

Por detrás de uma historinha de amor e de um filme cor-de-rosa está uma mensagem profunda... ao alcance de quem a quiser enfrentar... porque o filme está longe de ser dirigido a mentes eruditas. Posso dizer-vos que adorei! E até deu para encher os olhos de água...

O mais importante na vida são as histórias... histórias do que vivemos e do que sentimos... do que outros viveram e como sentiram esses momentos... e como os contam. Esta é uma das mensagens mais giras do filme, especialmente porque narrada pela ingenuidade infantil de um miúdo arborígena.

Da história cor-de-rosa nada vou escrever... é igual às outras... e faria perder o interesse em que for ver o filme. Prefiro "picar" um tanto mais a curiosidade de quem me lê, com o que vou escrever a seguir. Ainda que de forma resumida... tal como a linguagem arbirígena...

A mensagem que fica é que quando não amamos, quando fugimos dos nossos sentimentos, estamos mortos... vazios... e infelizes! Quando temos medo de amar e de sofrer a falta de outra pessoa, em vez de acreditar na magia dos sonhos e na nossa capacidade de os fazer acontecer, não seremos felizes, nem nunca viveremos plenamente. Sem o misticismo dos sentimentos a vida não tem côr nem sentido. No fundo, é atrás dos nossos medos que se esconde a nossa maior felicidade. E quando tudo parece perdido, basta continuar a acreditar para que a vida, por si só, nos traga a solução... e que neste filme surge através da música, a mais misteriosa de todas as artes (e a mais completa para mim). Basta para tal não travarmos o que naturalmente nos sucede: o sucesso dos nossos sonhos sobre o presságio dos nossos medos e receios.

No fundo, passamos a vida a contrariar a natureza e a nossa felicidade... mas se vivermos em sintonia com esta, poderemos beneficiar do que conspira em nosso favor. E é tão simples... Basta conseguirmos controlar o nosso cérebro que nos leva constantemente para o martírio de "supostos" erros no passado, ou para o planeamento e controlo absoluto de cada passo no futuro... deixando de viver e saborear o momento... o presente... a única coisa que realmente é real. Começa por ser um preconceito classificar certos actos como erros... sem estes não evoluiríamos; não saberíamos o que aconteceria se actuassemos de forma diferente... ou não actuassemos! O futuro deve ser construído a partir das vivências do presente e não abdicando destas, contrariando o leque de sentimentos, habituando-nos a viver sem sentir o que o presente nos oferece, em prol de um suposto "planeamento" que vai contra o que mais natural seria: tirar partido das vivências presentes, em vez de tentar construir um futuro baseado apenas em pensamentos, preconceitos e ideias pré-concebidas.

Para viver feliz, em sintonia com a natureza e beneficiando da sua perfeição, é mesmo necessário fazermos a nossa "viagem ritual"... arriscar... enfrentar o desconhecido... sem ter nem saber quer armas vamos ter e que desafios vamos enfrentar.

Sérgio

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, engraçado...estou a ler um livro que me está a "levar" para caminhos que desconhecia e que, por uma ou outra vez, até critiquei. O que é certo é que estou quase a iniciar essa "viagem" de que falas...sem medos, sem bagagem, só eu mesma.
Acho que ias gostar...e eu afinal vou repensar a minha ida ao "Austrália" :)